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Pôs as mãos na água,
E para sua grande mágoa,
Nunca vira o fogo sob a panela;
Bateu o pé,
Pela inocência do Zé,
Zé, o Povo que apanhou por tabela,
Era o único Zé; Zé, néscio e magrela,
Sempre apanhado de boa maré,
Um cãozinho curto pela trela,
Sempre muito cheio de fé,
E de cada “cadela”,
Que só visto!!...,
Ao que, por não prever o imprevisto,
Bebia dos copos onde as mágoas se
afogavam;
Bem que tentava ele pôr suas mãos no
braseiro,
Mas se na fervura do vinho ardia o seu
dinheiro,
Até as mágoas do fogo ateado o roubavam,
Consumindo o Zé, o Zé por inteiro!...
Pôs ambas as mãos na água e sem medo,
Pelo Zé, até os seus punhos, punha no
fogo,
Zé, esse indomável animal feroz e
pedagogo,
Exemplo para qualquer Zé calado e quedo,
A quem Zé algum deveria apontar o dedo;
Ignorou a gasolina e o fósforo demagogo,
Os fantásticos factos e factos de
bruxedo,
Apostou as mãos firmes no calor do jogo,
Foi então que numa noite, muito cedo,
Aconteceu o social e político degredo…
do Zé!!!!!!!...
Perdida a aposta, lá se foi o segredo,
E o Zé, esse incomparável Zé inocente,
Com suas mãos como dois tições em brasa,
Escapuliu a arder do fogo à solta em sua
casa,
Ardiam segredos e quentes provas, certamente,
E as ricas penas ganhas em suaves golpes de asa;
E o Zé, esse Povinho que é quase sempre sapiente,
Continuou com sua razão de Zé, crédulo e dormente,
Razão que o fogo do Zé ou de Zé algum jamais arrasa,
Por muito que qualquer Zé ou Zé-ninguém o tente!...
Vão todos ver o Zé das Sapatilhas,
Zé farsante como todos os Zés farsantes,
Farsantes levam-lhe água e outras
maravilhas,
Por ele já não põem as mãos de molho como dantes,
Dão-lhe tapinhas nas costas com cruzes e cavilhas,
Sabem do fogo e de queimaduras semelhantes,
E da água em fervura que escalda quadrilhas!...
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