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domingo, 30 de dezembro de 2018

Como Outro Dia Quaqluer

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Não estava frio,
Nem estava vento,
Estava um dia cinzento,
Como outro dia qualquer…
Não se ouviam vozes do rio,
Cheio de silêncio e tão vazio,
Tépido fio d’água alvacento,
Caudal adormecido e tardio,
Como outro rio qualquer…
Não se via um sentimento,
Não se via no olhar o brio,
Vestígios de um lamento,
E nem por um momento,
Se fez luz, se fez sombrio,
Apenas esse passar lento,
   Como outra vida qualquer!...


Nem frio,
Nem vento,
Apenas cinzento,
Tanta vida por um fio,
Traçada na folha do tempo,
   Como outro dia qualquer!...



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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Salto aos Olhos da Malta


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Aproximam-se do arco da ponte mais alta,
Caindo do chão até às vertigens oscilantes,
É tão antecedente a cruel tristeza que salta,
Ante os olhos da pouca felicidade que falta,
 Há o abraço vazio abrindo-se por instantes,
E antes que as angústias se façam distantes,
    Despediu-se o adeus à indiferença da malta!...

A malta guinda-se até ao fundo do próximo dia,
Descem comprimidos para amortecer o abraço,
A malta vende dias anteriores à memória vazia,
 Descontinua-se o pilar da ponte sob a travessia,
 Sucumbe a ponte que é testemunha do cansaço,
     E de sua tristeza que pela fria malta se angustia!...

Tantos dias a construir a ponte, agora oscilante,
Sem que soubesse de alguém que o soubesse,
Talvez o seu silêncio triste no-lo dissesse,
Mas o dia a dia foi sempre hesitante,
Talvez a ponte não fosse o que parece,
E o amanhã não parecesse tão adiante,
Dessa solidão de todos os dias tão distante,
Tantos dias, e um só dia que fosse, assim o quisesse,
   Como se, em vez do salto, fosse travessia confiante...

Ao olhar da malta!...
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sábado, 27 de dezembro de 2014

Dióspiros Silenciosos (O Fruto Maduro de Deus e a ilusão da carne)


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…e vieram os dias seguintes,
Dias de silêncio e pouco luminosos,
Dióspiros vão amadurecendo, silenciosos,
Como sombras maduras da luz dos pedintes,
Revelavam-se tímidos aos cegos ouvintes,
Olhos fechavam-se aos frutos preciosos,
     Amoucados com todos os requintes!...

Gente de carne, osso e pensar desossado,
Comem carne e os ossos até morrerem de fome,
Aos humildes dias de fartura comeram-lhes o nome,
Sem nome, vai passando o esquecido passado,
Pelo amanhã sem futuro que gente come,
Até restar um obeso dia de pecado,
Que um dia de tão enjoado,
      Nele mesmo se some!...

Há um dia cheio de Luz em que Ele nasceu,
Um dia antes do milagre, só se pensa em comer,
O dia seguinte apresenta a conta pelo que se comeu,
Por conveniência, a fome fez de conta que morreu,
A magra fé no alimento da Alma continua a morrer,
A necessidade da Alma alimentada desapareceu,
     E a ilusão da carne na carne continua a nascer!...

Confunde-se a falta de fé com inocência,
Ter fé na bondade é para pobres inocentes,
Avaros, os cépticos continuam prudentes,
Em vez da Alma e consciente consciência,
Preferem esconder Deus entre dentes,
  E morder a língua em feliz aparência,
     Continuando sem fé e descrentes!...

Lá virá outro Natal,
Natal que todos os dias será,
Jesus é menino todos os dias, afinal,
Para cada filho de Deus há um dióspiro bem real,
      Fruto da árvore daquele que dela cuidará!...
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Advento em Desapropriação


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Espreitam dias de sonhos satisfeitos,
Dias insatisfeitos não querem adormecer,
Nascem dias iguais em dias de preconceitos,
Vivem-se dias de advento pelo dia que vai nascer,
São vendados os dias condenados a escurecer,
Há um dia de sol a nascer em todos os leitos,
A hipocrisia insinua-se antes do anoitecer,
Há fitas de ouro para os dias escorreitos,
E fitas tristes em dias desfeitos,
Dias de entristecer…
Dias em que a tristeza se vende aos dias,
Dias que silenciam a chegada do mais belo dia,
Anunciam-se dias de sonho com singela hipocrisia,
Um dia de barba branca vende-se entre mercadorias,
Veste sorrisos vermelhos debruados com inúteis alegrias…
Dias de mãos vazias contemplam a chegada do dia da alegria,
Vivem dias de respeito pelo advento com humilde euforia,
Não temem os dias de dar à luz em noites mais frias…
Têm dentro de seus dias um dia a bater de calor,
E dia algum, por mais dia frio que se faça,
Não fará do dia um dia de desgraça,
Porque não há dia de maior valor,
Do que aquele que não passa,
Dia do Filho do dia Criador,
E de todo o dia Pecador,
Dia de toda a graça,
    Dia de Amor!...

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À espreita entre os dias de laboratório,
Dias cobertos de trevas tentam alargar seu território,
Trazem calabouços para trancarem as noites da Humanidade,
Concederam aos piores dias a perfídia do dom oratório,
Negociaram a Luz da Alma pelo desejo corpóreo,
     Tendo a morte do Dia anunciado como finalidade!...
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bissexto dos Comuns

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Comum não é qualquer ano,
Nem os há para qualquer um,
Há dias iguais de ano comum,
E nódoas no branco do pano,
  Há panos tingidos por engano,
      Bibes sujos sem futuro algum!...

Comum é também o pretexto,
Ego que roda à volta de seu rol,
Júlio e Gregório são puro crisol,
É ímpar a ideia de ano bissexto,
 Pares indivisíveis pelo contexto,
     Espelham o dourado do seu sol!...

É movimento sem contestação,
Girar à volta de si,
Como nunca vi,
Girar num cerco de translação,
Os calendários pouco são de ti,
São a convenção de quem se ri,
Convencionada razão,
São religiões da religião,
O poder algures por aí!...

Tudo gira por este mundo que gira,
Ai que giro ver loucas ideias a girar,
E rolam cabeças à volta da mentira,
Abraças o bissexto que anos te tira,
      És ano comum com a cabeça a rolar!...
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sonhar o Sol

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Com os meus sonhos por sonhar,
Nesse teu sorriso que não adivinhei,
Despertam as manhãs com que sonhei;
Fui adormecer sem sonhos no teu despertar,
Só queria metade dos nossos dias que eu te dei,
    Para nossas noites que me deste, poder eu te dar!...

Foram todas as nossas noites, dias até ao anoitecer,
Amanhecíamos em nós com o sorriso que amanhecia,
Talvez fosse a nossa felicidade vinda de nós, a acontecer,
Foram todos os nossos dias, dias de sol até ao amanhecer,
    Aquela nossa mais bela noite beijando nosso mais curto dia!...
     Como contar os dias, se eram noites felizes do que acontecia?!...
Apenas o calor dos nossos corpos e a luz em olhos de prazer,
    Como contar noites se na noite dos teus olhos, dias eu vivia!...

 Sonhos que dormem longe do Sol e tão perto da Lua,
E só o Sol ilumina os sonhos que se querem iluminar,
Caminha uma só sombra solitária à meia-noite na rua,
     Não há em seus olhos solitários qualquer eclipse solar!...
   
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