terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Família Sem Impressão Digital


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“Ao rir-me da postura de seriedade,
Rasgo-me de riso com vontade,
Do meu produto mais sério,
Embrulho-o em mistério,
Ato-o com verdade,
Ajo com critério,
      E sobriedade!...”

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Vendem-se Natais,
Compram-se os pais do Natal,
Apagam-se as impressões digitais,
Surdem com apelativas aparências divinais,
Mãos lisas que tentam alisar a Marca ancestral,
Sem deixar marcas, apagando a Santa Marca imaterial,
Do Fruto da árvore Mãe com as suas raízes mais naturais,
Árvore que com seus ramos cobertos por cada folha celestial,
Com sua árvore companheira, são raízes essenciais,
Do humano valor natural,
Em (e)terna vigília,
Amor universal,
     Família!...

      Família!...
Essa qualidade de valor eterno,
Valor incalculável a perder-se no valor moderno,
Templo invertido que desaba de filhos para pais,
Abrigo em construção do desamor fraterno,
Construído sem impressões digitais,
Por seres lisos de todos os Natais,
Sem marcas nem aderência,
Sem humana clemência,
Lisos por vis metais,
Triste demência,
    E pouco mais!..

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“Anseio estar tão só,
Com minhas lágrimas sós,
Ato o riso com cegos nós,
Embrulho critérios em pó,
Dou-me à piedade sem dó,
      E choro por mim e por vós!...”

    
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Advento em Desapropriação


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Espreitam dias de sonhos satisfeitos,
Dias insatisfeitos não querem adormecer,
Nascem dias iguais em dias de preconceitos,
Vivem-se dias de advento pelo dia que vai nascer,
São vendados os dias condenados a escurecer,
Há um dia de sol a nascer em todos os leitos,
A hipocrisia insinua-se antes do anoitecer,
Há fitas de ouro para os dias escorreitos,
E fitas tristes em dias desfeitos,
Dias de entristecer…
Dias em que a tristeza se vende aos dias,
Dias que silenciam a chegada do mais belo dia,
Anunciam-se dias de sonho com singela hipocrisia,
Um dia de barba branca vende-se entre mercadorias,
Veste sorrisos vermelhos debruados com inúteis alegrias…
Dias de mãos vazias contemplam a chegada do dia da alegria,
Vivem dias de respeito pelo advento com humilde euforia,
Não temem os dias de dar à luz em noites mais frias…
Têm dentro de seus dias um dia a bater de calor,
E dia algum, por mais dia frio que se faça,
Não fará do dia um dia de desgraça,
Porque não há dia de maior valor,
Do que aquele que não passa,
Dia do Filho do dia Criador,
E de todo o dia Pecador,
Dia de toda a graça,
    Dia de Amor!...

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À espreita entre os dias de laboratório,
Dias cobertos de trevas tentam alargar seu território,
Trazem calabouços para trancarem as noites da Humanidade,
Concederam aos piores dias a perfídia do dom oratório,
Negociaram a Luz da Alma pelo desejo corpóreo,
     Tendo a morte do Dia anunciado como finalidade!...
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Passar sem Vinho


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Não…
Não deixem entrar as rãs!...
Não…
Não afoguem as manhãs!...
Não…
Não me deixem afogar,
Quero acordar,
Há buracos nos divãs,
Não deixem mais água entrar,
É em água à minha volta que eu sei nadar,
Uma hidra de água alaga-me com suas irmãs,
 Dentro de mim, vomitam água, alguns hidrófilos titãs,
Absorvem-me a desesperada necessidade de respirar,
Entram-me pelos ouvidos os anfíbios verdes a coaxar,
Tento evadir-me de mim em aflitas tentativas vãs,
Fora de mim, sinto-me no interior a naufragar,
Alcanço o limiar do meu pesadelo sedento,
Com tanta água para me rebentar,
É de sede que eu rebento,
   E acordo a transpirar!.. 

Só Jesus Cristo me valeu,
O que já água alguma me valia,
Até Jesus agradeceu o vinho que Bebia,
A Deus que a beber de seu sangue Lhe deu,
Era sangue da Vida que em Vinho bem Lhe sabia,
   E em cálice sagrado que todo o Apóstolo bebeu!...

Há uma triste sede em nossa mágoa,
Quando a sede só nos permite um caminho,
Não conseguimos passar pela vida sem água,
  Mas é triste passar pela vida sem vinho!...
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

As Mãos no Fogo do Zé


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Pôs as mãos na água,
E para sua grande mágoa,
Nunca vira o fogo sob a panela;
Bateu o pé,
Pela inocência do Zé,
Zé, o Povo que apanhou por tabela,
Era o único Zé; Zé, néscio e magrela,
Sempre apanhado de boa maré,
Um cãozinho curto pela trela,
Sempre muito cheio de fé,
E de cada “cadela”,
Que só visto!!...,
Ao que, por não prever o imprevisto,
Bebia dos copos onde as mágoas se afogavam;
Bem que tentava ele pôr suas mãos no braseiro,
Mas se na fervura do vinho ardia o seu dinheiro,
Até as mágoas do fogo ateado o roubavam,
Consumindo o Zé, o Zé por inteiro!...

Pôs ambas as mãos na água e sem medo,
Pelo Zé, até os seus punhos, punha no fogo,
Zé, esse indomável animal feroz e pedagogo,
Exemplo para qualquer Zé calado e quedo,
A quem Zé algum deveria apontar o dedo;
Ignorou a gasolina e o fósforo demagogo,
Os fantásticos factos e factos de bruxedo,
Apostou as mãos firmes no calor do jogo,
Foi então que numa noite, muito cedo,
Aconteceu o social e político degredo…
         do Zé!!!!!!!...
Perdida a aposta, lá se foi o segredo,
E o Zé, esse incomparável Zé inocente,
Com suas mãos como dois tições em brasa,
Escapuliu a arder do fogo à solta em sua casa,
Ardiam segredos e quentes provas, certamente,
E as ricas penas ganhas em suaves golpes de asa;
E o Zé, esse Povinho que é quase sempre sapiente,
Continuou com sua razão de Zé, crédulo e dormente,
Razão que o fogo do Zé ou de Zé algum jamais arrasa,
      Por muito que qualquer Zé ou Zé-ninguém o tente!...

Vão todos ver o Zé das Sapatilhas,
Zé farsante como todos os Zés farsantes,
Farsantes levam-lhe água e outras maravilhas,
Por ele já não põem as mãos de molho como dantes,
Dão-lhe tapinhas nas costas com cruzes e cavilhas,
Sabem do fogo e de queimaduras semelhantes,
    E da água em fervura que escalda quadrilhas!...

   
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Nostalgia da Culpa e da Inocência


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Em estado latente de nostalgia,
De alma ao abandono no olhar,
Via as horas dos sonhos flutuar,
Só Deus, de sua memória sabia,
Confessara seu silêncio, um dia,
Silêncio onde se recolheu a orar,
Só, a Deus, só seu silêncio pedia,
    Para só o seu silêncio confessar!...

No silêncio de sua pura inocência,
Onde a sua culpa se foi perdendo,
Confiou em Deus e sua clemência,
 Concílio da Alma e sua consciência,
Felicidade e silêncio acontecendo!...

    
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sábado, 29 de novembro de 2014

Segue...


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Segue!…
Antes que a felicidade te cegue,
E a infelicidade seja o que reste,
Vai, e antes que o amor te pegue,
 E te arrependas do que fizeste,
Segue!...
Deixa-te levar pelo vento leste,
Esquece o sol que te persegue,
E deixa-o pôr-se onde se ergue,
Que a lua, seu luar te empreste,
E te lembre da jura que fizeste,
Foge de seres a mal empregue,
Despe-te da razão que quiseste,
Dá-te à razão que te entregue,
E seguindo-a, com a razão…
Segue!...

Segue!...
Até onde quem te segue conseguir,
Não pares para olhar o que não tens,
Atrás de ti segue o que está para vir,
Segue o sorriso que te vem a seguir,
  E, sorrindo, segue com quem vens!...
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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Vento...


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Passa atrevido e animoso,
Uma vezes com vozeirão feroz,
Ou de leve mansinho e manhoso,
Entre elas em movimento sinuoso,
Exalante mavioso e aveludado na voz,
E elas desfolham-se rindo,
Enquanto se vão despindo,
Apressam-se, ele passa por elas veloz,
Abraça-as, beija-as e segue furioso,
Afasta-se e desaparece saudoso,
Não vê as últimas folhas caindo,
Deixou-as nuas de tão airoso,
 E um alento frio as cobrindo!..

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domingo, 23 de novembro de 2014

As Abelhas


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Abelhas rastejam até onde podem,
A fome alastra até onde a obrigam a ir,
Tristes e tristeza perderam-se no pó do sorrir,
Não pensam como é que os mortos se sacodem,
Nem se haverá alguma salvação que os possa sacudir,
Caídas, as leves asas sem pólen não os podem acudir,
Há novas semente nos cemitérios em desordem,
E antes do voo da morte que esteja para vir,
     Amam-se venenos que a vida acodem!...

O voo livre das abelhas foi censurado,
O sorriso das abelhas foi alvo de censura,
Vendem-se sorrisos aos crimes de Estado,
Os estados pagam com asas de ditadura,
Talvez algumas abelhas tenham voado,
E com elas, suas livres asas levado,
Talvez voltem com doce bravura,
O voo do mal nem sempre dura,
Talvez o mel esteja guardado,
     No cheiro da flor mais segura!...

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Uma abelha trabalha entretida,
Prova néctares de flor em flor,
Apresenta o Sol a uma formiga,
Dá-lhe calor onde ela se abriga,
E a luz meiga do seu esplendor,
É a Natureza perfeita do Amor,
    Nas asas de uma abelha amiga!...
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Sentido Contrário, a Mudança


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Sobre a pesada paciência mais alta da superfície plantar
Em superficial observação dos homens que o sacudam,
Curvam-se sob o peso dos pés os homens que mudam,
Mudam homens que mudam ao verem homens mudar,
É eterna a célere mudança dos sonhos até ao calcanhar,
    Não há homens até ao fim que findos homens acudam!...

E quando o homem do avesso chega aos tornozelos,
Acabam-se as vertigens deixadas nos calcanhares,
Os pés nus são belos e como é tão bom tê-los,
Como é sublime vê-los,
Pressentir os despertares,
O desejo trigueiro de querê-los,
 E as mudanças enrubescidas dos ares,
  No ar do tímido saber a açúcar dos mares,
     E, destemidos, contra tudo e todos, sabê-los,
      Passar-lhes o pente pelo desdém dos seus cabelos,
           E adivinhá-los perfeitos aos olhos dos seus olhares!...

Em casa, põem-se mesas de patas para o ar,
Nas costas dos pratos, troca-se a ordem dos talheres,
Em casas mudadas, esperam homens mudados por amar,
A Natureza traída chora as lágrimas que Deus deixa chorar,
    Mudaram-se os beijos roubados aos lábios das mulheres!...

Em sentido contrário ao sentido da gratidão,
Os barbudos marcham de costas contra a ordem natural,
Das longas barbas, caem beijos barbudos que beijam o chão,
Mudam as mulheres que mudam ao verem a mudança casual,
   Mulheres beijam-se por beijar e nada mais lhes resta da razão!...
                         
    
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sábado, 8 de novembro de 2014

O Fazer Feliz da Mentira


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Abordavam a ansiedade do menino, delicadamente,
A bem de suas verdades que a mentira se não visse,
Sorriam doces ameaças, muito educadamente,
Pedindo que fosse educado e mentisse,
Ofereciam-se a quem se omitisse,
Ao mentir verdadeiramente,
Com a verdade aparente,
 E se da verdade fugisse,
Apenas seria diferente,
    Do muito que sentisse!...

O menino fora muito bem criado,
Por educadores pobres sem pobreza,
Sabe o verdadeiro valor de sua íntegra riqueza,
Senhores e senhoras querem-no na condição de comprado,
Prometem-lhe verdadeiros sorrisos e um passaporte acreditado,
Não lhe pedem que fraqueje aos olhos vendados da franqueza,
Nada custa mentir, se mentindo passar por bem educado,
  E faz feliz a velha verdade tratada com ligeireza!...

O menino fez-se o mesmo de si,
Cresceu com a verdade que não mudou,
É verdade que a verdade envelhece por aí,
E há velhas mentiras que nascem aqui e ali,
Perguntam à inocência que as censurou,
     Porque bate com a verdade e sorri!!!...
     Lá se foi perdendo a compostura,
Na descompostura que foi crescendo,
Fizeram-se templos de imaculada lisura,
Demitindo-se da verdade e, se porventura,
Nas costas largas dos outros se foram lendo,
Deixaram de ser costas ainda que as sendo,
Omitiram sua extensão em toda a largura,
    Do nada valer de que se foram valendo!...
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