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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Soneto à Portuguesa (Soneto às Putas Honradas)

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Muitas mulheres honradas,
Que sempre desejaram ser putas,
Morreram de desejo, coitadas,
    Com as saias muito curtas!...

Nunca desejaram ser fodidas,
E não sabem se alguém as fodeu,
Foderam a honra de muitas vidas,
   E o homem que filhos lhes deu!...

Anoitecem putas sem o saber,
Dentro delas, amanhecem por fora,
 Sem nunca chegarem a amanhecer;

São, de todos os dias, a aurora,
Putas como sempre quiseram ser,
    As amanhecidas putas, d’agora!...
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Meu Deus!... (Tentação)


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   Meu Deus!...
Porque me deste esta língua verdadeira,
E este sabor acre e doce da palavra bifendida,
Porque me deste, do céu os olhos e da terra a poeira,
Ser estas crinas cruzadas e o aro fechado de minha peneira,
E a substância mais grossa de minha obscena verdade vencida,
Que me trespassa como se eu fosse essa Tua luz incompreendida,
      Minha própria sombra indigna e professa de minha língua inteira?!...

Sinto rastejar dentro de mim o que não quero da parte que sou,
Fora de mim, banho-me em Tua luz que anseio compreender,
Tudo é puro, sereno, felicidade plena de Ti a que me dou,
Sinto o teu sorriso singelo da felicidade onde estou,
Quase posso tocar a luz que dá forma ao Teu ser,
Minha alma rejubila por Te pertencer,
     É amor puro que por Ti ressuscitou!...

Mas, de repente,
Revela-se, do fundo, a serpente,
E o outro lado da verdade que penso,
Há uma verdade que serpenteia, pungente,
Com as línguas bifurcadas de um fogo intenso,
Que se aproximam do meu ténue bom senso,
     E arderá alguma de minha razão aparente!...

       Meu Deus!...
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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dizendice do Amoranço e Odieira


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Nossa dormideira é doce minha e doce,
Deveras assolapada nesta caídeza por ti,
Esta abestalhada sintura ainda que fosse,
Fosse ela por ti e é em vistança do que vi,
Sentidão afundada em fanicos dados de si,
 O amoranço sem tino que em mim pôs-se,
    E põe-se na gozadura que nasce e que ri!...

Derreto-me aburricado e me alambuzo,
Pensadote na beijocada de tua linguaroca,
Meu cobrão cata-se em olhos na tua toca,
Enterradão no calo da manápula em abuso,
E amaluco-me pensadoiro na tua mamoca,
Alongo a língua ao melado dessa tua beijoca
      E eu madoido em amoranço e desaparafuso!...

Arremeteste-me toda nua para esta doideira,
Abriste-me com tuas pernonas escancaradas,
Arrebentou no meu tesudão uma comicheira,
Abusadonas as tuas mamalhonas descaradas,
      Foram-se lentas e doidas e nunca apalpadas!...

Acoitado que estava nas belgas da cumeeira,
Contava os caibros e vaginolas às punhetadas,
E buliam as manhosas nalgas estremunhadas,
Que á noiteca das tardes já cheia de canseira,
É ordenança obrigadona de ordens altivadas,
    E ai se não fossem amoranço, eram odieiras!...
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sábado, 17 de agosto de 2013

Luz Fria do Vaga-lume

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A luz fria do lume que vaga,
Luz de vaga-lume que no dia se apaga,
É lume no olho na procura tímida do lume,
Castigo da natureza que não compreende nem afaga,
O namoro da sombra escondida que na noite se assume,
    Chorando lágrimas de luz que sulcam o mudo negrume!...

Lavando a alma na mente pela qual mentem as mentes,
Abrem-se submissas as nalgas de homo aos iguais sorridentes,
Errando nos corpos ooscopias ínvias de lúbricas penetrações,
Lírica desordem do vómito e confuso prazer nas evacuações,
Rasgam tecidos das pregas dos assumidos arincus diferentes,
Propondo obstipados castigos a pagar de invertidas sensações,
Apontada culpa da natureza não julgada por erradas vibrações,
     Prazer marginal dos corpos pelo desejo à natureza obedientes!...

Pirilampos escondidos na luz preconceituosa do dia,
Movem-se sob pálpebras pesadas que cobrem o olhar,
Natureza da prisão hermética dos olhos proibidos de amar,
Libertando na noite fechada, desejos de desafetada analogia,
Para encontros na natureza pirilâmpica com direito à harmonia,
Onde brilham luzes-cus raiados entre a concupiscência do luar,
Voando em rastos de luz da liberdade que lhes oferece o voar,
    Penetrando o mistério das nuvens até ao céu azul da maioria!...

Embriaga-se o corpo na revolta das noites bebidas,
Hão de vingar-se da cega luz dos dias arrogantes,
Iluminando com a luz de suas certezas vacilantes,
Até adormecerem no leito das horas perdidas,
Para acordarem novas mentes renascidas,
    E não mais serão como dantes!...

Na natureza, nem tudo é o nosso ouro ou vossa prata,
Nem toda a luz corresponde aos nossos desejos brilhantes,
Mas, se o amor é sol nascido até para cinzentos semblantes,
    Já a lógica das diferentes cores em julgamento, é uma batata!...
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sábado, 1 de junho de 2013

Látice


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De um lado o prazer do pecado que se confessava,
Todos os pecados passam pelo látice até ao missionário,
Ao outro lado, chega a confissão em forma de nudez escrava,
A carne ajoelha-se na penumbra da tentação da penitente que pecava,
Os demónios em expurgação atravessam as carnes cruzadas do confessionário,
Envolvem a penitência decotada da pecadora e a tentação do pecado incendiário,
São postos em causa dois últimos mandamentos,
Há o pressentimento dos últimos sacramentos,
Infinitas configurações de fogo apossavam-se da proteção do látice que latejava,
Entre as línguas que se cruzam arde a cruz crucificada do confessor solitário,
Abrem-se e fecham-se os espaços do mesmo fogo que o pecado ateava,
Vai e vem o entra que sai à volta dos pensamentos,
Perversos desejos do inferno lambiam o arrependimento que restava,
O secreto lado absolvente ajoelha-se no centro sentido do contrário,
Ao lado da penitência que ardia de prazer e já não se salvava!...

A sotaina que cobre a carne açoitada pelo pecado,
Cobre o homem que resiste e toda a sua fraqueza,
Trinte e três botões e as cinco chagas do crucificado,
Absolvem-se aos olhos de sete símbolos do sagrado,
Seja preta, violácea ou vermelha de maior grandeza,
Cobrem apenas as partes de uma parte da pobreza,
     Eternas suas cruzes traçadas no látice excomungado!...

Uma batina esgueira-se em auxílio,
Há beatas possuídas exorcizadas num ápice,
Devotas sem um único pecado auxiliadas ao domicílio,
Murmuram-se silêncios na noite de um santo concílio,
   Apaziguada foi a carne nos diversos lados do látice!...

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