Mostrar mensagens com a etiqueta dinheiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta dinheiro. Mostrar todas as mensagens

sábado, 23 de setembro de 2017

Água de Guerra

.
.
.

Vens tu, amor,
Desces os montes,
Passas por baixo das pontes,
Corres livre de qualquer estupor,
    O estupor que te bebe nas fontes!...

Vens tu, fresca e cintilante,
Por entre os pedregulhos do rio,
És de todos, és uma presente amante,
Um amor cristalino e refrescante,
Corres livre das margens do cio,
    Insinuas-te à sede, radiante,
        És saciar aconchegante!...

Vens tu, em tua forma de escorrer,
Orvalho vivo das manhãs adormecidas,
Por ti, não se importa a sede de morrer,
Luta o mundo para um pouco de ti beber,
Morrem tantas lágrimas já ressequidas,
Do bem comum que és, escondidas,
Escondem-te do direito de viver,
Vivem crianças, por ti, suicidas,
    Morrem por não te ter!...

Vens tu, amor,
Inocente sangue da terra,
Sangue do poder do estupor,
Estupor que sedento de guerra,
Em sua sede de poder te encerra,
    E por ti dá a beber só a dor!...

Dias de desespero virão,
Dias a transbordar de mágoa,
Dias que nas veias anoitecerão,
    Dias de sede, desertos sem água!...
.
.
.





quarta-feira, 19 de julho de 2017

Como Podes...?!

.
.
.
Como podes julgar-me?!...
Julgar minha Fé expurgada,
Livre das tuas doutrinárias razões,
Que obedece ao canibalismo das comunhões,
Sem razão nem razoável clemência comungada,
Apenas temente à obrigação das cegas adorações,
Da configuração dos homens em suas prisões,
Configurados em cada palavra configurada,
Como se tua palavra fosse sagrada,
        Em teu juízo de divinas privações?!...

Como julgas, julgar-me?...
Julgando como aquele que te julga,
Esse que te obriga a escravizar-me,
E toda a liberdade da fé promulga,
    E da fé decreta libertar-me?!...

Como podes castigar-me,
Se nunca foste castigado?!...
Como podes reconhecer a razão,
Se a razão é um elo quebrado,
Na corrente da manipulação,
Inquebrável, sem nação,
O poder do enviado,
Imposição do diabo,
    Excomunhão?!...

Excomunhão!...
Como podes excomungar-me,
Excluir a minha Fé do Caminho,
Se sinto nosso Deus convidar-me,
    Para comer o Pão, beber o Vinho?!...
Ele é a fome que está a tomar-me,
É a sede que quer saciar-me,
É o murmúrio de carinho,
Que me alivia do teu espinho,
O teu julgamento de crucificar-me,
    Só porque julgas eu acreditar sozinho!...

Como podes libertar-me da minha liberdade,
Sem enclausurar a minha esperança em Deus,
Se não tens lugar à mesa da divina verdade,
    Onde não senta a crença de amigos ateus,
        Amigos teus sem dó nem piedade?!...

Como não é possível julgares-te,
Como podes não castigares-te,
Não excomungares-te,
  Ou libertares-te?!...
.
.
.
   




   

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Fogo de Árvores ao Vento

.
.
.

Todas as árvores do mundo de todos os montes mais altos,
Amantes do vento que todas as árvores, sem ciúmes, amava,
Murmuravam histórias de cinza que o vento quente soprava,
Falando da morte de todas as florestas em todos os planaltos,
E da respiração dos homens, queimada em inumanos assaltos,
Perpetrados por um assassino que seu próprio filho matava!...

Árvores, por breves momentos de luto, em agonia,
Entre brumas de traição e o inferno que as consumia,
Choravam lágrimas de cinza ao ver o seu amante, o vento,
Soprando o amor que transformava numa infernal ventania,
Daquele amante que, pelo amor de suas amantes sedento,
Continuava a amá-las tanto, quanto do fogo era o sustento,
  Sem compreender que, por tanto amor, ambos destruiria!...

Há um código gravado numa misteriosa linguagem, à parte,
Que o post-scriptun da NASA só induz aos públicos ladrões,
Descodifica a imortalidade no frio sem escrúpulos de Marte,
Conservando os genes intactos para escolhidas ressurreições,
Àqueles que destruíram planetas azuis e seus verdes pulmões,
   Exibindo seus crimes em ricas galerias, como a mais bela arte!...

Depósitos inflamáveis de comerciais intentos mesquinhos,
Trespassam a feição dos ventos que rasgam céus queimados,
E metáforas negras serrando veios nos anéis de valiosos pinhos,
Com fumo negro da energia renovada entre fogos cruzados,
Que assinam de cruz secretos contratos de olhos fechados,
Sobre rescaldos recortados no tição dos caminhos!...

Por todas as árvores inocentes do mundo,
Há mundos estranhos de gigantes ventoinhas,
Cobrindo os altos montes de um vazio profundo,
Despojados do seu respirar humano e fecundo;
Falam de mágicas varinhas,
Com poderes nobres de rainhas,
Mas são os reis de poder rotundo,
  Donos da morte das andorinhas!...

Há cada vez mais Primaveras de luto intenso,
Há ventos nascidos assim, para serem amantes,
Oferecendo verdes sopros de afagos estonteantes,
Às verdes árvores nos altos montes e ao contra senso,
Das ventoinhas, essas substituintes do arvoredo imenso,
Que fora amado pelo vento em todos os instantes!...
.
.
.




sábado, 31 de dezembro de 2016

Fim do Fim

.
.
.
Este fim,
Tão prestes a ser fim,
É o fim de muitos sonhos,
É o fim de desejos medonhos,
O princípio de tudo que há em mim,
O triste fim dos sorrisos tristonhos,
Dos velhos sorrisos assim, assim,
E dos tristes “assins” risonhos!...

Mas... não tenham ilusões,
Que o pior dos fins está para vir,
Há um fim que teima em não parar de rir,
Ri-se do princípio de todas as ambições,
Até ao fim, alguns não vão conseguir,
Serão vencidos pelas tradições,
E pelas mais velhas emoções,
Ás quais não vão resistir,
     E eis novas desilusões!...

Este é o fim do do dinheiro,
O fim de muita vendida certeza,
É o princípio novo da beleza,
Que teve um fim certeiro,
O fim de toda a riqueza,
 Desumana por inteiro!...
.
.

.


     

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Dia-sim, Dia-não das Virgens

.
.
.
São beijos de puta, pecados virgens
Comprados pelo perdão da caridade,
Perdoar o pecado é virtude de origens,
Entregam-se ao abismo por necessidade,
Equilibram-se no prazer sem vontade,
São violadas por infiéis vertigens!...

Olham desoladas,
As pobres prostitutas originais,
Para as ricas senhoras de sucessos virais,
Acompanhantes, por infiéis acompanhadas,
São virgens para quem lhes pagar mais,
Umas prostituem-se amarguradas,
Outras são sérias putas casadas,
    No reino das prostitutas reais!...

Pobre prostituta, pobre,
Já nasceste sem virgindade,
Não tiveste a sorte de ser nobre,
Compram parte de ti pela metade,
Vendes aos infelizes tua infelicidade,
São felizes com a triste sorte que te cobre,
Pedes a Deus que tua coragem recobre,
     Te cubra com uma réstia de dignidade!...

Não és virgem imaculada,
Não sabes que há virgens, pois não?...
Não és virgem todos os dias de tua vida desgraçada,
Ricas, as senhoras são virgens, dia sim, dia não,
São putas de tudo e de ti não resta nada,
     Nem a origem do amor no teu coração!...

Olha quem te viu,
Olha quem te Vê,
Não foi uma virgem que te pariu,
As filhas do dia-sim, são mães de quem as cobriu,
 As mães do dia-não, morreram de desgosto e ninguém sabe porquê!...
.
.

.

    

quinta-feira, 14 de julho de 2016

O Idiota que Sobra

.
.
.

Na festa, a insensatez nunca se esgota,
Embriagada por luas, é queimada por sóis,
Em cada festeiro há um bêbado e patriota,
Brinda-se o último cêntimo aos heróis,
As gralhas cantam como rouxinóis,
    Sobrou apenas um sóbrio idiota!...

O povo escolhe quem o mata,
Paga a quem o apague do sofrimento,
E lhe tatue na alma uma vida abstracta,
A percepção da vida não é imediata,
A tatuagem vai desaparecendo,
Tudo à volta vai morrendo,
E pressente-se a derrota;
Há um povo em desbragada risota,
Na analgesia da festa, não vai sofrendo,
    Sobrou apenas a dor de um idiota!...


Chegou o dia seguinte,
Dia de todo o feliz Patriota,
Vestia a bandeira de contribuinte,
Ontem valia tudo, hoje é um pedinte;
Da festa e dos heróis já quase nada se nota,
   Há mais idiotas e sobrou apenas um idiota!...


.
.
.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Exclusão do Olhar


.
.
.

Dentro de si,
O sangue corre fora de ti,
Arrefece os caminhos para o peito,
Excluíste do teu coração, o calor e o respeito,
Exclusão que dentro dos excluídos eu vi,
     Incluída fora do pensamento desfeito!...

Vejo-te viver sem qualquer razão,
Respiras caminhos que não sentes,
Vejo-te viver em anuente exclusão,
Há um caminho ao qual tu mentes,
Vejo-te viver sem coração!...

Só vês caminhos recalcados,
E te decalcas em passos perdidos,
Apenas consegues ver objectivos repetidos,
E antes de chegares aos milagres imaginados,
Vais perder-te entre vivos caminhos truncados,
Onde a esperança dos teus olhos desfalecidos,
Pela esperança dos seixos da vida cegados,
    Acaba entre sonhos nunca cumpridos!...

Nunca observaste a vida nos caminhos,
A meta brilhava com uma intensidade maior,
Não viste a exclusão dos que caminhavam sozinhos,
Nunca te deste conta de um caminho melhor,
De todos os caminhos escolheste o pior,
   Caminhar sem sentires os espinhos,
       Nem a flor regada com o teu suor!...

As velas iluminam a triste cegueira,
Os olhos vão derretendo à vista das velas,
Há uma luz divina que, de muito longe, se abeira,
Entre a luz dos olhos e a da alma há uma fronteira,
Ninguém cruza o limite de suas lágrimas singelas,
Enquanto ardem os pecados em cada uma delas,
A cera vai cobrindo uma arrefecida vida inteira,
      Que se derrete à luz das coisas mais belas!...

Um sorriso cheio de luz,
Mães acolhedoras à luz do dia,
A luz que ilumina o caminho da cruz,
Os passos, as Mães, a caminhada macia,
A humildade que não se enfastia,
O Pai e o Pão!...
A partilha e a razão,
O amor que não se esvazia,
Todos os caminhos do coração,
O sangue livre, de uma vida sadia,
Todas as luzes sem ilusão,
A luz nunca tardia,
     Nunca a exclusão!...

    


 .
.
.
                                                                                 



sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Não Veio Para Ficar


.
.
.
Não veio para ficar,
    Janeiro!...
Do céu só pode nevar,
Há olhos frios no ar,
Dinheiro,
    Não veio para ficar!...
O álcool aquece até queimar,
Do último dia até ao primeiro,
Companheiro,
   Não veio para ficar!...
Mais um passageiro,
Vendido por inteiro,
E ainda por pagar;
Vem lá o mensageiro,
Emissário do despertar,
Do medo verdadeiro,
    Não veio para ficar!...

Sem medo de sorrir,
Há, de acordar a decência,
Há, de perder o medo, a consciência,
    Há, num Janeiro qualquer, de o medo partir,
Há, no fim da noite, de nascer um dia de desobediência,
  Sem medo do que não veio mas há, de estar para vir!...
.
.
.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Família Sem Impressão Digital


.
.
.
“Ao rir-me da postura de seriedade,
Rasgo-me de riso com vontade,
Do meu produto mais sério,
Embrulho-o em mistério,
Ato-o com verdade,
Ajo com critério,
      E sobriedade!...”

*

Vendem-se Natais,
Compram-se os pais do Natal,
Apagam-se as impressões digitais,
Surdem com apelativas aparências divinais,
Mãos lisas que tentam alisar a Marca ancestral,
Sem deixar marcas, apagando a Santa Marca imaterial,
Do Fruto da árvore Mãe com as suas raízes mais naturais,
Árvore que com seus ramos cobertos por cada folha celestial,
Com sua árvore companheira, são raízes essenciais,
Do humano valor natural,
Em (e)terna vigília,
Amor universal,
     Família!...

      Família!...
Essa qualidade de valor eterno,
Valor incalculável a perder-se no valor moderno,
Templo invertido que desaba de filhos para pais,
Abrigo em construção do desamor fraterno,
Construído sem impressões digitais,
Por seres lisos de todos os Natais,
Sem marcas nem aderência,
Sem humana clemência,
Lisos por vis metais,
Triste demência,
    E pouco mais!..

*

“Anseio estar tão só,
Com minhas lágrimas sós,
Ato o riso com cegos nós,
Embrulho critérios em pó,
Dou-me à piedade sem dó,
      E choro por mim e por vós!...”

    
.
.
.


sábado, 2 de agosto de 2014

Geração OLX


.
.
.

Já lá vai o tempo de dar,
Um tempo dado à lembrança,
Estes novos tempos têm outro ar,
Tempos que parecem dar tudo a ganhar,
Tudo se vende,
Na venda da alma oferece-se a esperança,
Com nada conseguido compra-se desconfiança,
Que não rende,
Para pior tende,
Já nada temos e tudo temos para comprar,
Tudo o que não vendemos acaba por ficar,
E o que fica é a humilhante semelhança,
Ao pior que de nós, damos a trocar,
Ficando o remorso que nos cansa,
     Pela troca de ninguém ajudar!...

Há um irresistível chamariz,
Que apela a todo o nosso egoísmo,
Toda a indiferença que vendemos nos faz feliz,
Estamos sós e tão senhores do nosso nariz,
A saldo, vendemos o nosso altruísmo,
     Nesta geração que é ser OLX!...
.
.
.


domingo, 27 de julho de 2014

O Lobo Branco da Estrela


.
.
.
Os lobos já não são o que deles sempre se esperou,
Guiam as ovelhas cegas como fiéis cães,
Meigamente,
Com dentes da Estrela fizeram-se pastores Alemães;
Um cordeiro pergunta pela irmã que se tresmalhou,
De sorriso vestido um lobo branco para ele se virou,
Docemente:
-Foi imprudente!...
Á sua volta, vestiam novas peles os guardiães,
Com carne nos dentes, o lobo branco, o cordeiro beijou;
   Nos campos brancos cobertos com a lã de muitas mães,
O pequeno cordeiro ajoelhado, com o lobo rezou,
Timidamente,
  E, crescendo, por ali se ficou,
Com a pele que com ele, o lobo trocou,
   Humildemente!...

.
.
.




quarta-feira, 25 de junho de 2014

+ ou - 1 Soneto à Portuguesa


.
.
.
Virou as lágrimas contra a bandeira,
Bandeira triste que também chorava,
Torcera por ela toda uma vida inteira,
    A última lágrima torcida que restava!...

A cor do sangue haveria de ser maior,
Sempre mais viva do que a esperança,
Foi trocado o escudo por algo de pior,
    Armilas caídas aos olhos duma criança!...

E sucedem-se as lágrimas dissonantes,
Choradas pelo pó que as hão de cegar,
    Em desfastios de cânticos consonantes!...

Tudo começou na esperança de ganhar,
  E cega exaltação do antes como dantes,
      Antes do herói que vencido há de voltar!...
    
.
.
.