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quarta-feira, 24 de abril de 2019

Direito à Vilanagem

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Vão é o direito de votar,
No vão vive o povo anulado,
Vão foi o cego desejo popular,
    Em vão foi o direito conquistado!...

Um só ditador de uma ditadura,
Leis veladas de vários ditadores,
Reage um povo com brandura,
     Ao potentado dos senhores!...

Por cultos, no lado de fora do curral,
O direito de induzir ao culto, o gado,
É a muito culta vilanagem, em geral,
Que celebra o direito, do outro lado;

É vã cultura do vão povo enfartado,
Que olha a vã liberdade na diagonal,
Do seu vão futuro pouco importado,
     Farta vilanagem de vão olhar frontal!...

É o fartar da vilanagem,
Vilanagem que nunca se farta,
Do direito à sua egoísta vantagem,
     Sobre o povo, a quem raios o parta!...
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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A Nobreza das Mãos e das Línguas (ou dos cus)

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De sujar suas ávidas mãos,
Há quem de muito nunca se farte,
Gente muito fina de escrúpulos vãos;

Há em cada mão cinco ímpares irmãos,
Por quem, muita porcaria, a mão reparte,
Limpam o belo cu aos ricos, estes cortesãos,
    Para quem lamber ricos cus é uma arte!...

Gente fina de muita fineza,
Capazes da excepcional proeza,
Limpam magras carteira aos pobres,
Sem nunca deixarem de ser nobres,
Na arte de semear a pobreza!...

Que ninguém os roube,
Que ninguém ouse enganá-los;
Houve quem enganá-los não soube,
Alguém que soube como acusá-los,
A justiça, de tanto em si não coube,
    Lambeu-os e mandou libertá-los!...

Há línguas que me levam ao vómito,
Há lábios lambuzados com tanta graxa,
 Que há sempre aquele merdeiro que acha,
Ser o exemplo do puro-sangue indómito,
    E, apesar de ser merda, limpo se acha!...

Se para cada empregado, há um certo patrão,
Quem de vocês não conhece rastejantes assim?...
As línguas folgadas na trampa respondem que não,

   Os que trabalham por todos eles, dizem que sim!...
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terça-feira, 15 de abril de 2014

Cravos à Força (Abril Nunca Mais)


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Carregaram-os em ombros, aos cravos triunfantes,
Regressaram os cravos pródigos educados no exílio,
Voaram em eufórica Liberdade, como nunca dantes,
Asas e cravos encontraram-se com filhos estudantes,
O povo soltou-se dos braços da pátria em seu auxílio,
Um poeta desertor prestou-se ao seu clamado idílio,
     Ficou marcado esse Abril com seus cravos brilhantes!...

Filhos de cravos, mais filhos do que filhos vulgares
Foram exilados em colégios nobres só para eleitos,
Aos ranhosos fora dada a liberdade e seus efeitos,
Cantar o hino sem obrigação é coisa de outros ares;
 Disse o velho coberto de tempo ao falar de direitos:
 -O sabor da tua colheita saberá ao que semeares!...
Com um punhado de terra negou meses perfeitos,
      Das suas mãos caiu terra fértil e fartura dos mares!...

Jovens cravos transformaram-se em professores,
Sartre alastrava-se e depressa cus se mostraram,
Quando virados para um governante de doutores,
Os cus universitário provocam intelectuais rumores;
Libertou-se a literatura e as liberdades se revelaram,
Beauvoir, libertada de sua timidez,
Alertou para futuros estados de estupidez,
Fosse qual fosse o país que socialistas tomaram,
Ou a ser tomados por capitalistas devoradores!...
O ensino programado é um estado de pequenez,
Tão fácil programar docentes no simulacro das cores,
Acreditaram nos intelectuais, seus excelsos superiores,
Esses mestres incontestáveis que para emigrar pagaram,
-Ou, se sem medo, digamos,
Com língua de palmo, o pagamos!...
Aprenderam tudo que de errado até hoje ensinaram,
E, por cá, dos intestinos apodrecidos de sua altivez,
Filhos desiguais dos altivos filhos que Abril fez,
Já não se revêm nos traidores que lutaram,
    Com cravos, agora, cobertos de palidez!...

Faz-te ao mar pequeno barco servil,
Não percas de vista os beijos no cais,
Regressa ao teu país depois de Abril,
   Cravos de Abril, é que nunca mais!...
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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cravos à Força


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À força…
Fizeram de ti, terra sem identidade,
Impôs-se o impulso casual e urgente,
Tinhas de ser cravo para a posteridade,
Sem que pedisses para o ser,
Viram em ti proibidos desejos e toda a Liberdade,
Foste Esperança à força nas mãos de tanta gente,
Vergaram tuas hastes numa fartura aparente,
Para criar mais raízes fortes de fertilidade,
Fértil, fértil, foi a ilusão da semente,
Foste renovo para esquecer,
E antes que o pudesses perceber,
    Passaste a ser cravo de orgulho ausente!..

No lugar de cravos floridos de orgulho viçoso,
Movem-se gritos tontos a caminho da fome,
Tontos militares cheiram o seu cravo famoso,
Um cheiro de vergonha liberta-se, silencioso,
   Os cravos sem culpa são do Povo sem nome!...

Já não somos Portugal,
Não sabemos que terra defender,
Sentimos este traidor desapego nacional,
   Elegemos quem nos comeu, come e continua a comer!...
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sexta-feira, 24 de maio de 2013

... do vento matreiro que passa!...


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Com um dos pés na cova,
E outro meio desenterrado,
Enterra-se o velho reformado,
Acompanhado pela léria da trova,
Verso em fuga do vento acovardado,
     Medo que não passa e se renova!....

Chegados os dias da negação,
Trazem a tristeza e a depressão,
E toda a vontade incrível de rir;
Chora-se nela uma muda nação,
Mamuda e nunca farta de servir,
É sua a mama acabada de mungir,
Serve versos em plena deserção,
   À trova do medo em concepção!...

Com um pé na cova que cavou,
Cava sua cova cavada à espera,
 Já nas covas o poeta desespera,
Espera a espada que atraiçoou,
Enterrado no muro que venera,
    Junto à coragem que desertou!...

Veio mais um e já são três pés,
A mesma cova e três escavados,
Acabados num profundo revés,
 Dentro da cova dos enterrados,
Lideram escavações de lés-a-lés,
Cavam sete mares os encovados,
Lideram espuma dos revoltados,
    Vão-se na cova das novas marés!...

É a última trova dos covardes que passam,
Como os ventos matreiros que fogem de um País,
Velhos versos em fuga que muitos poemas desgraçam,
Neste País de falsos poetas que de poetas se disfarçam,
   E cantam o roubo de uma trova a um Portugal infeliz!...


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