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Sobre a pesada paciência mais alta da
superfície plantar
Em superficial observação dos homens que
o sacudam,
Curvam-se sob o peso dos pés os homens
que mudam,
Mudam homens que mudam ao verem homens
mudar,
É eterna a célere mudança dos sonhos até
ao calcanhar,
Não há homens até ao fim que findos homens acudam!...
E quando o homem do avesso chega aos tornozelos,
E quando o homem do avesso chega aos tornozelos,
Acabam-se as vertigens deixadas nos
calcanhares,
Os pés nus são belos e como é tão bom
tê-los,
Como é sublime vê-los,
Pressentir os despertares,
O desejo trigueiro de querê-los,
E
as mudanças enrubescidas dos ares,
No
ar do tímido saber a açúcar dos mares,
E, destemidos, contra tudo e todos,
sabê-los,
Passar-lhes o pente pelo desdém dos seus cabelos,
E adivinhá-los perfeitos aos olhos dos seus
olhares!...
Em casa, põem-se mesas de patas para o
ar,
Nas costas dos pratos, troca-se a ordem
dos talheres,
Em casas mudadas, esperam homens mudados
por amar,
A Natureza traída chora as lágrimas que
Deus deixa chorar,
Mudaram-se os beijos roubados aos lábios das mulheres!...
Em sentido contrário ao sentido da
gratidão,
Os barbudos marcham de costas contra a
ordem natural,
Das longas barbas, caem beijos barbudos
que beijam o chão,
Mudam as mulheres que mudam ao verem a
mudança casual,
Mulheres beijam-se por beijar e nada mais lhes resta da razão!...
Mulheres beijam-se por beijar e nada mais lhes resta da razão!...
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