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À força…
Fizeram de ti, terra sem identidade,
Impôs-se o impulso casual e urgente,
Tinhas de ser cravo para a posteridade,
Sem que pedisses para o ser,
Viram em ti proibidos desejos e toda a
Liberdade,
Foste Esperança à força nas mãos de tanta gente,
Vergaram tuas hastes numa fartura
aparente,
Para criar mais raízes fortes de
fertilidade,
Fértil, fértil, foi a ilusão da semente,
Foste renovo para esquecer,
E antes que o pudesses perceber,
Passaste a ser cravo de orgulho ausente!..
No lugar de cravos floridos de orgulho viçoso,
Movem-se gritos tontos a caminho da fome,
Tontos militares cheiram o seu cravo
famoso,
Um cheiro de vergonha liberta-se,
silencioso,
Os
cravos sem culpa são do Povo sem nome!...
Já não somos Portugal,
Já não somos Portugal,
Não sabemos que terra defender,
Sentimos este traidor desapego nacional,
Elegemos quem nos comeu, come e continua a comer!...
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“Cravos à Força”, tanto quanto tema quanto linguagem, com aguda sensibilidade, refere com lucidez, e imensa destreza literária e, sobretudo, humana, a grave crise política-social que o Portugal vivencia, incorporando-a à Poesia que une passado e presente para favorecer a reflexão sobre a realidade. E o Poema, sendo histórico, também faz história com a Poesia que denuncia a opressão, e por meio das metáforas, motiva a luta.
ResponderEliminarJá não é uma imagem de vigor, mas antes um cravo ressequido que se fecha em seu interior, deixando de ser livre e perfumado para se tornar apenas uma sombra. Ou uma semente poética à imaginação de um caminho inverso, e, ao encontro da história, reescrever uma nova Revolução.
A todos esses sentidos, e destinos, caminha a Poesia d’Alma, e, por ser sensível, resiste à violência apesar de todas as contingências alheias à Esperança de um mundo melhor: Arte.
Boa semana, d'Alma.
Não matem os cravos
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