segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cravos à Força


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À força…
Fizeram de ti, terra sem identidade,
Impôs-se o impulso casual e urgente,
Tinhas de ser cravo para a posteridade,
Sem que pedisses para o ser,
Viram em ti proibidos desejos e toda a Liberdade,
Foste Esperança à força nas mãos de tanta gente,
Vergaram tuas hastes numa fartura aparente,
Para criar mais raízes fortes de fertilidade,
Fértil, fértil, foi a ilusão da semente,
Foste renovo para esquecer,
E antes que o pudesses perceber,
    Passaste a ser cravo de orgulho ausente!..

No lugar de cravos floridos de orgulho viçoso,
Movem-se gritos tontos a caminho da fome,
Tontos militares cheiram o seu cravo famoso,
Um cheiro de vergonha liberta-se, silencioso,
   Os cravos sem culpa são do Povo sem nome!...

Já não somos Portugal,
Não sabemos que terra defender,
Sentimos este traidor desapego nacional,
   Elegemos quem nos comeu, come e continua a comer!...
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2 comentários:

  1. “Cravos à Força”, tanto quanto tema quanto linguagem, com aguda sensibilidade, refere com lucidez, e imensa destreza literária e, sobretudo, humana, a grave crise política-social que o Portugal vivencia, incorporando-a à Poesia que une passado e presente para favorecer a reflexão sobre a realidade. E o Poema, sendo histórico, também faz história com a Poesia que denuncia a opressão, e por meio das metáforas, motiva a luta.

    Já não é uma imagem de vigor, mas antes um cravo ressequido que se fecha em seu interior, deixando de ser livre e perfumado para se tornar apenas uma sombra. Ou uma semente poética à imaginação de um caminho inverso, e, ao encontro da história, reescrever uma nova Revolução.

    A todos esses sentidos, e destinos, caminha a Poesia d’Alma, e, por ser sensível, resiste à violência apesar de todas as contingências alheias à Esperança de um mundo melhor: Arte.


    Boa semana, d'Alma.

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