sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Advento em Desapropriação


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Espreitam dias de sonhos satisfeitos,
Dias insatisfeitos não querem adormecer,
Nascem dias iguais em dias de preconceitos,
Vivem-se dias de advento pelo dia que vai nascer,
São vendados os dias condenados a escurecer,
Há um dia de sol a nascer em todos os leitos,
A hipocrisia insinua-se antes do anoitecer,
Há fitas de ouro para os dias escorreitos,
E fitas tristes em dias desfeitos,
Dias de entristecer…
Dias em que a tristeza se vende aos dias,
Dias que silenciam a chegada do mais belo dia,
Anunciam-se dias de sonho com singela hipocrisia,
Um dia de barba branca vende-se entre mercadorias,
Veste sorrisos vermelhos debruados com inúteis alegrias…
Dias de mãos vazias contemplam a chegada do dia da alegria,
Vivem dias de respeito pelo advento com humilde euforia,
Não temem os dias de dar à luz em noites mais frias…
Têm dentro de seus dias um dia a bater de calor,
E dia algum, por mais dia frio que se faça,
Não fará do dia um dia de desgraça,
Porque não há dia de maior valor,
Do que aquele que não passa,
Dia do Filho do dia Criador,
E de todo o dia Pecador,
Dia de toda a graça,
    Dia de Amor!...

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À espreita entre os dias de laboratório,
Dias cobertos de trevas tentam alargar seu território,
Trazem calabouços para trancarem as noites da Humanidade,
Concederam aos piores dias a perfídia do dom oratório,
Negociaram a Luz da Alma pelo desejo corpóreo,
     Tendo a morte do Dia anunciado como finalidade!...
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3 comentários:

  1. Ler “Advento em Desapropriação” exige uma fresta no coração para conhecer o percurso e a trajetória da existência humana, para aceitar, em profunda compreensão, o verdadeiro sentido da infinita solidariedade; exige paciência da posse pendular e reflexiva no mesmo Poema; exige controle da ansiedade de devorar imediatamente todo o Poema, porque cada verso é um universo a ser visitado e descoberto na sua individualidade peculiar.

    Por todas essas razões, demoro-me na leitura, e deixo-me ser levada pelo movimento oscilatório do enfeite que tem em sua representação, ‘bolas de Natal’, um adesivo que simboliza a renovação e no ‘presente’ a lembrança, ou atenção, à festa comercial que ganhou força com a presença do ‘Pai Natal’ em detrimento da celebração do nascimento de Jesus Cristo – Verdadeiro sentido do Natal.

    Assim, assumindo esta postura, me sinto apta a iniciar meu comentário com a afirmação de que este Poema constitui a Arte em sua primazia e tão pura que algum homem jamais conseguiu alcançar.

    À Luz da poesia d’Alma, duas estrofes misturam-se na trajetória que tem na luta, ou na dinâmica, versos ora abertos à visibilidade de imagens onde a luz incide, ora fechados à influência dos raios luminosos, num jogo intencional de ‘dar e tomar’ ao mesmo tempo: “Nascem dias iguais em dias de preconceitos, / Vivem-se dias de advento pelo dia que vai nascer,”; “Dias em que a tristeza se vende aos dias, / Dias que silenciam a chegada do mais belo dia,”; “Um dia de barba branca vende-se entre mercadorias, / Veste sorrisos vermelhos debruados com inúteis alegrias…”.

    E nesse dar e tomar, ou abrir e fechar, o caminho culmina num cenário cuja tonalidade, ainda que ancorado em diferenças, converge para um clima natalício [“Dias de mãos vazias contemplam a chegada do dia da alegria,”], e vivemos a RENOVAÇÃO: a luz se concilia com a escuridão e brilha, interage com a Poesia e abona o jogo da perspectiva, ou a manutenção dos dias solidários.

    Mas só até um asterisco vermelho (presente) nos lembrar de que a festa não pode parar. Nem o comércio, ou as alegorias que substituíram a festa religiosa pela festa comercial. E retornamos à total escuridão [“Tendo a morte do Dia anunciado como finalidade!...”].

    Resta-nos a Poesia, a d’Alma. E a mensagem que a sua Luz reflete.


    Bom fim de semana, A.

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  2. Todos são livres de gostar ou não gostar dos Poemas d'Alma, no entanto, há comentários que ultrapassam o limite do razoável, como é o caso do comentário anterior (e único)!... Diria que é uma blasfêmia com escasso cabimento na medida do aceitável!...
    É apenas mais um Poema, sentido e com intenção, é certo, mas não é, nem de perto nem de longe, uma obra prima!...
    Lamento o comentário, já que coloca d'Alma numa posição que jamais poderá assumir e à qual não pensa, nunca, chegar!...


    Bom fim de semana, também para si!...


    Obrigada

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    1. Certo ou errado, justo ou injusto, aquém ou não da visão que se interpõe contra sua própria leitura, eu, senti! E, sentindo...

      Conheço toda a obra dos Poemas d’Alma e KrystalDiVerso. Comentei alguns Poemas, outros, preferi a contemplação, e tantos outros, por compreender que um comentário poderia incorrer em prejuízo à sua Poesia, desisti de tecer qualquer menção que fosse, por pura falta de habilidade, justificando minha ausência pelo fato de não ter conseguido encontrar as palavras adequadas para construir um comentário que estivesse à altura de seu merecimento.

      E ainda houve aqueles, que, apesar do movimento ter existido e ter criado em mim condições de considerações, deixaram de ser publicados.

      E nunca soube o porquê.

      Mas a verdade é que, uma vida inteira não seria suficiente para penetrar o uniVerso da Poesia d’Alma e, depois de visitar todos os seus recônditos, sair convicta de que toda a obra, toda ela, independente de ser ‘prima’ ou irmã; amiga ou inimiga, foi devidamente assimilada e pode ser chamada de concluída. Porque a cada leitura, ou releitura de um Poema d’Alma, algo de novo surge, e seus sentidos, à medida do tempo que se atualiza, também se atualizam. E uma nova visão é recriada bem diante dos nossos olhos. Ou pele. Ou razão.

      Aqui, a Arte é Móvel!

      Não há um ‘poeta’ por detrás de d’Alma à busca de glória. Já faz muito tempo que compreendi que a força e a beleza da Poesia d’Alma consistem na sua Humildade, e na sua condição Humana. Há um Homem e um Poder a conferir harmonia entre a sensibilidade e a racionalidade em traduzir VIDA em versos que refletem a Luz. Não a sua Luz, ou nunca a sua Luz. Mas a minha, a nossa, a do leitor, ou leitora, que precisa sair da penumbra e atravessar o seu próprio inferno até alcançar a claridade, ou a sombra, quando o caso.

      E é isso que a Poesia d’Alma faz. Reflete. Ilumina. Acende. Incendeia. Brilha!


      Bom dia.

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