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domingo, 27 de julho de 2014

O Lobo Branco da Estrela


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Os lobos já não são o que deles sempre se esperou,
Guiam as ovelhas cegas como fiéis cães,
Meigamente,
Com dentes da Estrela fizeram-se pastores Alemães;
Um cordeiro pergunta pela irmã que se tresmalhou,
De sorriso vestido um lobo branco para ele se virou,
Docemente:
-Foi imprudente!...
Á sua volta, vestiam novas peles os guardiães,
Com carne nos dentes, o lobo branco, o cordeiro beijou;
   Nos campos brancos cobertos com a lã de muitas mães,
O pequeno cordeiro ajoelhado, com o lobo rezou,
Timidamente,
  E, crescendo, por ali se ficou,
Com a pele que com ele, o lobo trocou,
   Humildemente!...

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terça-feira, 16 de abril de 2013

Filhos das Tristes Ervas

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Entre as sombras das linhas e o advérbio invisível,
Esgueira-se na noite uma verdejante alma sensível,
Longe dos caminhos perdidos das eruditas catervas,
Modificando os sentidos de um sofrido verbo risível,
No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
Amenizando intensidades de tempos sem reservas,
Circunstâncias indicadas no pensamento concebível,
Gravado a fogo na fria capa por platina das minervas,
      Favor que queima a pele dos filhos das tristes ervas!...

Entre linhas sombrias e o invisível advérbio solitário,
Brilha o olhar cabisbaixo da vergonha e seu contrário,
Infâmia de um penitente, inocente de sua condição,
Essa pobreza quase daninha em consagrado glossário,
Léxico rejeitado nos abandonados ermos de perdição,
Onde crescem arcaicos termos adverbiados de rejeição,
Verdes a ervas sempre verdes na esperança do corolário,
Proposição lógica de impoluta Alma por justa asserção,
    Culpa evidente da inocente erva dada à luz na redenção!...

No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
     Vivem inocentes, os solitários filhos das tristes ervas!...

Conspiram nas searas perdidas as gramíneas virulentas,
Pintando céus azuis com arrebatadas opiniões cinzentas,
De pungidas lembranças dos silenciosos galrachos parasitas,
Desenham-se veracidades sobre testas de ferro truculentas,
Lavando o rosto de aparentes chupins de si mesmo eremitas,
Despindo inverdades danadas na lavra de insuspeitas desditas;
Restou todo um céu celeste sem as falsas palavras nebulentas,
Revelando fracas ervas pelo valor de uma erva mágica sedentas,
Magia que da pobreza nasceu como ervas de ouro descritas!...

Voam entre reis, caminhando no seio das pessoas benditas,
Respeitando o modo de ser das palavras, suas humildes servas,
    E vivem felizes na inocência de solitários filhos das tristes ervas!...
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sábado, 23 de março de 2013

Domingo de Ramos


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Abramos o nosso Coração,
Que nosso coração se abra exultante,
A Ele, à esperança e ao sentir da Oração,
Aceitemos com humildade essa emoção,
De receber Jesus Cristo com fé abundante,
Agradeçamos toda a sua luz cintilante,
E o júbilo da Divina sensação,
   De sua entrada triunfante!...
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Custo da Altiva Vez

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-Sou folha da árvore que sou,
Folha que cai dentro de mim,
Sou árvore nua que me vou,
Desta terra mãe onde estou,
     Deixo minhas raízes sem fim!...

Sou o Ser de meu ser com raiz,
Ser de ser Árvore e ser o fruto,
Sou o tudo ser do ser que quis,
Ser como ser árvore e ser feliz,
     Sou em Vida o meu verde luto!...

Fui Raiz enterrada ainda viva,
A causa de vida à existência,
Fui-me tão única alternativa,
    À minha vida verde de diva!...

Na sombra de minha demência,
Fui jejum de minha penitência,
Alimentei a minha raiz sensitiva,
    Com seiva de minha clemência!...
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-Era uma árvore altiva,
Vivendo à sombra de sua altivez,
Não era, amigo arbusto?...
-Sim, arbusto amigo,
Concordo contigo;
Sem sol que iluminasse sua pequenez,
Sua vontade de ser não foi impeditiva,
De tombar por falta de lucidez!...
-Diz-me, amigo arbusto,
Qual o preço a pagar pela altivez?..
-Sem ter a certeza de ser justo,
Há uma relação, talvez,
Na distância entre a raiz e altiva vez,
Quando lá muito do alto... e do susto,
Não ver suas raízes e cair,
Por desmesurado subir,
     A qualquer custo!...
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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Presépios...

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Sem o brilho da ilusão,
Monta-se o presépio dos iludidos,
Em cada cena sobressalta a alucinação,
Abraçada pela insânia dos desejos perdidos,
É dormente a força perdida deitada nos pedidos,
E o desejo dorme no desperto íntimo da humilhação,
Enquanto o estábulo deserto pretende ser a negação,
Da Luz acolhida na esperança de todos os acolhidos,
Para quem a saudável humildade é a realização,
   Dos humildes desejos dos desiludidos!... 

No outro lado prescindiu-se da esperança,
Enfeitaram-se pinheiros de ouro com peso imoral,
Nada se perdeu nem em Jesus há qualquer semelhança,
Com o pequeno brilho desprezado pelo infiel fiel da balança,
Onde são pesados os mais pesados erros de enfeite fatal,
E há ricos que se vão perdendo numa alucinada dança,
   Nos delirantes tentáculos de um padrasto natal!…

Ardem palhas de conforto possível,
Nos olhos inflamados em fogo sem rosto,
Derramam-se lágrimas falsas de combustível,
   Na Esperança sempre vítima de fogo posto!...
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