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O flash e os olhos cegos,
Olhar em ruínas terrestres,
A humanidade dos mestres
As peças perdidas de legos,
Os artefatos extraterrestres,
Construções e alguns pregos,
Inocência e amoras silvestres!...
A luz que na luz se apaga,
A penumbra e a cegueira,
Os fanatismos e a asneira,
Silêncio das trevas e a saga,
A consciência sempre vaga,
A mentira sempre ligeira,
Alguma verdade aziaga,
De um mundo inteiro,
A vida pelo dinheiro,
E a morte que afaga!...
A sombra das pirâmides invertidas,
O Sol no olhar das sombras perdidas,
O Sol despido a perder-se na noite nua,
A virgindade perdida, abandonada na rua,
O fulgor das consciências corrompidas,
A sombra da sombra de muitas vidas,
Os uivos selvagens dedicados à lua,
A crueza fria das almas vencidas,
O calor das lágrimas vertidas,
O sabor da verdade crua,
A luz que se perpetua,
Das sombras sentidas!...
O eclipse do olhar,
O apocalipse dos credos religiosos,
Os olhos caídos sobre Deus a chorar,
As lágrimas de Deus a transbordar,
A fúria dos mares tenebrosos,
Os crentes cautelosos,
Deuses a mendigar,
Ricos poderosos,
O poder de salvar,
Nos olhares luminosos,
E a morte que avança devagar,
Lenta, muito lenta, sem se apressar,
Tão lenta se arrasta entre momentos
preciosos,
Enquanto dorme a justiça à sombra dos
vagarosos,
Que, mal a morte deles se aproxima,
apreçam-se a acordar,
Á luz dos seus desejos, despem o mundo e
cobrem-se, lustrosos,
Despidos de toda a humanidade e esperança
de Amar!...
Os olhos de quem de nenhum olhar se
liberta,
O olho de milhares de olhos que tudo
observam,
Olhos nervosos de pirâmides que não se
enervam,
Pedra sobre pedra à volta do coração que
se aperta,
Coração empedernido em agonia na alma
deserta,
De escravos dos que todas as
verdades acervam!...
Lâminas muito frias de irresistível
perfume,
Perfume frio envolto no mais secreto
lume,
Lume fechado em doce gelo muito quente,
O fogo afiado no inferno de cada frio gume,
Ardendo até ao frio coração contundente,
Entre as paredes de fogo até ao cume,
O semear da morte e da semente,
Semear a morte que se assume,
E prolifera-se vivamente,
Sem um queixume,
Do obediente,
O costume!...
Fechamos os olhos desnecessários,
Sem qualquer necessidade de os ter,
Inúteis, esses nossos olhos ordinários,
Que nunca outros olhos quiseram ver!...
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