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Chantagem, diziam os homens duros,
Chantagem, diziam as suas mulheres
escravas,
Eram os homens, de suas mulheres,
senhores puros,
Eram as suas mulheres, em suas portas, as
aldravas,
Mulheres que atrás de suas portas ficavam
bravas,
Homens, as suas portas para imutáveis futuros!...
Não se abrem as portas, por coscuvilhice,
Trancam-se as portas a qualquer aragem,
Por asfixia, morrem elas e eles, de
velhice,
São eles, trancas à porta de quem as
visse,
Atrás de tristes portas espreita a
coragem,
Esconde-se atrás das portas a mensagem,
Escravos, escravizam escravas da sandice,
Prestam as portas, à aldrava, vassalagem,
Fechados atrás de trancas de tanta
tolice;
Entre beijos, em viagem,
Entre abraços, passa uma miragem
Meigas, as aldravas batem à porta,
Fecham-se as portas de cara torta,
Para
se aldrabarem na chantagem,
Ali as fecham e pouco lhes importa!...
Passa uma mulher com seu homem, despidos,
Sorriem, riem e beijam-se como ninguém,
São pelas portas e aldravas temidos,
Deixam os chantageados divididos,
E as chantagistas também,
Que,
entre portas perdidos,
Escondidos como lhes convém,
Vendam suas janelas com desdém,
E pela inveja de suas janelas são possuídos!...
Em casa, cada um faz o que deve,
Todos mandam no que é seu dever,
Por amor e respeito tudo lhes é leve,
Abrem suas portas a quem os quer ver;
Sempre despidos,
De suas almas nuas,
Sempre vestidos,
De Almas suas!...
-Chantagem!...
Diziam os desalmados,
-Chantagem,
Amam
para serem amados!...
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