domingo, 26 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Nada Resta
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Ao terceiro mês, os fetos afogaram-se no
charco,
A inocência das águas amnióticas foi
envenenada,
Inavegável o vazio da barriga esvaída do
seu arco,
As mãos deslizam pela áspera liberdade
abortada,
Um barco à vela perde-se na ventania
apavorada,
Caruncho come a quilha perplexa do último
barco,
Não resta mais nada!...
Queimam velas aos pés de corações de
madeira,
No sangue corre a água de uma vida
naufragada,
Cera fria escorre da memória de uma vida
inteira,
As
labaredas congelaram no calor de sua fogueira,
E
fecharam-se em pontes de água e fé congelada,
Os olhos de Deus ficaram censurados na fronteira,
Não resta mais nada!...
Do pinhal à beira mar, cortaram o último
pinheiro,
Dos roseirais do mar arrancaram as
últimas rosas,
Orações, de mãos atadas, rezaram a um
madeiro,
Uma entrada e um sinal sem saída e sem
dinheiro,
As preces apagaram-se entre lágrimas
silenciosas,
Árvores boas foram crucificadas no mundo
inteiro,
Madeira dos santos ainda verte lágrimas resinosas!...
Um mar de perdição em dois desertos sem
moral,
Deserto e o sacrifício humano que se
empesta,
Águas
apodrecidas à deriva no juízo final,
E do respeito pela justiça divinal,
Já pouco
mais de nada resta!...
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quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Quasecaos diÉbólico
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As contas
por pagar,
A cabeça
tonta a doer,
O fim do
mês para fatigar,
Anorexia
do salário a enjoar,
Os pelos
em pé e varas a tremer,
O que
resta da força a desfalecer,
O vómito
na boca cheia a sufocar,
Uma conta
atrasada por resolver,
O carteiro
e mais contas a chegar,
Voltas à
cabeça de entontecer,
Frias
vertigens a ameaçar,
E a
febre!...
De
repente, o estômago em alerta,
O
gargarejar das tripas e o casebre,
-Ai, Deus me
tenha a porta aberta,
O cu que até
ao alívio se aperta,
Correr
como uma lebre,
Diarreia
certa!...
Cercado
por extra-humanos para cá da terra,
Talvez o
fantasma de um Neil Armstrong lunar,
E da
pequena nave onde me puseram a sonhar,
Parece-me
ouvir um ranhoso fedelho que berra,
Um cadáver
já previsto disse que o iam incinerar,
Os extraterrestres
socorrem com ares de guerra,
Um
batalhão de luvas brancas está pronto a pagar,
Os
herméticos sabem que sou um cão que não ferra,
Aproximou-se
uma picada que me fez desconfiar,
E logo me
apaguei!...
Um raio de
sol e acordei,
Que raio
teria acontecido?!...
Não sei se
sonhei que tinha morrido,
Talvez
tenha mesmo morrido, pensei,
Tentei
levantar-me, meio entontecido,
Soltei um
peido e por ali me fiquei,
O cheirete
deixou-me divertido,
Mas voltou
a diarreia comigo,
Mais um e
me envergonhei,
Mais um
arrepio sentido,
Senti que me borrei!...
Uma televisão a um canto,
A notícia
e uma estória malévola,
É sem
grande esforço que me levanto,
Falam dos
meus sintomas, para meu espanto,
Para uns,
sou a pior bomba a rebentar de ébola,
Para
outros sou vacina milagrosa, por enquanto!...
Há um esquálido médico com ar desprezivo,
A sua indiferença nada diz sobre o
diÉbolico respectivo,
Da superfície do seu ameaçador silêncio,
quer que eu acredite,
Eu sou a cura de marca e o genérico do
ébola inofensivo,
Prescreve-me caldos de galinha e um anti
gripe!...
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sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Carne e Osso
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Depois, com a nossa carne totalmente empenhada,
Obrigaram-nos a comprar sonhos que eram
nossos,
Nos gordos pesadelos, foi a nossa carne
desossada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
E depressa
damos por nós a roer os próprios ossos,
Com
o parvo espírito de nossa crença desdentada!...
E ainda com a nossa carne nos dentes,
Com facas arrancadas de nossas costas,
Cortam os nossos sonhos muito rentes,
Servem-nos mais promessas às postas,
Em pratos políticos sempre coerentes,
Às perguntas grátis vendem respostas,
E como saem caras as facadas expostas,
Infectadas por outras facadas recentes,
Perfídia sobre memórias decompostas,
Compostas
por propostas indecentes!...
Amanhã, com a memória das pessoas
esgotada,
Formatada que foi a humana razão porque
lutar,
Estranha a carne que sangrar por cada
chicotada,
Sem os entardeceres nem a brisa da
madrugada,
Sensações sem rosto, sem estímulo para
copular,
Sem sentir o abrir-se da carne à carne
sem aleijar,
Cicatrizaram feridas da humanidade
equivocada,
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
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sábado, 4 de outubro de 2014
Pretérito Imperfeito da Necessidade
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Houvera o relógio de necessitar da hora,
Quisera a hora o minuto para mais
utilidade,
Pelo minuto, o segundo não fora
contrariedade,
A paz de dentro não passara sem a imagem
de fora,
E não fora a tentação de levar aos
humildes a vaidade,
Tão cedo, o reflexo não existira em
espelhos de outrora,
Nem o ontem, dia o fora, não fosse
lembrado pelo agora;
O desamor sem princípio, decidira-se pela
finalidade,
Atrasara-se em sua forma necessária da
demora,
Matara
o tempo a criar a demais necessidade!...
Todo o fogo do inferno, o Sol cobiçara,
Com todo o gelo do mundo, o iceberg
sonhara,
Com todo o amor da paixão, com toda a
paixão, amara,
Todo o ódio, com todo o ódio do ódio, o
ódio odiara,
Com todas as lágrimas, todas as lágrimas
chorara…
Mas nada lhe bastara!...
Nada pudera ser igualdade,
Por tudo, a tudo, nada se igualara,
Tão infinita fora a insaciável
necessidade,
Da necessidade insaciável que necessitara!...
No
presente, pelo que a desnecessidade indica,
Já
muito despida de preconceitos, a verdade nua,
Indiferente à necessidade que se perpetua,
Apodrece nessa necessidade que fica,
Pela necessidade que continua!...
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quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Duplo.Soneto.Português.Fantoche e Invertido
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Sem
a vergonha e vergonhosos!...
Manipulam-se, são manipulados,
Presos entre fios de criminosos;
Já sem a vergonha, os encavados!...
Baixam as suas calças, silenciosos,
Ainda
antes de bolsos esvaziados,
É novo desenho em novo mapa!...
Uma fábrica plena de fantoches,
Desarticulam Portugal à socapa,
Presos
por fios, fazem broches,
Portugal é a verdadeira saudade!...
Apaga-se o desenho da memória,
Vão-se os velhos fica a mocidade,
Vai-se
o orgulho, vai-se a história,
São fios que manipulam a glória!...
Destroços caídos em memorial,
Manietados com fios de victória!...
Os fios que estrangulam Portugal,
Seguram este Portugal por um fio,
Fia-se nos fios esse povo sombrio,
Está por um fio a perda da moral!...
Todos fantoches e pejados de cio,
Tudo violações e numa orgia total,
Os fios se movem em modo fatal,
Movimentos sem alma nem brio!...
Os fantoches são para exportar,
Os fios são de importação imposta,
E é o fantoche que os têm de pagar;
Ficam as perguntas sem resposta,
Á
resposta não há que perguntar,
Não há perguntas e o povo gosta!...
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