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Aproximam-se do arco da ponte mais alta,
Caindo do chão até às vertigens oscilantes,
É tão antecedente a cruel tristeza que
salta,
Ante os olhos da pouca felicidade que
falta,
Há o abraço vazio abrindo-se por instantes,
E antes que as angústias se façam
distantes,
Despediu-se o adeus à indiferença da malta!...
A malta guinda-se até ao fundo do próximo
dia,
Descem comprimidos para amortecer o
abraço,
A malta vende dias anteriores à memória
vazia,
Descontinua-se o pilar da ponte sob a travessia,
Sucumbe a ponte que é testemunha do
cansaço,
E
de sua tristeza que pela fria malta se angustia!...
Tantos dias a construir a ponte, agora
oscilante,
Sem que soubesse de alguém que o soubesse,
Talvez o seu silêncio triste no-lo dissesse,
Mas o dia a dia foi sempre hesitante,
Talvez a ponte não fosse o que parece,
E o amanhã não parecesse tão adiante,
Dessa solidão de todos os dias tão distante,
Tantos dias, e um só dia que fosse, assim o quisesse,
Como se, em vez do salto, fosse travessia confiante...
Como se, em vez do salto, fosse travessia confiante...
Ao olhar da malta!...
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Minha leitura transita por uma dinâmica que se situa entre a experiência e a habilidade – técnica e poética – mas que se manifesta corrupta devido à ausência de sinais específicos – tecnicamente e poeticamente. Entretanto, persigo no meu percurso e arrisco em comentar o desconhecido.
ResponderEliminarA multiplicidade de imagens que se formam com a produção de “O Salto aos Olhos da Malta” consiste no desafio de rememorar cada dia, ou cada época, independente de seu estado físico, ou emocional, pela imposição das semelhanças e diferenças. A identificação é imediata. Sou ponte. Travessia. E via. E estou prestes a atravessar o movimento de uma Poesia que enseja solidão e companhia; confissão e culpa; afeto e indiferença; alegria e tristeza; conforto e desconforto; incerteza e convicção; prostração e empurrão.
E sou invadida por uma espécie de impotência que parece congelar a continuidade da expressão, mas estranhamente é nela que encontro refúgio. No contraste dos dias e dos sentimentos, a Poesia [d’Alma] acena ao equilíbrio que, entre a claridade e a escuridão, me conduz ao caminho da Luz [“Talvez a ponte não fosse o que parece, / E o amanhã não parecesse tão adiante,”]. No salto derradeiro, não haverá vencidos. Nem vencedores.
O movimento que se constitui pelos versos [poética], justifica a concepção prática [técnica]. E todas as verdades submergem indiferentes ao naufrágio. A Poesia, humilde o bastante e fonte de reflexão, fruto de uma percepção progressista e sensível, substitui o ‘deserto povoado’ pela compreensão de que os dois extremos ao se tocarem por suas metáforas e outras figuras de linguagem, atingem a complexidade da VIDA, permitindo emergir à superfície tudo que está aprisionado na profundidade de cada um.
Não há mais como avançar ou recuar, e sou obrigada a saltar [“Tantos dias, e um só dia que fosse, assim o quisesse, / Como se, em vez do salto, fosse travessia confiante...”]. Antes, porém, uma pausa, e ouso a visualizar a paisagem por um novo ângulo: olhar a vida ao contrário. Viver do primeiro para o último. Sorrir. E pular. Sem olhar para trás. E apostar no último impulso como o primeiro de todos. E tantos.
Feliz Ano Novo, A.