sábado, 23 de maio de 2015
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Exclusão do Olhar
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Dentro de
si,
O sangue
corre fora de ti,
Arrefece
os caminhos para o peito,
Excluíste
do teu coração, o calor e o respeito,
Exclusão
que dentro dos excluídos eu vi,
Incluída fora do pensamento desfeito!...
Vejo-te
viver sem qualquer razão,
Respiras
caminhos que não sentes,
Vejo-te
viver em anuente exclusão,
Há um
caminho ao qual tu mentes,
Vejo-te
viver sem coração!...
Só vês
caminhos recalcados,
E te
decalcas em passos perdidos,
Apenas
consegues ver objectivos repetidos,
E antes de
chegares aos milagres imaginados,
Vais
perder-te entre vivos caminhos truncados,
Onde a
esperança dos teus olhos desfalecidos,
Pela
esperança dos seixos da vida cegados,
Acaba entre sonhos nunca cumpridos!...
Nunca
observaste a vida nos caminhos,
A meta
brilhava com uma intensidade maior,
Não viste
a exclusão dos que caminhavam sozinhos,
Nunca te
deste conta de um caminho melhor,
De todos
os caminhos escolheste o pior,
Caminhar sem sentires os espinhos,
Nem a flor regada com o teu suor!...
As velas iluminam a triste cegueira,
Os olhos vão derretendo à vista das velas,
Há uma luz divina que, de muito longe, se abeira,
Entre a luz dos olhos e a da alma há uma fronteira,
Ninguém cruza o limite de suas lágrimas singelas,
Enquanto ardem os pecados em cada uma delas,
A cera vai cobrindo uma arrefecida vida inteira,
Que se derrete à luz das coisas mais belas!...
Um sorriso
cheio de luz,
Mães
acolhedoras à luz do dia,
A luz que
ilumina o caminho da cruz,
Os passos,
as Mães, a caminhada macia,
A
humildade que não se enfastia,
O Pai e o Pão!...
A partilha e a razão,
A partilha e a razão,
O amor que
não se esvazia,
Todos os
caminhos do coração,
O sangue
livre, de uma vida sadia,
Todas as
luzes sem ilusão,
A luz
nunca tardia,
Nunca a exclusão!...
Nunca a exclusão!...
sábado, 9 de maio de 2015
51
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…aos 51, deixo de fazer anos,
Já fiz os anos que tinha a fazer,
Dos velhos, restam novos planos,
É tempo de reconhecer os enganos,
E os velhos pecados não vou esquecer,
Dos anos feitos não me vou esconder,
Agora serei mais um dos humanos,
Que só fará anos… até morrer!...
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segunda-feira, 4 de maio de 2015
Soneto à Portuguesa (Soneto às Putas Honradas)
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Muitas mulheres honradas,
Que sempre desejaram ser putas,
Morreram de desejo, coitadas,
Com as saias muito curtas!...
Nunca desejaram ser fodidas,
Nunca desejaram ser fodidas,
E não sabem se alguém as fodeu,
Foderam a honra de muitas vidas,
E o homem que filhos lhes deu!...
Anoitecem putas sem o saber,
Dentro delas, amanhecem por fora,
Sem nunca chegarem a amanhecer;
São, de todos os dias, a aurora,
Putas como sempre quiseram ser,
As amanhecidas putas, d’agora!...
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sexta-feira, 1 de maio de 2015
Colheita Perdida
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Mordeste a terra deixada ao abandono,
Cemitério onde enterraste teus dentes,
Sonhavas com trabalho, esse teu dono,
O pesadelo de perdê-lo tirou-te o sono,
Hoje não dormes por muito que tentes!...
Mordeste a terra alheia, tão fértil e
pura,
Viste teus dentes caírem a cada dentada,
Mastigaste teu árduo suor da tua agrura,
Semeaste-te em campos de escravatura,
Colhes
a tua raiva dentro de ti enterrada!...
Hoje, ainda vês teus campos reverdecer,
Nos olhos que ainda procuram abastança,
Olhas teu prato onde nada há para comer,
Vês a desilusão nos pratos da tua balança!...
Semeaste uma desenterrada lembrança,
Teu olhar ainda semeia o que teve de ser,
Esqueceste onde semeaste a esperança,
Ai, se soubesses onde a esperança colher!...
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