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Não negava ao olhar a vontade de se
eximir,
Nos olhos estão as histórias que não se
contam,
Outras histórias escondidas no olhar que
quer fugir,
Não negavam o silêncio das histórias
ficadas por ouvir,
Como olhos apagados que histórias de
silêncio despontam;
Por cada silêncio, silêncios de outras
histórias se aprontam,
E no vértice da pirâmide, um rádio não se
cansa de difundir,
Paliam-se secretismos iluminados que não
se confrontam,
Sobre a escravatura das pedras, o peso
faz-se repetir,
Esmaga-se a voz sob o silêncio que poucos apontam!...
Não negava o sonho ao vértice dominante,
Nem o pesadelo à esperança em futuros
impossíveis,
Os olhares deverão ser hipnose de silêncios
consumíveis,
O capitalismo obeso carrega o cume da
pirâmide sufocante,
E, não obstante,
É leve a palavra livre escondida no olho
do horizonte,
Longe do peso carregado pela oferta dos
vícios aprazíveis,
E de outros vícios dados à felicidade da
ignorância a monte,
E outras influências aos viciados mais
suscetíveis…
Ácidos hipnóticos e a sucralose são
irresistíveis,
Para lá da história dos olhos brota a
fonte,
Nos rios dançam peixes invisíveis
Corre a água debaixo da ponte!...
Ainda por cima, e apesar de tudo,
Por cima das pontes e do controlado desalento,
Por cima das pontes e do controlado desalento,
O olho global move-se atento, num olhar
de veludo,
Cega o resto da pirâmide que tem como
escudo,
É quase perfeito o poder do alumbramento!...
Não negava o silêncio no olhar,
Nem a nova ordem do encantamento,
Assassina da velha ordem de o libertar!....
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A primeira coisa que me ocorreu em dizer assim que terminei de ler “Alumbramento dos Perfeitos” foi destacar a importância da sombra como poder de iluminação, ou luz, mas só até me lembrar de que, neste Poema, a luz é tirana.
ResponderEliminarE dei voltas e voltas, e mais voltas, e tal e qual pelo ‘quase’ [“É quase perfeito o poder do alumbramento!...”] permaneci um bom tempo. Pela primeira vez não sabia que comentar. Não sei, ainda! Não basta elogiar a construção das imagens pelo poder impactante dos versos. É preciso mais. Ou, era preciso mais. E mais significava enaltecer a habilidade poética em colocar sentimento, porque a Poesia d’Alma é sentimento, numa questão social revoltante.
E de repente me dei conta de que aquela sensação, a princípio, estava errônea. Não era sombra, era de escuridão. A minha escuridão. Ainda que breve, e intensa. E longe de ser tirana. A Luz que penetra nos versos possibilita a compreensão sobre problemas que jamais imaginei. É um momento revelador. E iluminador.
A relação opositiva entre ‘luz/escuridão’ configura a pirâmide social mundial, bem como a distância abismal que separa a classe menos favorecida [‘escuridão’] da classe dominante [‘luz’]. E, iluminada, não resta mais nada a dizer, a não ser contemplar e louvar a produção poética de d’Alma à luz de um significado social que, por mais devastador que possa ser, não é menos verdadeiro.
Boa semana.
Poeta
ResponderEliminarObrigada palas palavras deixadas no meu blogue. Tão verdadeiras, pois para mim os cravos morreram logo nesse dia. Abril foi sepultado quando há (uma revolução) ? e o Marcelo dá-se ao luxo de escolher a quem entregar o governo. Aí desacreditei.
Quanto ao teu poema não tenho palavras para comentar algo tão profundo.
Deixo um beijinho e um simples poema meu.
No limite das forças...no fio da navalha
Assim caminhas meu País...desencantado
Vilipendiado e vendido pela escumalha
Grita meu povo por um Portugal libertado
Sonhadora