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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Lágrimas da Luz

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Chorava uma criança na bancada,
Ao ver o seu Benfica que perdia,
A seu lado, a família desesperada,
Abraçava-a e também entristecia;
O inferno, uma lágrima encantada,
Chorava pelas bancadas e escorria,
Chegou aos olhos de quem corria,
Espalhou-se com uma fé danada,
    Fez uma criança chorar de alegria!...

Entre lágrimas e algum desconsolo,
Explodiu uma gloriosa Luz em festa,
Depois do primeiro, o segundo golo,
   Ao adversário nada mais lhe resta!...

É o Inferno da Luz, um glorioso manto,
Encarnando em todas as nossas glórias,
São um manto das gloriosas memórias,
Palavras invencíveis em nosso canto,
   Ecos cantados pelas nossas victórias!...

As crianças vão continuar a chorar,
Libertando suas lágrimas de felicidade,
Por verem o Gloriosos Benfica ganhar,
São Benfiquistas para a eternidade!..
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sábado, 8 de novembro de 2014

O Fazer Feliz da Mentira


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Abordavam a ansiedade do menino, delicadamente,
A bem de suas verdades que a mentira se não visse,
Sorriam doces ameaças, muito educadamente,
Pedindo que fosse educado e mentisse,
Ofereciam-se a quem se omitisse,
Ao mentir verdadeiramente,
Com a verdade aparente,
 E se da verdade fugisse,
Apenas seria diferente,
    Do muito que sentisse!...

O menino fora muito bem criado,
Por educadores pobres sem pobreza,
Sabe o verdadeiro valor de sua íntegra riqueza,
Senhores e senhoras querem-no na condição de comprado,
Prometem-lhe verdadeiros sorrisos e um passaporte acreditado,
Não lhe pedem que fraqueje aos olhos vendados da franqueza,
Nada custa mentir, se mentindo passar por bem educado,
  E faz feliz a velha verdade tratada com ligeireza!...

O menino fez-se o mesmo de si,
Cresceu com a verdade que não mudou,
É verdade que a verdade envelhece por aí,
E há velhas mentiras que nascem aqui e ali,
Perguntam à inocência que as censurou,
     Porque bate com a verdade e sorri!!!...
     Lá se foi perdendo a compostura,
Na descompostura que foi crescendo,
Fizeram-se templos de imaculada lisura,
Demitindo-se da verdade e, se porventura,
Nas costas largas dos outros se foram lendo,
Deixaram de ser costas ainda que as sendo,
Omitiram sua extensão em toda a largura,
    Do nada valer de que se foram valendo!...
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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ditadura dos Cravos


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Aquela imagem teimosa,
A criança de rosto empoeirado,
Mãos que sacodem terra do pão,
O sacudir antigo da fome receosa,
Aquele olhar envergonhado,
      E a palidez da razão!...
Uma lágrima caída no chão,
Outra que se esconde, medrosa,
O ranho sujo pela fome provado,
 O insulso sabor da resignação,
    E a palidez silenciosa!...
O prato cheio de fé religiosa,
Na ponta da língua o pai-nosso rezado,
Todas as rezas e o acto de contrição,
O sonhar com a fartura perigosa,
      E a palidez do fado!...
O desespero amordaçado,
A mordaça com cores da nação,
O grito pobre de uma criança ranhosa,
     Moldura à imagem de um Povo amarrado!...

Chegaram os cravos da revolução,
Logo a seguir ergueu-se o punho cerrado,
Abriu-se a mão que se transformou numa rosa,
Setas apontavam um céu azul e o ouro da fartura,
Atrás das costas ficou o mal que nem sempre dura,
E o peso dos sonhos prometidos,
Dos soníferos cumpridos,
E o fim dos pesadelos da ditadura;
Cravos e mais cravos, por cravos protegidos,
Rosas e mais rosas entre cravos floridos,
O florescer livre da arte e da cultura,
O princípio de uma aventura,
     E os manifestos permitidos…
   O futuro…
A velocidade e o muro,
O fim que o cravo não previu,
    E seu esborrachar prematuro!...

Esta imagem que teima,
De crianças sem pais nem abrigo,
A fome da democracia que queima,
     Cravos que a ditadura trouxe consigo!...

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sexo Causal...

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Escondemos-te o que sabes desta mágoa,
Do teu amor tão distante que nos magoa,
Procuramos-nos em tua moral de pessoa,
E é um rio que vemos, triste e sem água,
   Leito árido por onde teu Amor se escoa!...

Do sadio Amor dos que te amam te dão,
É Amor nascido ainda antes de nasceres,
Dado à luz, foste a luz dos amanheceres,
Amanhecemos contigo em nosso coração,
     Anoitecemos tristes se triste anoiteceres!...

Como é imensa a tristeza da saudade,
É mais triste quando estás mais perto,
Tão longe te vislumbramos amizade,
Procuramos-te de coração aberto,
E o que encontramos mais certo,
     É uma triste realidade!...

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Tão cego o nexo causal,
Das circunstâncias até ao efeito,
Tão sexo é o hábito do sexo casual,
Do acontecer até ao defeito,
Já friamente contrafeito,
Na podridão social!...
    
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Pedinchice

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As crianças cumprem a ordem,
Espalham-se para pedir o que podem,
Pedem a quem puder dar o que puder,
Deu o último suspiro uma pobre mulher,
     E os ricos que pedem não lhe acodem!...

Uma jovem desnudada,
Pôs a nu alguma almas despidas,
Umas despiram-se da carne de suas vidas,
Outras vestiram-se com a sua carne desejada,
Enquanto uns se davam à Natividade marcada,
Recebendo a Esperança, para muitos, perdida,
     Almas perdidas pagavam por corpos de nada!...

As crianças continuam a pedir,
Dão inocência à inocência de quem dá,
Dão certezas do feliz Natal que alguém terá,
Ninguém lhes mente por não querer mentir,
Dão-lhes promessas da fartura que virá,
    Anuncia-se a fome que está para vir,
Os que recebem não vão acudir,
     E a pedinchice continuará!...

Uma alma simples partilha o pouco que tem,
Quem pouco tem, partilha muito do que recebe,
Não há significado para o preço a pagar a alguém,
Dos seus dias que partilha, nada deve a ninguém,
     Quem os diários da Alma partilha, a si, nada deve!...
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fimícolas


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As asas de donzelinhas reminiscentes,
Vagavam entre o carinho atirado às malvas,
Cândido, aquele jovem corpo em terras calvas,
Abandonado junto de todas as flores ausentes,
Recobrou a vida na candura dos inocentes,
    Com todas as flores que foram salvas!...

Descorçoadas as fimícolas inolentes,
Escondem-se de feitiços que as afligem,
Ao procurarem-se nos cheiros repelentes,
Apodrecem mudas em silêncios plangentes;
Em silêncio ergue-se do estupro, a virgem,
No olhar trás o veneno de uma serpente,
      Na virgindade imaculada trás a vertigem!...

Jardins brancos de uma só branca flor,
Cobrem a culpa de um forte corpo apodrecido,
Desse peito onde um coração teria implodido,
Outras flores maiores olham pelo seu amor,
     Sobre a sorte de mais uma flor ter nascido!...

No mistério de um jardim indefinido,
O céu azul cuida das vergônteas com primor,
Talvez Deus floresça de uma cândida luz interior,
E alguém que não O sinta em si florescido,
Só veja fimícolas à volta de sua dor!...


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