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Meio combalido,
Apanho uma estrela cadente,
Adormeço sobre meu ânimo caído,
E solevando-me até ao meu sonho diluído,
Sorrio à melancolia que se dilui
suavemente;
É mágica a despedida da luz no sonho
poente,
Encontra-se o sonho com o sorriso
perdido,
E despede-se da noite que se faz ausente!...
Ainda combalido,
Ofereço a estrela aos olhos meus,
Nasce o sol no meu olhar agradecido,
Abro minha mão e liberto um adeus!...
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Entre o sono e o sonho, na Poesia de António Pina, a inteireza do sentir, a criação, a Arte e a força da Vida emergem de forma iluminada. Lugar de revelações, o Poema “Convalescença”, combate a melancolia, restaura a alegria, esculpe a linguagem, renova a esperança, celebra o nascer do dia e constrói com satisfação o fazer poético.
ResponderEliminarA especial sensibilidade sobre o contraste entre o amanhecer e o anoitecer determina o caráter rejuvenescedor dessa Poesia.
Se a dor ou o sofrimento legitimam a vida, seu contrário, a felicidade e a serenidade, também. Mas é da aprendizagem que d’Alma escreve. De dentro e do fundo. Aqui, a Arte, que constitui a figuração da experiência, propicia a Poesia que materializa o tempo. Com uma Paisagem privilegiada, o Poema emite, sobretudo, o fulgor que habita a Poesia d’Alma.Uma chama incendeia o verso [“Nasce o sol no meu olhar agradecido,”], e, iluminado, reacende o processo criativo.
Persuadida sobre a importância da iluminação, ou da chama, que essa Poesia provoca, espero ter assumido condignamente a minha função de leitora, enquanto participante de um sedutor jogo candente, em que o poente e o nascente se unem para aceder ao estatuto poético de um Novo Tempo [“É mágica a despedida da luz no sonho poente,”].
É, também é mágica a Poesia que é d’Alma. Corpo. E luz. E sol da Vida.
Felicitações.