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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Portas, Aldravas e a Chantagem

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Chantagem, diziam os homens duros,
Chantagem, diziam as suas mulheres escravas,
Eram os homens, de suas mulheres, senhores puros,
Eram as suas mulheres, em suas portas, as aldravas,
Mulheres que atrás de suas portas ficavam bravas,
    Homens, as suas portas para imutáveis futuros!...

Não se abrem as portas, por coscuvilhice,
Trancam-se as portas a qualquer aragem,
Por asfixia, morrem elas e eles, de velhice,
São eles, trancas à porta de quem as visse,
Atrás de tristes portas espreita a coragem,
Esconde-se atrás das portas a mensagem,
Escravos, escravizam escravas da sandice,
Prestam as portas, à aldrava, vassalagem,
Fechados atrás de trancas de tanta tolice;
Entre beijos, em viagem,
Entre abraços, passa uma miragem
 Meigas, as aldravas batem à porta,
Fecham-se as portas de cara torta,
 Para se aldrabarem na chantagem,
      Ali as fecham e pouco lhes importa!...

Passa uma mulher com seu homem, despidos,
Sorriem, riem e beijam-se como ninguém,
São pelas portas e aldravas temidos,
Deixam os chantageados divididos,
E as chantagistas também,
 Que, entre portas perdidos,
Escondidos como lhes convém,
Vendam suas janelas com desdém,
     E pela inveja de suas janelas são possuídos!...

Em casa, cada um faz o que deve,
Todos mandam no que é seu dever,
Por amor e respeito tudo lhes é leve,
Abrem suas portas a quem os quer ver;
Sempre despidos,
De suas almas nuas,
Sempre vestidos,
    De Almas suas!...


-Chantagem!...
Diziam os desalmados,
-Chantagem,
   Amam para serem amados!...
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Porta (Ruínas da Esperança e da Virtude)


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O que mais as revoltavam,
Era o prazer de tanto gostarem,
De suas culpas que lhes apontavam,
Simulando a denúncia que lamentavam,
Não se sabe se por não se envergonharem,
     Ou por mais rumores que sobre elas faltavam!...

Sentadas no último banco da Igreja em ruinas,
De mãos unidas num entrelaçado de fingimento,
Faziam ondular uma sequência de invisíveis cortinas,
Até ao velho padre que aos olhos das sagradas doutrinas,
Vestia transluzimentos de Deus, cobrindo-se de fundamento,
Da brisa dos rumores iam caindo cortinas de pensamento,
     Até só restarem a porta fechada e quatro esquinas,
       E o rumor invisível de um divino lamento!...

Com os rumores do tempo,
Rumores em invisível abatimento,
Cada esquina ruiu envolta em solitude,
As cortinas ainda ondulam naquela quietude,
Inquietas com os rumores que batem à porta,
Dizem que fora de portas há uma igreja morta,
    Envolvida em cortinas desprendidas da virtude!...

Atrás da porta fechada, ondula a solidão do vazio,
Não há ventos de paz e a meiga brisa do amor ruiu,
A boa-fé na plenitude de Deus entrou em desvario,
Um mensageiro sem saída perdeu-se num desvio,
Vazio de Humanidade aproximou-se cheio de frio,
Ajoelhou-se em frente da velha porta que se abriu,
Orações vazias jaziam sob o pó do futuro sombrio,
    Já dentro de si, olhou para fora e com a porta caiu!...

Com o Amor a perder-se num caminho tão incerto,
    E com Jesus a nascer, nascia o Amor ali tão perto!...


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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Copo da Porta

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Ao último copo bebido perto da porta,
O vinho transbordava da cheia vontade,
Por tanto que antes de tanto fora bebido,
-Antes do último, portanto,
 Do último, a incerteza, contudo-
E outro tanto,
Foram-se os cálculos de ar sisudo,
Veio o riso livre e o desabafo com tudo,
E toda a zombaria ao silêncio com alarido;
Agora, zoina, ora hirto um dedo antes mudo,
Escondido na mão entre dedos sóbrios contido,
Ora agora que a verdade é o que muito importa,
Para dentro bem cheio de quase ter conseguido,
Adormece sem força e sem copo, a boca já torta,
     E lá se enrola a língua dentro do copo da porta!...

Num dia desses haveria de beber todos os dias,
Não restaria um só dia com entradas medrosas,
Chegaria o dia em que beberia as covardias,
Das portas malditas patentes às ironias,
    Sarcasmos de saídas corajosas!...

Ainda estão as portas abertas para os que entram,
Abertas ao último copo de quem bebe mais algum,
 São loucos os últimos copos que a saída enfrentam,
   Sem o tino que lhes diga se o último copo aguentam,
       Bebem tudo que podem e à saída arreiam mais um!...

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