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quinta-feira, 10 de maio de 2018

Alma de um Livro Invisível

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Sou este meu livro que nunca escrevi,
Aos olhos ínvios de quem nunca me lê,
Sou cada página que à página fala de si,
    Não há uma só folha que saiba porquê!...

Desfolha-me quem não me vai lendo,
Passa pelo livro que sou e não me vê,
Já cheias do que não vou escrevendo,
    Ficam as nuas páginas à minha mercê!...

Há perfume escrito com cores de rosas,
A letra perfumada de uma pétala aflita,
Um jardim cheio de palavras preciosas;

Não lêem o silêncio no livro que grita,
Nem o segredo das páginas silenciosas,
    Murmúrio das palavras jamais escritas!...

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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Soneto à Portuguesa (Caso Sério do Putedo)

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choveram sedosas rendas lá do alto,
E mais finas vestes desnudas também,
Gastei a vergonha em sapatos de salto,
    Dei por mim na esquina e sem vintém!...

disseram-me em juras que andar nua,
Era meio caminho feito para me vestir,
Vi-me, foi despida nas esquinas da rua,
   Sem saber pra que mais vergonhas cair!..

É muito fodida esta puta de desilusão,
Hoje, acusadoras apontam-me o dedo,
Adivinho-as sem remorsos, só intenção;

Mas, já nada das sérias me mete medo,
Nem ao corpo, à alma ou meu coração,
   Pois, são elas o caso sério deste putedo!...
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