terça-feira, 27 de maio de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Dizendice do Amoranço e Odieira
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Nossa dormideira é doce minha e doce,
Deveras assolapada nesta caídeza por ti,
Esta abestalhada sintura ainda que fosse,
Fosse ela por ti e é em vistança do que vi,
Sentidão afundada em fanicos dados de si,
O amoranço sem tino que em mim pôs-se,
E põe-se na gozadura que nasce e que ri!...
Derreto-me aburricado e me alambuzo,
Pensadote na beijocada de tua linguaroca,
Meu cobrão cata-se em olhos na tua toca,
Enterradão no calo da manápula em abuso,
E amaluco-me pensadoiro na tua mamoca,
Alongo a língua ao melado dessa tua beijoca
E eu madoido em amoranço e desaparafuso!...
Arremeteste-me toda nua para esta
doideira,
Abriste-me com tuas pernonas
escancaradas,
Arrebentou no meu tesudão uma comicheira,
Abusadonas as tuas mamalhonas descaradas,
Foram-se lentas e doidas e nunca apalpadas!...
Acoitado que estava nas belgas da cumeeira,
Contava os caibros e vaginolas às
punhetadas,
E buliam as manhosas nalgas estremunhadas,
Que á noiteca das tardes já cheia de
canseira,
É ordenança obrigadona de ordens
altivadas,
E ai se não fossem amoranço, eram odieiras!...
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domingo, 18 de maio de 2014
Alumbramento dos Perfeitos
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Não negava ao olhar a vontade de se
eximir,
Nos olhos estão as histórias que não se
contam,
Outras histórias escondidas no olhar que
quer fugir,
Não negavam o silêncio das histórias
ficadas por ouvir,
Como olhos apagados que histórias de
silêncio despontam;
Por cada silêncio, silêncios de outras
histórias se aprontam,
E no vértice da pirâmide, um rádio não se
cansa de difundir,
Paliam-se secretismos iluminados que não
se confrontam,
Sobre a escravatura das pedras, o peso
faz-se repetir,
Esmaga-se a voz sob o silêncio que poucos apontam!...
Não negava o sonho ao vértice dominante,
Nem o pesadelo à esperança em futuros
impossíveis,
Os olhares deverão ser hipnose de silêncios
consumíveis,
O capitalismo obeso carrega o cume da
pirâmide sufocante,
E, não obstante,
É leve a palavra livre escondida no olho
do horizonte,
Longe do peso carregado pela oferta dos
vícios aprazíveis,
E de outros vícios dados à felicidade da
ignorância a monte,
E outras influências aos viciados mais
suscetíveis…
Ácidos hipnóticos e a sucralose são
irresistíveis,
Para lá da história dos olhos brota a
fonte,
Nos rios dançam peixes invisíveis
Corre a água debaixo da ponte!...
Ainda por cima, e apesar de tudo,
Por cima das pontes e do controlado desalento,
Por cima das pontes e do controlado desalento,
O olho global move-se atento, num olhar
de veludo,
Cega o resto da pirâmide que tem como
escudo,
É quase perfeito o poder do alumbramento!...
Não negava o silêncio no olhar,
Nem a nova ordem do encantamento,
Assassina da velha ordem de o libertar!....
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terça-feira, 13 de maio de 2014
Convalescença
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Meio combalido,
Apanho uma estrela cadente,
Adormeço sobre meu ânimo caído,
E solevando-me até ao meu sonho diluído,
Sorrio à melancolia que se dilui
suavemente;
É mágica a despedida da luz no sonho
poente,
Encontra-se o sonho com o sorriso
perdido,
E despede-se da noite que se faz ausente!...
Ainda combalido,
Ofereço a estrela aos olhos meus,
Nasce o sol no meu olhar agradecido,
Abro minha mão e liberto um adeus!...
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sexta-feira, 9 de maio de 2014
A.50
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Há sempre uma pequena aldeia,
Um pequeno espaço entre o tempo e o
tempo,
Há sempre o tempo que permanece jovem na
ideia,
E o outro tempo!...
O momento,
E a juventude que serpenteia,
Um pouco de sinuosa odisseia,
E por mais que se tente,
Faz-se o caminho em frente,
Como se fez o fazer do continuar,
O que fica e continua a ficar,
Folhas que caem suavemente,
Fazendo-se dimensão sem o pensar,
No longo limiar do caminho!...
Curtos os passos de um rapazinho,
Fraquinho e obra de um milagre qualquer,
O que se quiser e Deus que nos queira com
seu carinho,
Só um bocadinho da sorte do merecer o amor
que se quer,
E Merecer o que puder para ter Deus como
vizinho!...
Há uma ideia muito vaga do leite,
As ovelhas sem pasto continuam a vaguear,
As ovelhas sem pasto continuam a vaguear,
E às cabras sempre fora dado o privilégio
de pastar
Tão forte foi a crendice milagrosas nas
cruzes de azeite,
E a barriga benzida que sempre voltava a
inchar;
Benditas cabras e seu leite para me
alimentar…
Há uma certa nostalgia na cor dos velhos
pastos,
Nos campos brancos a desvanecerem-se na
mansidão,
E no silêncio da saudade daqueles tempos meio
gastos,
Como… suaves espelhos transparentes e
vastos,
Onde me perco numa imagem de imensidão,
E busco perder-me nessa nova dimensão,
Até reflectir-me e acabar de rastos…
Voltar a beber aquele leite de cabra, eu pudera,
Voltar a beber aquele leite de cabra, eu pudera,
Carregar aquelas cruzes de azeite, quem
me dera,
E sentir desinchar os anos modernos do
remédio para tudo!...
Sinto a culpa do tempo neste olhar barrigudo,
Sinto a culpa do tempo neste olhar barrigudo,
Fosse o que fosse que o tempo quisera,
Os caminhos forrados de veludo,
Tapetes floridos de Primavera,
Com parte disso e, contudo,
Já não é isso que era!...
Aquela coragem de minha Mãe Valentina,
A aldeia e a gente de quem nunca me despedi,
O adeus adiado à escola, princípio do que aprendi,
Como aprender depressa e fazer a quarta na terceira,
E o fim das viagens com a essa professora verdadeira,
Tão verdadeira quanto suas belíssimas pernas que vi!...
Pai!...
Meu Pai e sua morte,
Meu Pai e sua morte,
A ironia do azar e da sorte,
A partida à pressa de quem não vai,
De quem acaba por ir e da aldeia não sai,
O ter que ser da mudança e a resignação forte,
O destino infalível de quem se levanta quando cai!...
A chegada ao Bairro da Ponte,
As águas do rio e a água da fonte,
A própria fonte e um imediato apego,
Fronteiras do tempo e só depois Lamego,
A proximidade do longínquo horizonte,
O limite da aldeia e do seu sossego,
A descida pela subida do monte…
Como o tempo indiferente,
A indiferença das horas e dos dias,
A escalada involuntária até à nascente,
Por entre dedos, o escoar das águas evidente,
Sonolentas águas mornas e o arrepio de águas frias,
E a dúvida se aquela água não serei eu!...
Escoado em queda livre com os amigos,
Escoado em queda livre com os amigos,
Sem pensar naquilo que nos aconteceu,
Enquanto caímos entre velhos castigos,
A dádiva do tempo que Deus nos deu!...
Debaixo da ponte a água continua a
correr,
Talvez as pedras saibam do aniversário
dos caudais,
A força que nos leva barquitos de papel
cheios de prazer;
Corremos para ambos os lados da ponte que
nos viu crescer,
E apostamos na rapidez do nosso barquito
do qual gostamos mais,
A montante corre forte a água que debaixo
da ponte se vai esconder,
Esconde o barquito de papel que por
momentos não podemos ver,
Voltamos
ao outro lado da ponte e não vislumbramos um cais!...
E lá vão eles, cada um carregado com os
nossos anos,
Rio abaixo, saudado por bogas, trutas e
bordais,
Deixando a saudade que cada vez pesa
mais,
No
coração destes barquitos humanos!...
Olhamo-nos e ainda nos custa acreditar,
Sentimos tão perto as picardias de nossa
inocência,
O tempo ensinou-nos a conviver com os
anos de paciência,
E com os amigos que a distância entre
margens fez separar;
Como distante era o juízo do nosso
inexperiente olhar,
Sob os que marchavam numa fúnebre
agência,
Aqueles velhos quarentões,
Muito velhos sem ilusões…
Somos tão Homens,
Cinquentões,
E somos tão Jovens!!!...
Outras margens se encontraram,
Sabia das águas felizes no fim do
inverno,
E da felicidade que os rios da vida
trouxeram,
Há sempre uma Mulher a verter um sorriso materno,
E o apelo da outra corrente que a margens
de amor fizeram,
Mulher, essa margem e rio que as águas do
destino quiseram,
Margens encontradas no prazer de um bendito
inferno,
E
os filhos, esses barquitos que homens se fizeram,
Com as folhas que navegam no meu caderno!..
Hoje… entrego-me a uma certa nostalgia,
Os espelhos estão cada vez mais transparentes,
Vejo-me na imagem de todas as imagens aparentes,
E no reflexo concebível de uma espelhada Poesia,
Que me faz igual a tantos 50 anos diferentes!...
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quinta-feira, 1 de maio de 2014
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Ditadura dos Cravos
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Aquela imagem teimosa,
A criança de rosto empoeirado,
Mãos que sacodem terra do pão,
O sacudir antigo da fome receosa,
Aquele olhar envergonhado,
E a palidez da razão!...
Uma lágrima caída no chão,
Outra que se esconde, medrosa,
O ranho sujo pela fome provado,
O insulso
sabor da resignação,
E a palidez silenciosa!...
O prato cheio de fé religiosa,
Na ponta da língua o pai-nosso rezado,
Todas as rezas e o acto de contrição,
O sonhar com a fartura perigosa,
E a palidez do fado!...
O desespero amordaçado,
A mordaça com cores da nação,
O grito pobre de uma criança ranhosa,
Moldura à imagem de um Povo amarrado!...
Chegaram os cravos da revolução,
Logo a seguir ergueu-se o punho cerrado,
Abriu-se a mão que se transformou numa
rosa,
Setas apontavam um céu azul e o ouro da
fartura,
Atrás das costas ficou o mal que nem
sempre dura,
E o peso dos sonhos prometidos,
Dos soníferos cumpridos,
E o fim dos pesadelos da ditadura;
Cravos e mais cravos, por cravos
protegidos,
Rosas e mais rosas entre cravos floridos,
O florescer livre da arte e da cultura,
O princípio de uma aventura,
E os manifestos permitidos…
O futuro…
O futuro…
A velocidade e o muro,
O fim que o cravo não previu,
E seu esborrachar prematuro!...
Esta imagem que teima,
De crianças sem pais nem abrigo,
A fome da democracia que queima,
Cravos que a ditadura trouxe consigo!...
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terça-feira, 22 de abril de 2014
Os Cravos das Duas Mil Páscoas
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Escondes num bolso três cravos
clandestinos,
No outro escorre o sangue da mão
escondida,
Carregas a cruz tatuada de múltiplos
destinos,
Dói-te a luz da alma nas trevas da carne
ferida,
Rezas para que a Liberdade te seja
concedida,
Vês Deuses na consciência dos fios mais
finos,
Caminhas, sem caminho, entre os
peregrinos,
Procuras-te
nos caminhos de tua Fé perdida!...
Escondes-te dos cravos que restaram,
És a dor dos inocentes sem sofrimento,
Falta-te a verdade e o arrependimento,
Beijas
os traidores e os que O mataram,
Ao
lavar as mãos dos que O entregaram,
Ressuscitas a morte e o consentimento!...
Não
tens a consciência da bondade, pois não?!...
E da Verdade crucificada?!...
Rezas por uma chuva de dinheiro que
compre o perdão,
Nada melhor do que uma consciência
comprada,
Com algum dinheiro lavada,
E só Deus sabe dos Pilatos que por aí
vão,
Muitos deles, sacros devotos à oração,
Temendo a hora da verdade ressuscitada,
Que crucifique o poder escondido atrás da razão!...
Depois de tantas vezes O matarem,
E outras tantas vezes o intento
fracassar,
Pediram muito dinheiro para o ressuscitarem,
Amando mais o dinheiro em vez de O
amarem,
Pensaram em desistir da tentativa de O matar,
Mas os cravos continuam sem enferrujar,
Como se, bem vivos por Ele, sangrassem,
E sem explicação continuam a sangrar!...
E sem explicação continuam a sangrar!...
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terça-feira, 15 de abril de 2014
Cravos à Força (Abril Nunca Mais)
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Carregaram-os em ombros, aos cravos
triunfantes,
Regressaram os cravos pródigos educados no
exílio,
Voaram em eufórica Liberdade, como nunca dantes,
Asas e cravos encontraram-se com filhos
estudantes,
O povo soltou-se dos braços da pátria em
seu auxílio,
Um poeta desertor prestou-se ao seu clamado idílio,
Ficou marcado esse Abril com seus cravos brilhantes!...
Filhos de cravos, mais filhos do que
filhos vulgares
Foram exilados em colégios nobres só para
eleitos,
Aos ranhosos fora dada a liberdade e seus
efeitos,
Cantar o hino sem obrigação é coisa de
outros ares;
Disse o velho coberto de tempo ao falar de
direitos:
-O
sabor da tua colheita saberá ao que semeares!...
Com um punhado de terra negou meses
perfeitos,
Das suas mãos caiu terra fértil
e fartura dos mares!...
Jovens cravos transformaram-se em
professores,
Sartre alastrava-se e depressa cus se
mostraram,
Quando virados para um governante de
doutores,
Os cus universitário provocam intelectuais rumores;
Libertou-se a literatura e as liberdades se
revelaram,
Beauvoir, libertada de sua timidez,
Alertou para futuros estados de estupidez,
Fosse qual fosse o país que socialistas
tomaram,
Ou a ser tomados por capitalistas
devoradores!...
O ensino programado é um estado de pequenez,
Tão fácil programar docentes no simulacro das cores,
Acreditaram nos intelectuais, seus excelsos
superiores,
Esses mestres incontestáveis que para
emigrar pagaram,
-Ou, se sem medo, digamos,
Com língua de palmo, o pagamos!...
-Ou, se sem medo, digamos,
Com língua de palmo, o pagamos!...
Aprenderam tudo que de errado até hoje
ensinaram,
E, por cá, dos intestinos apodrecidos de
sua altivez,
Filhos desiguais dos altivos filhos que
Abril fez,
Já não se revêm nos traidores que lutaram,
Com cravos, agora, cobertos de palidez!...
Faz-te ao mar pequeno barco servil,
Não percas de vista os beijos no cais,
Regressa ao teu país depois de Abril,
Cravos
de Abril, é que nunca mais!...
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segunda-feira, 14 de abril de 2014
Cravos à Força
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À força…
Fizeram de ti, terra sem identidade,
Impôs-se o impulso casual e urgente,
Tinhas de ser cravo para a posteridade,
Sem que pedisses para o ser,
Viram em ti proibidos desejos e toda a
Liberdade,
Foste Esperança à força nas mãos de tanta gente,
Vergaram tuas hastes numa fartura
aparente,
Para criar mais raízes fortes de
fertilidade,
Fértil, fértil, foi a ilusão da semente,
Foste renovo para esquecer,
E antes que o pudesses perceber,
Passaste a ser cravo de orgulho ausente!..
No lugar de cravos floridos de orgulho viçoso,
Movem-se gritos tontos a caminho da fome,
Tontos militares cheiram o seu cravo
famoso,
Um cheiro de vergonha liberta-se,
silencioso,
Os
cravos sem culpa são do Povo sem nome!...
Já não somos Portugal,
Já não somos Portugal,
Não sabemos que terra defender,
Sentimos este traidor desapego nacional,
Elegemos quem nos comeu, come e continua a comer!...
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