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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Salto aos Olhos da Malta


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Aproximam-se do arco da ponte mais alta,
Caindo do chão até às vertigens oscilantes,
É tão antecedente a cruel tristeza que salta,
Ante os olhos da pouca felicidade que falta,
 Há o abraço vazio abrindo-se por instantes,
E antes que as angústias se façam distantes,
    Despediu-se o adeus à indiferença da malta!...

A malta guinda-se até ao fundo do próximo dia,
Descem comprimidos para amortecer o abraço,
A malta vende dias anteriores à memória vazia,
 Descontinua-se o pilar da ponte sob a travessia,
 Sucumbe a ponte que é testemunha do cansaço,
     E de sua tristeza que pela fria malta se angustia!...

Tantos dias a construir a ponte, agora oscilante,
Sem que soubesse de alguém que o soubesse,
Talvez o seu silêncio triste no-lo dissesse,
Mas o dia a dia foi sempre hesitante,
Talvez a ponte não fosse o que parece,
E o amanhã não parecesse tão adiante,
Dessa solidão de todos os dias tão distante,
Tantos dias, e um só dia que fosse, assim o quisesse,
   Como se, em vez do salto, fosse travessia confiante...

Ao olhar da malta!...
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

...sem dias Seguintes

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Devolves-te à satisfação plena do teu anelo,
Induzida às débeis linhas do teu argumento,
Escrito consumo feito de consumível apelo,
Na rasura inapelável do teu excesso de zelo,
Dado à errada página que por um momento,
   Se rasga na última fração gozada no tempo!...

Há imensos desejos nos dias por cumprir,
Último dia que muito de tudo te oferece,
Há a derradeira noite de desejos a atingir,
Prazeres finais que teu todo enlouquece,
Há o teu desejo final que não se esquece,
     De no teu último dia, dias seguintes influir!...

Gozaste cada segundo e logo de seguida,
Teu último dia foi apagado com requinte,
Vislumbraste abraços em tua despedida,
O adeus ao futuro de tua lágrima esvaída,
    Carícia mágica escondida do dia seguinte!...

Lembras-te dos teus orgasmos atingidos,
   No clímax do teu desejo mais insatisfeito?...
E dos dias seguintes aos dias conseguidos,
Seguidos dias por outros dias perseguidos,
   Esperança que Deus te escreveu no peito?!...

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Viveu o último dia como se não houvesse mais nenhum,
Apostou tudo na subversiva descrença do depois,
Entre linhas aspiradas ficou-se pelo dia um,
Talvez não houvesse mais dia algum,
   Nem pensamentos no dia dois!...

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