terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Atacadores
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Depois do sonho que o atacava,
Abeirava-se da velha cama sonolenta,
E deparava-se com o que sempre sonhava;
Ali estavam eles sobre a bota que
descansava,
Estendidos no sono de mais uma volta
truculenta,
Mal desatados por mais uma noite de
tormenta,
Nas voltas solitárias que na noite o sobressaltava!...
Sentado à beira do abismo de estrito uso
pessoal,
De braços atados pelo nó cego da cegueira
da sorte,
Contemplava seus pés de um despido branco
forte,
Pendentes de uma crua indiferença quase
vegetal,
A crescer no olhar vazio de um pálido vazio
mental,
Já sem as lembranças vivas da vida nem da morte!...
Já sem as lembranças vivas da vida nem da morte!...
Escolheu vinte dias em que ficou descalço
no frio,
Entrou em dezanove abismos e saiu por
cada ilhó,
Passou por todos eles como atacador de
ponta só,
Até encontrar seu par atacador em igual
desvario,
Uniram-se pelas botas num abraço de
amorfo nó,
Fazendo-se ímpar atacador de fatal nó corredio!...
Haurido pelo olho trespassado dos velhos ilhós,
Debruava buracos abertos ao silêncio das
dores,
Cegos nós na garganta estrangulavam-lhe a
voz,
Como quem ata olhos de solidão de homens
sós,
Ao silêncio de uma bota desatada por atacadores!...
Vinte ilhós e outros tantos longos dias
depois,
Puxou tenazmente as pontas dos fortes
atacadores,
Cada um apertou sua bota cheia de vidas
anteriores,
…e
partiram os dois!....
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Santa Cega Fé
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…o homem lá se apropriou da Fé dos
crentes,
Para atingir clímax sobre o ouro do pedestal,
Aprendera a persuadir a cega luz da santa
Fé,
Com a omissão dos pecados ricos de tanta
Sé,
Sôfrega de ignorância e de corações
doentes,
Flagela-se pelos vestígios do pecado
original,
Ostentação pura do ouro em veste
maternal,
Até à elevação de eleito deus, sendo quem
é,
E só depois, santo por decretos
convenientes,
Lavrados com o fino ouro de sábias
mentes,
Dos vulpinos que correm Cristos a pontapé!...
…queimam-se orações no inferno
dissimulado,
No infernal abismo dos sorridentes e
perversos,
Com vaidoso fogo das almas vendidas ao
diabo!...
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Lágrima!...
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Perto do sol que arrefecia,
Esgueirando-se do pôr do olhar,
Pelo desencanto dos olhos escorria,
Uma pequena lágrima que de tanto
cintilar,
Teimava em fazer olhos apagados brilhar,
Escondidos na noite triste que sentia,
Algum amor que neles se erguia,
Longe do desejo de amar!...
E ali ficava um corpo a arrefecer,
Gelando a esperança nas veias
entristecidas,
Esvaziado de sua longínqua vontade de
desejar,
Sem a vontade de encher-se com o desejo de viver,
Ali nos braços das más recordações consentidas,
Ao abandono das horas felizes esquecidas,
Que amor algum deixaria esquecer!...
E ali se punha o sol sem aquecer,
Lançando raios de uma sedução cintilante,
Sobre a pequena lágrima em deslize
periclitante,
Já muito perto de cílios vencidos pela
indiferença;
E o raio dos raios sedutores,
Sementes de tão ofuscada descrença,
Na certeza de terem desferido a
derradeira sentença,
Afastaram-se em suas vestes de sombra
triunfante,
Alheios à sombra da mais silenciosa das
dores,
E do grito sem destino engolido à
nascença,
Para ser grito de gritos libertadores,
Mas sempre tristes!...
E ali ficaram os olhos caídos,
Entregues à Vida de uma lágrima resistente,
Tão lágrima de uma vida desistente,
Ingénua de puros sentidos,
E do sentimento doente,
Que
não chora pelos vencidos!...
E
venceu!!!...
Quando se deixou cair,
Nos lábios já do beijo esquecidos,
Foi beijada por desejos sequiosos,
E outros desejos a reluzir,
Reanimados e luminosos,
Um novo olhar posto no porvir,
que graças à graça de intenso sentir,
Um novo olhar posto no porvir,
que graças à graça de intenso sentir,
Por uma pequena lágrima foram renascidos!...
Peço a Deus,
Que perdoe pecados meus,
Que te seja lágrima de olhos em mim,
Perdão me concedido aos olhos teus,
E que para sempre nos olhe assim,
Com a Esperança até ao fim,
No perdão em olhos Seus!...
Com a Esperança até ao fim,
No perdão em olhos Seus!...
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