Mostrar mensagens com a etiqueta desespero. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta desespero. Mostrar todas as mensagens

domingo, 31 de dezembro de 2017

Última Aposta (O Fim)

.
.
.

Os dados já foram lançados,
Libertarão a brancura das pombas,
Os olhos da verdade continuarão jogados,
Pouca sorte a dos inocentes condenados,
    A peças mortas em tabuleiro de bombas!...

Mais um segundo de vida que passou,
Ultimo momento de um estranho jogo,
Na falta de tudo, tudo vale, até o rogo,
Perdeu tudo quem toda a vida queimou,
Ardeu a inocência consumida pelo fogo,
     Ardeu todo o tempo que a vida apostou!...

No fim,
Aposta-se tudo que já não se tem,
Na esperança de tudo vir a ter,
A sorte não começa, porém,
Aproxima-se o fim com desdém,
Sem o dia seguinte, acabado de perder,
Talvez houvesse um dia de sorte mais além,
Naqueles momentos que passam sem se ver,
Deixa o desejo que todo o prazer contém,
E por ele é capaz de a inocência morrer,
Morte do dia seguinte que já não vem,
   E jamais haver a sorte de o saber!...

É no princípio do fim,
Que se aposta em tudo que se perdeu,
Aposta-se em todas as flores de um jardim,
  No mesmo jardim onde tudo morreu!...
.
.

.



  

domingo, 19 de abril de 2015

Despertar de uma Flor Enganada (A Revolta)








.
.
.

Pobre pálido idealista,
Com teu verde no chão,
Vermelho até ao coração,
Minha linda flor imprevista,
Intuíram-te numa ideia altruísta,
Para que fosses a flor de uma nação,
O jardim à beira mar sentiu a tua desaparição,
Lembra-se de seres semeada num bolso capitalista,
    E de ver-te crescer nas esnobes lapelas de um ladrão!...
Que fizeram de ti, minha pobre flor?!...
Semearam-te,
Ajudaram-te a crescer na ilusão de um mar imenso de amor,
Convenceram-te que aos cais das despedidas, não voltaria a dor,
   E, depois do idílio, desengano após desengano, foram partindo,
Os poucos que aos poucos foram ficando… violaram-te!!!...
Da tua dignidade violada, os violadores foram rindo,
Ainda lhes imploraste: - Por favor!!...
Tua esperança foi diminuindo,
Amordaçaram-te,
Tua voz foi-se calando a mando do censor,
Os revolucionários libertadores enganaram-te,
E sentiste que se desvanecia o teu alegre rubor,
Ignoraram-te,
Maltrataram-te,
Espezinharam-te,
 Foste abandonada no canto mais austero da Democracia,
Foste murchando com a esperança murchando ao teu redor,
Sentiste que a ilusão da terra lavrada, outrora fértil, esmorecia,
E questionas-te, agora revolucionada pelo teu verde pudor,
Sobre teu caule revolucionário que há muito não se via,
Olhas o jardim onde não estás e só vês a maioria,
Jardins cheios de eleitas maiorias sem valor,
Jardins, por ti eleitos, de eleita tirania,
   Que te fazem vermelho de rancor!...
Uma indescritível história de desamor,
E se palavras houvesse para o descrever,
A vergonha nãos as deixaria dizer,
   E ali ficam contigo, pobre flor!...
Que fizeram de ti?!...
Amaram-te,
Ilustraram-te,
Coloriram-te e serviram-se de ti,
Decoraram o concreto das cortinas de murais,
Deram-te um inesperado emprego e desempregaram-te,
   E as belas cores da igualdade, não voltaram, jamais…
   Abandonaram-te!...
Que quiseram eles de ti?!...
Deram-te à terra e desenterraram-te,
E nem sequer um pingo de chuva aparece,
Nem a chuva, nem um só amigo,
Que partilhe contigo,
A dignidade que uma flor do Povo merece!...
O que fizeram de ti, minha revolucionária flor,
Que, em ti, a revolução floresce,
Liberta-se e cresce?!...
Ignorando a semente, enterraram-te,
Enterrado vivo na terra quase morta, o desconchavo,
Renasces revolução nesta democracia que apodrece,
Revolucionaram-te...
Sem apelo nem agravo,
    Meu vermelho e verde Cravo!...
Despertaram-te!...
.
.
.

  

domingo, 27 de julho de 2014

O Lobo Branco da Estrela


.
.
.
Os lobos já não são o que deles sempre se esperou,
Guiam as ovelhas cegas como fiéis cães,
Meigamente,
Com dentes da Estrela fizeram-se pastores Alemães;
Um cordeiro pergunta pela irmã que se tresmalhou,
De sorriso vestido um lobo branco para ele se virou,
Docemente:
-Foi imprudente!...
Á sua volta, vestiam novas peles os guardiães,
Com carne nos dentes, o lobo branco, o cordeiro beijou;
   Nos campos brancos cobertos com a lã de muitas mães,
O pequeno cordeiro ajoelhado, com o lobo rezou,
Timidamente,
  E, crescendo, por ali se ficou,
Com a pele que com ele, o lobo trocou,
   Humildemente!...

.
.
.




quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Piano


.
.
.

Há Luz dada, pela primeira vez, a pessoas que são imediatamente esmagadas pelo nome, pelo peso infalível das linhagens familiares e sociais!... Como se não bastasse, costuram-lhe umas asas ainda mais pesadas do que o peso de não ter escolha e escondem-lhe as encruzilhadas, a escolha de um caminho e a opção do erro!... A obrigação de ser algo perfeito, sem alternativa, é uma imposição sem condições entre pequenos universos fechados entre si e para sempre gratos… como se cada um seja um elo grato a outros elos que, por sua vez, pagam a gratidão com mais gratidão, sem quebrar a corrente que se aperta por cada nova Alma dada à Luz… sem outra opção nem vocação, talvez, para voar o voo dos progenitores, sempre fartos, leves e felizes, bem aos pés das falésias!...
Há sempre um qualquer Filho da Luz que um dia se quebra da corrente e decide dar asas à Liberdade que nunca conheceu; sobe a pulso e experimenta, pela primeira vez, a dor esforçada dos braços… por cada centímetro conquistado, por cada pena das asas que escolheu!... E chega ao ponto mais alto do que lhe fora negado desde a primeira Luz ao primeiro e único clarão breve do salto!...


O piano desespera,
Obrigado a ser alguém,
Por ser filho de quem era,
Todos o sabiam muito aquém,
Dos plágios que sempre fizera,
Um dia subiu ao alto da Primavera,
Amaldiçoou o pai e o nome da mãe,
Do alto de si amaldiçoou-se também,
E voou para o que de si sempre quisera,
Ao encontro do saber não ter sido ninguém!...

Restou uma imagem sem registo,
Uma fotografia esquecida de tirar,
Já revelada pelo sacrifício previsto,
Dos seus pianos obrigados a tocar!...


E nenhum Piano se calou, nos palcos seguros dos elos protegidos e obrigados a ser alguém, por serem filhos de quem são!...

.
.
.