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domingo, 23 de junho de 2019

Hífen... talvez!...

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Talvez as ruas flutuassem,
Talvez os caminhos se fizessem mais leves,
Talvez os passos à volta de tudo gravitassem,
Talvez a eternidade fosse tão breve,
Efémera quanto o…
Talvez!...

Sem alento,
Num hiato perdido no tempo,
Perde-se um pontapé desiludido,
Interstício triste para um lamento,
Talvez feito hífen por Deus ungido,
Num pedaço de tempo escondido,
Entre a cor de um olhar alvacento,
    E as cores de um olhar perdido,
Olhar perdido, quanto o…
Talvez!...

Talvez me preencha o leve espaço,
Do qual me preencho com languidez,
Sinto-me rua atravessada pela timidez,
E timidamente flutuo entre um abraço,
Que gravita nos braços do que não faço,
     Fazendo-me mundo sem nome, talvez!...

Desanimado,
Percorro-me neste estado de alma,
Flutuo entre o vosso mundo desalmado,
E o olhar do meu voo calmamente revoltado
     Que sobrevoa meu próprio voo com calma!...

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terça-feira, 9 de maio de 2017

Aniversário do Tempo e do Sorriso

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O tempo é viajante,
Que passa para nos visitar,
Chega como visitante,
E num instante,
    Decide ficar!...

"Hoje não posso dar-te o dia que há de vir,
O amanhã é sempre o dia que há de chegar,
Dou-te este dia para que possas, sempre, sorrir,
Dou-te o dia de amanhã para que possas recordar,
Que o tempo é uma linha que o tempo faz sentir,
Toda a vontade de ser amada e, sempre, amar,
 E dessa linha dos lábios nunca desistir!..."

Aqui fica, sempre a passar,
Como sendo estranho amante,
Que estranhamente parece amar,
Sem deixar de ser um amor distante,
    Tão próximo de nos querer deixar!...

E o tempo passa,
Pelo sorriso que fica,
  Para que sorriso se faça!...
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terça-feira, 10 de maio de 2016

52 - Passado da Vida Eterna

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Fui eu nascer neste estranho dia,
Nasceu este dia no dia que teve de ser,
Fui eu acreditar nesta Europa de alegria,
E logo vi a alegria desta Europa fenecer,
Foi pela morte que a vida fui temer,
   Nesta Europa a deixar-se morrer!...

Tantos anos de tão poucos,
Tão poucos de tantos anos,
Vivemos tão pouco por tão loucos,
Loucos por tantos enganos,
Pensamos ouvir gritos humanos,
    E, desumanos, somos tão moucos!...

Olho para o passado,
Perco-me neste futuro,
Sou presente pouco seguro,
Ausente deste maldito fado,
Que morreu e foi enterrado,
Pelo poder mais obscuro,
     Sempre assegurado!...

Pró diabo, estes cinquenta e dois,
Mais estes ares de Primavera moderna,
O futuro ficou lá atrás, para depois,
     No passado da vida eterna!...
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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Eu, a despeito da potestade

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Nada me empurra para trás,
Resisto ao dia seguinte,
E, por conseguinte,
Nada do que será feito me faz,
Tanto faz, a palavra reconstituinte,
Que, por conseguinte, será de paz;
A guerra que ninguém prometeu,
Está prometida,
Por conseguinte, digo eu,
Que eu resisto à verdade escondida,
    De tudo que dentro de mim, é meu!...

Nada do que me acusam,
É mentira!...
Tudo que digam a meu respeito,
A despeito do despeito,
É verdade!...
A respeito do respeito pela verdade,
A despeito do despeito da potestade,
Por maior que seja o poder do preconceito,
Jamais fará de mim um verbo de corpo perfeito…
Nada nem ninguém,
Por mais que tenham respeito por mim, também!...

Este é o ultimo dia dos dias que hão, de vir,
Ninguém se lembra do primeiro choro de Mãe,
    Mas todos choram quando deveriam rir!...
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sábado, 9 de maio de 2015

51

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…aos 51, deixo de fazer anos,
Já fiz os anos que tinha a fazer,
Dos velhos, restam novos planos,
É tempo de reconhecer os enganos,
E os velhos pecados não vou esquecer,
Dos anos feitos não me vou esconder,
Agora serei mais um dos humanos,
   Que só fará anos… até morrer!...
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quarta-feira, 25 de março de 2015

Perto da Longa distância de Mim...


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Sabia que o fim do mundo existia!... Não o fim, não o mundo, nem o fim de qualquer procura cinzelado na poeira do tempo que pudesse perder-se na pré definição de um sonho concrectizado… ou apenas sonho, ou apenas a concrectização irrealizável de acordar no mundo e seu mundo, serenamente expandido dentro de si mesmo até à relação com outros mundos, milhões de mundos. Pelo menos, mais de meia dúzia de mundos e menos do que aqueles, impossíveis de serem tidos como razão!...
A distância e o caminho, o caminho e as encruzilhadas e, ainda, o trajecto da cruz e o carrego, o peso de si mesmo e da distância entre si e si mesmo, distantes da carne e distantes da alma, tudo entrelaçado num ADN de pensamento único. Passava o tempo, passava a distância de um tempo até ao tempo que não era outro, senão aquele que passava, sem relevância, sem esperança de memória. O tempo que passava, não passava das costas, jamais seria tempo de olhar em frente ou uma partícula empoeirada de tempo, com ou sem esperança. O tempo esquecido, não seria lamentado pelos olhos fixos no outro lado das costas voltadas para o que ia passando, deixado lá ficar, caído na sombra do esmorecimento do tempo que não interessava ao futuro afixado nos olhos fixos no outro lado das costas do aborrecimento!... Aí, estavam todas as cores vivas, toda a luz e os olhos cheios, a transbordar reflexos de sorrisos, de beijos transformados em borboletas coloridas com as cores, jamais imaginadas, dos mais belos arco-íris!... A distância do que está perto, entre o tempo dado como perdido, esquecido lá atrás, e o que falta e sempre faltará percorrer, afirmando a certeza de um horizonte lento, muito lento, quase imóvel, a movimentar-se, imperceptível, ao longo de uma linha interminável que vai do olhar que antecede o sentido mais periférico, para os sonhos permitidos aos olhos dos olhares sem periferia, por tão periféricos!...
Há uma sensação de vertigem na sensação dos caminhos que se movem dentro de nós, em meu próprio movimento de mim, e a satisfação plena de anular todas as distâncias entre o que eu sou e o que não sou, por mais longe que eu esteja de tudo, longe do que não é possível estar mais perto, de mim, inclusive!... Talvez me perguntasse, numa encruzilhada por aonde passei,
Por cada cruz e distância que em mim vive,
De mim, até onde jamais me perdi e procurei,
No ser eu, íngreme, e ser meu próprio declive,
A tendência vertiginosa por onde sempre irei,
Achando as dúvidas cruzadas que não contive,
E só Deus sabe das certezas, o que eu não sei,
Talvez eu seja o horizonte onde sempre estive,
    Caminho que me trás ao mundo onde fiquei!...
Regresso, após não ter partido, não ter voado nem levado pela pressa da ventania instantânea, sem instante e sem urgência, apenas o pensamento longo, calmo e silencioso!... O tempo da cor da noite, a noite da cor do luto transcendente, mais do que celebrar a morte, a celebração da vida e, no luto e na cor, a brancura leve de uma pena, até ao resplandecer incomparável de ser princípio e fim do mundo, em si mesmo, com o mesmo amor em continuar o caminho que, partindo do mais íntimo de si, continuava até ao horizonte sempre longínquo, que o atravessava de um ponto, algures dentro de si, até ao ponto mais distante de si mesmo!...
Umas vezes, a brancura da pena do peito que da garça se soltou, flutua num contínuo pairar da sua leveza sobre as coisas mais densas, como o entardecer, como o peso do dia que vai adormecendo e se deita na noite, sem comoção, mas, apenas distante do peito que não é seu!... Perde-se a pena, a garça continua o seu voo em voos curtos sobre as longas margens do rio imperturbável, quase sereno, tão sereno quanto o voo solitário da única ave que ficou para sobrevoar o silêncio, a quietude, a paixão inexplicável pelas árvores vivas que, a seus pés, acarinham os ramos secos das árvores mortas. Um carinho distante, inconciliável, unidos pela mesma paixão da garça!... E o ninho que nunca foi visto, o saca-rabos e a raposa, a distância sempre presente e a ausência de Deus que está longe das garças. Um dia, a vida, no mesmo dia, a morte!... Os saca-rabos que nunca foram vistos e as raposas que, longe dos nossos olhos, existem, à distância de um voo cansado, de um poiso rasteiro… até ao dia seguinte onde apenas um longo pescoço branco, um longo bico pálido e a vida que se ausentou, para sempre, dos olhos de uma garça!... A pena que restou, o acaso da distância e a distância percorrida por essa pena até à minha pena, penas que emplumam a vida sobre as margens de um espaço livre, das dúvidas sem margem!....
Longe de mim, para lá de minha aprendizagem,
À margem dos meus pensamentos que longe de mim se vão encontrar,
Compreendi que, muito longe de nós, somos uma breve passagem,
Passamos por percorrer o mundo que queremos abraçar,
Todo, para lá dos nossos medos e nossa coragem,
Compramos o bilhete de acesso à viagem,
O acesso à liberdade de sonhar,
E depois de tanto procurar,
Encontramo-nos na mensagem:
    Saímos de nós para em nós querermos ficar!...
Longe de nós, onde estamos longe de todos, todos são o que somos, próximos de ir onde nunca fomos, não fosse a vida que em nós caminha, o caminho mais distante para chegar ao outro… seríamos nós, no nosso lugar, esse lugar de onde nunca saímos.
Distante!...
Á distância de mim!...


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terça-feira, 3 de março de 2015

400 Poemas d'Alma


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   Haverá mais poemas que estejam por vir?!...
Talvez um poema se revele no que vou vendo,
Há poesia que, nas palavras, se foi perdendo,
Palavras que deixaram de sentir,
Deixadas partir,
Com algum poema que o fosse sendo,
E com as suas palavras fosse crescendo,
Sentindo a saudade de nele prosseguir,
A saudade do silêncio e de o saber ouvir,
O não saber que do poema sabendo,
O saberia, sabendo como não sorrir,
Com as palavras fosse aprendendo,
E com o poema aprendesse a rir…
Rir de não saber o que se vai lendo,
Sem deixar de ler,
Sem deixar de mentir,
Mentir às palavras sentidas,
E deixar que nelas o poema as queira esconder,
Fazer delas o que lhe apetecer,
Dá-las como perdidas,
Encontrá-las escondidas,
Na vontade de as conceber,
Senti-las vivas e atrevidas,
      E vontade de as ter!...
Há sempre mais um poema à espera de existir,
Todas as palavras desconhecidas existem,
Os sentimentos não desistem,
É sã, a carne viva da emoção de existir,
É tão viva a dor e o prazer da razão de resistir,
Resistência à tentação dos vazios que persistem,
Vazios que se enchem dos interiores persistentes,
 E no sossego do nada desejar em que insistem,
Nadas moles, atormentados e insistentes,
 E nada há que os faça desistir…
O nada dos nadas que do nada não querem sair,
E por nada que seja, sem nada, se deixam ficar,
Sem nada querer, ou não, e gostar,
De todos os poemas ausentes,
      Sem nada das palavras esperar!...

Vagueando entre palavras sem rumo,
Entre costumários sinais de rumo certo,
Na certeza de rever-se num poema incerto,
E na sorte certa de perder-se num breve resumo,
Leve como o desvanecimento de uma língua de fumo,
Que se eleva nos leves braços doutro fumo descoberto,
   E se esfuma na palavra cúmplice com uma leve ironia!...
   Uma baforada de cachimbo, lúdica e plena?!...
  Um beijo e um olhar de melancolia?!...
Flutuando sem destino, desencontro-me do tema,
Procuro-me no destino do tema vadio de uma pena,
Escrevo o destino dos pássaros nas asas de cada dia,
Dou asas à infância escrita nas asas de minha fantasia,
Como se eu quisesse ser fumo que voa de um poema,
Ser todas as palavras de um beijo que bocas silencia,
Ser a criança beijada e ser o beijo que me acena,
Soprado por quatrocentos lábios de poesia!...



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