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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Talvez Apostasia

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Lá do alto, onde a cegueira o via,
Ele observava do seu altivo olhar,
Do alto a baixo, fé perpendicular,
Uma linha, o caminho da idolatria,
Perfeito em sua forma de fantasia,
Até que algum corte fizesse falhar,
     Tanta fartura de fé, luz de cada dia!...


Pura, a carne virgem na horizontal,
Deitada num desejo que a despia,
Fitava o brilho do que a confundia,
Todas as estrelas do seu céu carnal,
O desejo e a confusão,
 O pecado e a confissão,
O medo do corte, castigo corporal,
E o sangrar do corte que não queria,
Corte que já fora perfeito e vertical,
O seu acto de contrição,
  Talvez a liberdade, talvez apostasia!...
 
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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Em nome d'Ele (Propósito do Senso Católico)

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O católico é um ser vingativo, por sua natureza,
Seu corpo, mesmo humilde, veste-se de riqueza,
Pelo seu deus, até por Deus, a Deus renuncia,
Esconde-se da Alma de Deus e da beleza,
E, desalmando-se de Deus, anuncia,
Mais um santo eleito com alegria,
  Santo que morreu de tristeza!...

Sinto crescer a descrença,
Não acredito no que me tornei,
Já nada sei sobre o que Deus pensa,
Sinto-me pecador como nunca e uma ofensa,
Ofendi os pecadores e por mim pequei…
Por mim, nunca a Deus me entreguei,
Mas, sempre em mim O senti,
Como imagem que nunca vi,
A mesma imagem a que sempre me dei,
      Imagem de esperança que d’Ele tenho de Si!...

Rogo-te que me apazigues, meu Deus,
Porque a nobre Igreja erguida em teu nome,
Enganando inocentes almas, os filhos Teus,
E, adoptando-os como sendo filhos seus,
    Alimenta-se, sôfrega, de sua fome!...
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Confissão dos Pecados Inconfessáveis

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Todos temos inconfessáveis pecados,
Escondidos no inferno da consciência,
Alguns permanecem bem guardados,
E logo vem o castigo pela confidência,
  Dura lei dos pecadores inconfessados,
    Que auferem de decisória tendência!...

Exibimos os pecados que não temos,
Atrás dos pecados que escondemos,
Pecamos por virtude,
E por vício para que vícios paguemos,
Absolvida vicissitude,
De pecados, amiúde,
 Antes que os pecados confessemos!...

Também eu me confesso,
Dos pecados que não tenho,
Confesso que de mim desdenho,
Por ter culpas do que não expresso,
Parto do pecado, inconfessável regresso,
  Sou um caminho de pecados por onde venho,
      Sou cada pedra do meu caminho onde tropeço!...
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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Dia-sim, Dia-não das Virgens

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São beijos de puta, pecados virgens
Comprados pelo perdão da caridade,
Perdoar o pecado é virtude de origens,
Entregam-se ao abismo por necessidade,
Equilibram-se no prazer sem vontade,
São violadas por infiéis vertigens!...

Olham desoladas,
As pobres prostitutas originais,
Para as ricas senhoras de sucessos virais,
Acompanhantes, por infiéis acompanhadas,
São virgens para quem lhes pagar mais,
Umas prostituem-se amarguradas,
Outras são sérias putas casadas,
    No reino das prostitutas reais!...

Pobre prostituta, pobre,
Já nasceste sem virgindade,
Não tiveste a sorte de ser nobre,
Compram parte de ti pela metade,
Vendes aos infelizes tua infelicidade,
São felizes com a triste sorte que te cobre,
Pedes a Deus que tua coragem recobre,
     Te cubra com uma réstia de dignidade!...

Não és virgem imaculada,
Não sabes que há virgens, pois não?...
Não és virgem todos os dias de tua vida desgraçada,
Ricas, as senhoras são virgens, dia sim, dia não,
São putas de tudo e de ti não resta nada,
     Nem a origem do amor no teu coração!...

Olha quem te viu,
Olha quem te Vê,
Não foi uma virgem que te pariu,
As filhas do dia-sim, são mães de quem as cobriu,
 As mães do dia-não, morreram de desgosto e ninguém sabe porquê!...
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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Beijo Íntimo

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Os beijos lambem-se no perfume do seu tecido,
Beijam-se fechados em sua louca sofreguidão,
Os beijos escondem-se do beijo apetecido,
Beijam-se, solitários, com a sua solidão,
Os beijos escondem-se no coração,
Escondem o beijo escondido,
Há um beijo oferecido,
Beijos de paixão,
Beijo perdido,
     E encontrado... só!...
Só, em íntimos murais,
Murais pintados de moral,
A moral dos beijos providenciais,
Beijados pelos lábios do céu, celestiais,
Ao som de uma só voz entoada num madrigal,
Beijos puros, feitos de céu, ternura e pouco mais,
Desconsolo do beijo, proibição da carne, do beijo carnal
   O desejo de beijar e ser beijada pelos lábios de beijos iguais!...
   E o pecado!...
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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Puro Amor


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Não me leves o medo de sofrer,
Quero sentir a dor de cada pecado,
O fogo que na carne não os deixa ver,
Deixa que eu mereça ser o crucificado,
Que meu Amor por eles seja meu legado,
Eles saberão Amar enquanto neles eu viver,
Todo aquele que não Ama, ver-me-á morrer,
Esse não provará o doce sabor de ser Amado,
   Nem verá a Vida, para além da Vida, renascer!...

 Não me abandones, medo de sofrer

  Não me abandones amor amado!...

   
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Anuência do Fim do Mundo - Silêncio da Culpa e da Inocência


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Crianças desfilam em passadeiras rendadas,
Despidas da inocência até às rendas adultas das ligas,
O adultério embuçado de silêncio não lhes diz que foram violadas,
Transformando-as em sombra de silenciosas filhas envergonhadas,
Ainda antes que o sol despontasse nos olhos das jovens raparigas!...
Os pais anoiteciam no segredo do ciúme, demasiado cedo,
Mães, entregavam-se às noites da vergonha e do medo,
O silêncio da noite contava às filhas histórias antigas,
Histórias que se escondiam no silêncio das amigas,
E das lágrimas agrilhoadas ao mudo segredo,
     Atrás dos gritos das palavras amordaçadas!...
Hoje, já mulheres desesperadas,
As crianças continuam a desfilar,
Pais pagam para as namorar,
Mães são desprezadas,
   E proibidas de falar!...

Os pequenos lábios vermelhos desfilam, sensuais,
Insinuam-se os olhares perdidos nas cores do pecado,
Os aplausos entrelaçam-se em nós de laços carnais,
E antes que as crianças possam crescer mais,
   Já suas virgindades têm o destino traçado,
Com a anuência destes tempos brutais,
       Num banal espectáculo desgraçado!...
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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

(im)Postura

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…perturbação entre a dúbia mistura,
Dúvida e certeza e início concludente,
Na cruz, o pior de retro, à frente a lisura,
A fé líquida no chão, sobre ela a espessura,
A percepção esgueirada e temente,
A vénia urgente,
O lustrar da moldura,
A obediência da figura,
Sagrada loucura patente,
Na arrogância pertinente,
E a ostentação impura,
Da pureza descrente,
     Crente na postura!...

O resto da mão,
O Coração e o que resta,
O beijo, a baba e resto da razão,
A primeira cruz impiedosa na testa,
A distância à distância do perdão e o perdão,
O castigo auto infligido e a obrigação,
A curva do ímpio que se presta,
E os curvados em conversão,
Os olhos arrancados do chão,
A raiz desenterrada e a floresta,
    E Deus acima do que é permitido ver!...
E o maior pecado!...
A elevação do olhar e espírito elevado,
O pecado da falta de razão de viver,
A falta de vida e nunca morrer,
O que podia ter faltado,
-E faltou-
A falta que Deus perdoou,
E entre os deuses, Deus impossível de ter,
Sem que jamais chegasse a entender,
Porque Deus não o olhou,
Se tudo fez para o merecer,
   E se pecado houve, foi por Ele que pecou!...
Ou…
Pelas portas que se foram trancando,
E o trancaram num deus do qual não se libertou,
E sem saber que pecando,
Desde que Deus o criou,
    Com Ele se foi libertando!...

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 Os reis estão em muitas barrigas,
Deus não enche a barriga a ninguém,
Alguns donos de Deus são divinas desobrigas,
Dispensados do pecado comem com serpentes inimigas,
Engordam com todos os pecados que lhes sabem tão bem,
Dos dez mandamentos apagaram-se as intolerâncias antigas,
  A luz deveria libertar e está nas mãos da impostura que a tem!...
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sábado, 17 de agosto de 2013

Luz Fria do Vaga-lume

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A luz fria do lume que vaga,
Luz de vaga-lume que no dia se apaga,
É lume no olho na procura tímida do lume,
Castigo da natureza que não compreende nem afaga,
O namoro da sombra escondida que na noite se assume,
    Chorando lágrimas de luz que sulcam o mudo negrume!...

Lavando a alma na mente pela qual mentem as mentes,
Abrem-se submissas as nalgas de homo aos iguais sorridentes,
Errando nos corpos ooscopias ínvias de lúbricas penetrações,
Lírica desordem do vómito e confuso prazer nas evacuações,
Rasgam tecidos das pregas dos assumidos arincus diferentes,
Propondo obstipados castigos a pagar de invertidas sensações,
Apontada culpa da natureza não julgada por erradas vibrações,
     Prazer marginal dos corpos pelo desejo à natureza obedientes!...

Pirilampos escondidos na luz preconceituosa do dia,
Movem-se sob pálpebras pesadas que cobrem o olhar,
Natureza da prisão hermética dos olhos proibidos de amar,
Libertando na noite fechada, desejos de desafetada analogia,
Para encontros na natureza pirilâmpica com direito à harmonia,
Onde brilham luzes-cus raiados entre a concupiscência do luar,
Voando em rastos de luz da liberdade que lhes oferece o voar,
    Penetrando o mistério das nuvens até ao céu azul da maioria!...

Embriaga-se o corpo na revolta das noites bebidas,
Hão de vingar-se da cega luz dos dias arrogantes,
Iluminando com a luz de suas certezas vacilantes,
Até adormecerem no leito das horas perdidas,
Para acordarem novas mentes renascidas,
    E não mais serão como dantes!...

Na natureza, nem tudo é o nosso ouro ou vossa prata,
Nem toda a luz corresponde aos nossos desejos brilhantes,
Mas, se o amor é sol nascido até para cinzentos semblantes,
    Já a lógica das diferentes cores em julgamento, é uma batata!...
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