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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Sede Salgada

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Os mares que que correm no bacalhau salgado,
Fazem correr rios que em minha boca desaguam,
Do sabor do suor que por mares de uvas foi pisado,
Emerge o sabor forte em rios de vinho naufragado,
De tão salgados, já meus sequiosos rios não suam,
Secam os nossos olhares que com os rios amuam,
    Não há bacalhau que seque neste mar acabado!...

Sacia-se o tempo,
Do tempo que não faz,
É o mar salgado mais sedento,
Quando a sede é um salgado tormento,
Que mais sede, cheia de sede, consigo trás,
Sem água nem vinho, só o lamento,
Desta insaciável sede voraz,
Sede sem fundamento,
    Só de sede capaz!...

Imaginam-se lençóis de água debaixo do lençol,
As sereias aguardam em salgados oceanos,
Esperam ser pescadas por doces enganos
Um sujo copo vazio morde o anzol,
Alucina o vinho debaixo do sol,
    Bebem do seu sal, os humanos!...


E continua o copo vazio,
Onde não há meio de chover,
O sal no bacalhau não para de crescer,
Enchem-se de sal os caudais secos do rio,
Cresce na boca água em pó com sabor a fastio,
Por afogamento, talvez a sede possa morrer,
  De sede não vá morrer a sede, por um fio,
     Fio d'água onde volte o vinho a correr!...


  
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sábado, 23 de setembro de 2017

Água de Guerra

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Vens tu, amor,
Desces os montes,
Passas por baixo das pontes,
Corres livre de qualquer estupor,
    O estupor que te bebe nas fontes!...

Vens tu, fresca e cintilante,
Por entre os pedregulhos do rio,
És de todos, és uma presente amante,
Um amor cristalino e refrescante,
Corres livre das margens do cio,
    Insinuas-te à sede, radiante,
        És saciar aconchegante!...

Vens tu, em tua forma de escorrer,
Orvalho vivo das manhãs adormecidas,
Por ti, não se importa a sede de morrer,
Luta o mundo para um pouco de ti beber,
Morrem tantas lágrimas já ressequidas,
Do bem comum que és, escondidas,
Escondem-te do direito de viver,
Vivem crianças, por ti, suicidas,
    Morrem por não te ter!...

Vens tu, amor,
Inocente sangue da terra,
Sangue do poder do estupor,
Estupor que sedento de guerra,
Em sua sede de poder te encerra,
    E por ti dá a beber só a dor!...

Dias de desespero virão,
Dias a transbordar de mágoa,
Dias que nas veias anoitecerão,
    Dias de sede, desertos sem água!...
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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Sal do Prefácio e da Vastidão

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Escrevendo-me nos vastos prefácios do mar,
Fiz-me cada oceano das palavras navegáveis,
Da vastidão, fiz-me minúsculo para desaguar,
Nas frescas fontes onde tu te pudesses saciar,
   Fontes tuas, de tua sede, sempre insaciáveis!...

Escrevendo-me com minhas palavras salgadas,
Em barcos de papel, onde eu queria que fosses,
Fiz-me verbo escoado de lágrimas naufragadas,
Signifiquei-me em palavras de águas desejadas,
    Fazendo-me um imenso mar de palavras doces!...

Já não sou imenso nem sou mar contemplado,
Não sou o sal no prefácio azul das águas vastas,
Sou a falésia e a contemplação do mar passado,
Sou regato feliz percorrido por  palavras gastas,
   Palavras sempre frescas por ter-te encontrado!...

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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fonte Eterna

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… e quando tua fonte secar,
Beberei toda a sede que deixares,
Serei a tua fonte de onde vai brotar,
Toda a nossa insaciável sede de amar,
E se, tão sedenta de mim, me amares,
Seremos a fonte de todos os lugares,
     Serás minha água e o meu saciar!...

Nada espero dos rios incansáveis,
Nada peço à fúria das águas doces,
Somos sal dos mares inalcançáveis,
E, fosses tu a água que não fosses,
    Seremos duas águas inseparáveis!...

E quando todas as fontes brotarem,
Serão teus doces lábios, todas as bicas,
Para meus lábios, teus lábios beijarem,
    Serás toda a água que em mim ficas!...

… e quando secar esta nossa fonte,
Nossa água fresca continuará a correr,
  Lembras-te de tua primeira água eu beber?...
Continuas fresca nascente no cimo do monte,
Flutuam nossos beijos de água sob a ponte,
     Onde nos debruçamos para a água nos ver!...
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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Doce Vinho de Rosas Brancas

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Vossos néctares de castas francas,
Gratuitos vícios de fragrâncias mil,
Transformaram-se em água vil,
    Leve vinho de rosas brancas!...

Nasceste rosa,
Cresceste entre vinhas,
Foste uma videira graciosa,
Quiseste ser poética prosa,
Poema nas entrelinhas,
    Poesia silenciosa!...

Cuidaste de todos os jardins,
Colheste as tuas uvas saborosas,
Esmagaste-as e fizeste-as ditosas,
Confundiste vinhas com jardins,
Em teus roseirais deste festins,
    Jardins de brancas rosas!...

Acabaram as rosas no fundo de um copo vazio,
Sem uma gota d´água que lhes matasse a sede,
Embranqueceu o fígado num branco jardim frio,
   Rosas ébrias, entre brancas pétalas e a parede!...


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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Gota de Sede... insaciável

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Não foi tua sede que mataste,
Bebeste toda a minha sede por ti,
Por ti ficou esta sede que deixaste;
És gota única de minha sede sequiosa,
Talvez lágrima que em teus olhos eu li,
És nascente farta e fonte luminosa,
És poema feito de água preciosa,
    Último verso que eu não bebi!...

Um piscar no teu piscar,
Lê-me com o desejo que te leio,
Lemos a gota sedenta em nosso olhar,
Copiamos o brilho malicioso na gota imerso,
E expandimo-lo para todo o universo,
Numa gota ímpar sem se esgotar;
Abres teu peito livre e revelas teu seio,
Universal, o próprio universo… e cheio,
    Teu outro seio convida-me a beijar!...

Na última gota que ainda não bebi,
Está tua sede insaciada por me saciar,
Versos salgados,
 Que no teu corpo escrevi!...

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