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Vens tu,
amor,
Desces os
montes,
Passas por
baixo das pontes,
Corres
livre de qualquer estupor,
O estupor que te bebe nas fontes!...
Vens tu,
fresca e cintilante,
Por entre
os pedregulhos do rio,
És de
todos, és uma presente amante,
Um amor
cristalino e refrescante,
Corres
livre das margens do cio,
Insinuas-te à sede, radiante,
És saciar aconchegante!...
Vens tu,
em tua forma de escorrer,
Orvalho vivo
das manhãs adormecidas,
Por ti,
não se importa a sede de morrer,
Luta o
mundo para um pouco de ti beber,
Morrem
tantas lágrimas já ressequidas,
Do bem
comum que és, escondidas,
Escondem-te
do direito de viver,
Vivem
crianças, por ti, suicidas,
Morrem por não te ter!...
Vens tu, amor,
Inocente
sangue da terra,
Sangue do
poder do estupor,
Estupor
que sedento de guerra,
Em sua
sede de poder te encerra,
E por ti dá a beber só a dor!...
Dias de
desespero virão,
Dias a
transbordar de mágoa,
Dias que
nas veias anoitecerão,
Dias de sede, desertos sem água!...
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