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domingo, 18 de maio de 2014

Alumbramento dos Perfeitos


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Não negava ao olhar a vontade de se eximir,
Nos olhos estão as histórias que não se contam,
Outras histórias escondidas no olhar que quer fugir,
Não negavam o silêncio das histórias ficadas por ouvir,
Como olhos apagados que histórias de silêncio despontam;
Por cada silêncio, silêncios de outras histórias se aprontam,
E no vértice da pirâmide, um rádio não se cansa de difundir,
Paliam-se secretismos iluminados que não se confrontam,
Sobre a escravatura das pedras, o peso faz-se repetir,
     Esmaga-se a voz sob o silêncio que poucos apontam!...

Não negava o sonho ao vértice dominante,
Nem o pesadelo à esperança em futuros impossíveis,
Os olhares deverão ser hipnose de silêncios consumíveis,
O capitalismo obeso carrega o cume da pirâmide sufocante,
E, não obstante,
É leve a palavra livre escondida no olho do horizonte,
Longe do peso carregado pela oferta dos vícios aprazíveis,
E de outros vícios dados à felicidade da ignorância a monte,
E outras influências aos viciados mais suscetíveis…
Ácidos hipnóticos e a sucralose são irresistíveis,
Para lá da história dos olhos brota a fonte,
Nos rios dançam peixes invisíveis
Corre a água debaixo da ponte!...

Ainda por cima, e apesar de tudo,
Por cima das pontes e do controlado desalento,
O olho global move-se atento, num olhar de veludo,
Cega o resto da pirâmide que tem como escudo,
    É quase perfeito o poder do alumbramento!...

Não negava o silêncio no olhar,
Nem a nova ordem do encantamento,
    Assassina da velha ordem de o libertar!...
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pícaros Angustiados

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Pícaros angustiados,
Abraçam braços cruzados,
Assinatura de braços fechados,
Firmados com fios de frágeis enleias,
Esperam carícias por enlevadas ideias,
Crescidas em cérebros financiados por teias,
Grossas de sangue entre açúcar de veios arrastados,
Derrames de doce veneno que lhes corre no gelo das veias;
Escorrendo na consciência retórica de eufemismos extasiados,
Vendem-se orgasmos dos insaciáveis objetivos alcançados,
Em vez do preservativo consciencioso das assembleias,
Barrigas de aluguer prenhes de imunidade às cadeias,
Bastando que por todos os meios sejam abusados,
Humanidade perfeita pelas razões mais feias,
   E os dignos direitos dos eternos violados!...

Vozes trémulas oferecem geleia de confiança,
Tingem ávidas papilas com gostos distintos pelos corantes,
Maçãs azuis e morangos violeta matam a fome de uma criança,
A ilusão da consistência tem uma trémula e doce semelhança,
Com a amargura de uma digestão difícil rica em diamantes,
Enfeitados com esperanças de ouro e salvas radiantes,
   Salvação das ilusões nas cores negras da Esperança!...

Na vanguarda da frenética tecnologia,
Luz é um jogo de trevas num tabuleiro do tempo,
Jogado pelo pó secreto de uma esotérica maçonaria,
Que apostando nas mecenas vitórias do etéreo momento,
Faz valer sua silenciosa vontade do receptivo argumento,
Comprado pela influência escondida na corrupta teoria,
Demonstrada na prática com novos jogos de ironia,
   Dividendo angustiado disfarçado no orçamento!...

Há privilégios interditos que nos respiram,
Medos em nós que asfixiam o ensaio do abraço,
Há uma côdea de pão bolorento num olhar de cansaço,
Tristezas escondidas na vergonha dos amores que fugiram,
Há fingimentos primitivos em corações que desistiram,
    O prócer molda cérceas no corredio nó do abraço!...

Há um pai de ninguém na angústia dos lazarados,
Senhor absoluto que nada dá do que dele merece dar,
Apostando o futuro perdido de quem não pode jogar,
Dando angústias aos Pais que deviam ser venerados,
As mesmas angústias marcadas nas faces dos dados,
    Viciados por pícaros de sorte, mensageiros do azar!...

Há angústias irradiando felicidade,
Longe da vista de quem não as vê chorar,
    E tão perto de angústias sem identidade!...
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