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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Sol Indiferente

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Como é possível a este Sol indiferente,
Conseguir queimar minha sombria solidão,
Ou aquecer meu sangue, outrora quente,
Por onde te perdias até ao meu coração,
Correndo em liberdade omnipresente,
Presente naquele latejar de paixão,
Se, por mim, eu te fiz ausente,
E, tão silenciosamente,
    Se foi a emoção?!...

 Tão só, o sol em sua solitude,
Longe da noite triste e fria, ardendo,
Arde por dentro, em toda a sua plenitude,
Aproxima-se da minha solitária quietude,
Longe do Sol, nu de tudo, tremendo,
E é o sol que me veste, doendo,
Reveste-me de fria infinitude,
     E de calor vai entristecendo!...

Como foi possível anoitecer,
Em nossos olhos tão radiantes?!...
   Porque volta o Sol ao amanhecer,
Tão abrasador como o era antes,
Se adormecemos tão distantes,
Tão longe de arrefecer?!...
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domingo, 27 de dezembro de 2015

Nuvens de Corvos (Mais tarde ou mais cedo)


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Mais cedo ou mais tarde,
Vemos uma nuvem que desanima,
Aproxima-se em silêncio, sem alarde,
Escorre por sua pouco líquida auto estima,
Sua memória do arco-íris já não a mima,
Está perto do inferno sem cor e arde,
  Cai sobre nós, com o céu em cima!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens mais brancas escurecem,
Desabam sobre espantalhos, em segredo,
Não haverá raios de Sol que espantem o medo,
Searas de trigo cobrem-se de corvos e arrefecem,
Erguendo-se da terra, nuvens de corvos amanhecem,
Para escurecerem o pão em seu triste arremedo,
Longe do Sol que já não vêm e falecem!...

A três dias do fim do último dia,
Logo após a esperança nascer,
A terra grávida de agenesia,
Viu uma árvore esmorecer,
A chuva desaparecer,
E tudo que sentia,
     Secar e morrer!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens de corvos voltarão,
Chuva de penas negras escorrerão,
E aos olhos da Terra coberta de medo,
Enterrar-se-á o princípio do fim da razão,
     Haverá chuva, mais tarde ou mais cedo!...

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sábado, 21 de março de 2015

Eclipse à Luz Florida dos Olhos


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Nos olhos verdes da nossa cegueira,
A prometida flor da fartura vai florescendo,
Aromas de frutos verdes sentam-se à nossa beira,
Prometem sorrisos de esperança numa só promessa,
A olência das promessas amanhecidas vai anoitecendo,
Floresce a sombra breve da desconfiança que acena, ligeira,
Na noite, põem-se os olhos adormecidos que vão amanhecendo,
A razão das flores deitou-se e, com a noite escura, foi adormecendo,
Calafrios de luz atravessam a escuridão que olhos julgavam passageira,
Da luz do sonho, ao frio e à sombra interminável do desassossego da lareira,
   Vai o calor prometido e promessa de toda a luz que se deita e vai esmorecendo!...


Luz e calor na esperança de uma só promessa,
A luz forte que a descrença mais forte atravessa,
E o sombrio negrume intenso das promessas desfeitas,
Ao acordar da flor dos sonhos, florida nas promessas feitas,
E todas as flores caem do inverno sem fruto que regressa,
Cobertas pelo pez mais escuro das mais cegas suspeitas,
E, às cegas, voltar a acreditar na Primavera professa,
Do olhar das cegueiras em cegueiras refeitas,
     Que o olhar cego, ao Sol e à lua confessa!...

  
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sábado, 29 de novembro de 2014

Segue...


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Segue!…
Antes que a felicidade te cegue,
E a infelicidade seja o que reste,
Vai, e antes que o amor te pegue,
 E te arrependas do que fizeste,
Segue!...
Deixa-te levar pelo vento leste,
Esquece o sol que te persegue,
E deixa-o pôr-se onde se ergue,
Que a lua, seu luar te empreste,
E te lembre da jura que fizeste,
Foge de seres a mal empregue,
Despe-te da razão que quiseste,
Dá-te à razão que te entregue,
E seguindo-a, com a razão…
Segue!...

Segue!...
Até onde quem te segue conseguir,
Não pares para olhar o que não tens,
Atrás de ti segue o que está para vir,
Segue o sorriso que te vem a seguir,
  E, sorrindo, segue com quem vens!...
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bissexto dos Comuns

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Comum não é qualquer ano,
Nem os há para qualquer um,
Há dias iguais de ano comum,
E nódoas no branco do pano,
  Há panos tingidos por engano,
      Bibes sujos sem futuro algum!...

Comum é também o pretexto,
Ego que roda à volta de seu rol,
Júlio e Gregório são puro crisol,
É ímpar a ideia de ano bissexto,
 Pares indivisíveis pelo contexto,
     Espelham o dourado do seu sol!...

É movimento sem contestação,
Girar à volta de si,
Como nunca vi,
Girar num cerco de translação,
Os calendários pouco são de ti,
São a convenção de quem se ri,
Convencionada razão,
São religiões da religião,
O poder algures por aí!...

Tudo gira por este mundo que gira,
Ai que giro ver loucas ideias a girar,
E rolam cabeças à volta da mentira,
Abraças o bissexto que anos te tira,
      És ano comum com a cabeça a rolar!...
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sonhar o Sol

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Com os meus sonhos por sonhar,
Nesse teu sorriso que não adivinhei,
Despertam as manhãs com que sonhei;
Fui adormecer sem sonhos no teu despertar,
Só queria metade dos nossos dias que eu te dei,
    Para nossas noites que me deste, poder eu te dar!...

Foram todas as nossas noites, dias até ao anoitecer,
Amanhecíamos em nós com o sorriso que amanhecia,
Talvez fosse a nossa felicidade vinda de nós, a acontecer,
Foram todos os nossos dias, dias de sol até ao amanhecer,
    Aquela nossa mais bela noite beijando nosso mais curto dia!...
     Como contar os dias, se eram noites felizes do que acontecia?!...
Apenas o calor dos nossos corpos e a luz em olhos de prazer,
    Como contar noites se na noite dos teus olhos, dias eu vivia!...

 Sonhos que dormem longe do Sol e tão perto da Lua,
E só o Sol ilumina os sonhos que se querem iluminar,
Caminha uma só sombra solitária à meia-noite na rua,
     Não há em seus olhos solitários qualquer eclipse solar!...
   
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quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Sol e a Sombra... da corrupção


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Hábitos de caminhos abrasados,
Empecidos por mais um dia quente,
Derrete-se o passo que se fica lentamente,
Debaixo dos pés crepitam insectos queimados,
     Haverá sombra de melhores dias mais à frente?!...

“Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios…”

Hábitos de caminhos fechados abrem-se ao suor,
Há fosfatos a escorrer em sulcos de transpiração,
Há pequenas escrivaninhas d’água e outra maior,
Sento-me na fresca cadeira d’água e vejo melhor,
Descrevo as miragens num assomo de inspiração,
Os adjetivos evaporam-se na escrivaninha menor,
Quase tudo é nada e é do nada que caio na razão,
  Caio no hábito de procurar-me no caminho pior!...

Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios,
Vende a sombra a quem lhe comprou a ilusão,
     O Sol que queima os pobres nos dias mais frios!...
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Lágrima!...

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Perto do sol que arrefecia,
Esgueirando-se do pôr do olhar,
Pelo desencanto dos olhos escorria,
Uma pequena lágrima que de tanto cintilar,
Teimava em fazer olhos apagados brilhar,
Escondidos na noite triste que sentia,
Algum amor que neles se erguia,
      Longe do desejo de amar!...
E ali ficava um corpo a arrefecer,
Gelando a esperança nas veias entristecidas,
Esvaziado de sua longínqua vontade de desejar,
Sem a vontade de encher-se com o desejo de viver,
Ali nos braços das más recordações consentidas,
Ao abandono das horas felizes esquecidas,
    Que amor algum deixaria esquecer!...
E ali se punha o sol sem aquecer,
Lançando raios de uma sedução cintilante,
Sobre a pequena lágrima em deslize periclitante,
Já muito perto de cílios vencidos pela indiferença;
E o raio dos raios sedutores,
Sementes de tão ofuscada descrença,
Na certeza de terem desferido a derradeira sentença,
Afastaram-se em suas vestes de sombra triunfante,
Alheios à sombra da mais silenciosa das dores,
E do grito sem destino engolido à nascença,
Para ser grito de gritos libertadores,
      Mas sempre tristes!...
E ali ficaram os olhos caídos,
Entregues à Vida de uma lágrima resistente,
Tão lágrima de uma vida desistente,
Ingénua de puros sentidos,
E do sentimento doente,
   Que não chora pelos vencidos!...
     E venceu!!!...
Quando se deixou cair,
Nos lábios já do beijo esquecidos,
Foi beijada por desejos sequiosos,
E outros desejos a reluzir,
Reanimados e luminosos,
Um novo olhar posto no porvir,
que graças à graça de intenso sentir,
   Por uma pequena lágrima foram renascidos!...



Peço a Deus,
Que perdoe pecados meus,
Que te seja lágrima de olhos em mim,
Perdão me concedido aos olhos teus,
 E que para sempre nos olhe assim,
Com a Esperança até ao fim,
    No perdão em olhos Seus!...
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