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sábado, 21 de março de 2015

Eclipse à Luz Florida dos Olhos


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Nos olhos verdes da nossa cegueira,
A prometida flor da fartura vai florescendo,
Aromas de frutos verdes sentam-se à nossa beira,
Prometem sorrisos de esperança numa só promessa,
A olência das promessas amanhecidas vai anoitecendo,
Floresce a sombra breve da desconfiança que acena, ligeira,
Na noite, põem-se os olhos adormecidos que vão amanhecendo,
A razão das flores deitou-se e, com a noite escura, foi adormecendo,
Calafrios de luz atravessam a escuridão que olhos julgavam passageira,
Da luz do sonho, ao frio e à sombra interminável do desassossego da lareira,
   Vai o calor prometido e promessa de toda a luz que se deita e vai esmorecendo!...


Luz e calor na esperança de uma só promessa,
A luz forte que a descrença mais forte atravessa,
E o sombrio negrume intenso das promessas desfeitas,
Ao acordar da flor dos sonhos, florida nas promessas feitas,
E todas as flores caem do inverno sem fruto que regressa,
Cobertas pelo pez mais escuro das mais cegas suspeitas,
E, às cegas, voltar a acreditar na Primavera professa,
Do olhar das cegueiras em cegueiras refeitas,
     Que o olhar cego, ao Sol e à lua confessa!...

  
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sábado, 29 de novembro de 2014

Segue...


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Segue!…
Antes que a felicidade te cegue,
E a infelicidade seja o que reste,
Vai, e antes que o amor te pegue,
 E te arrependas do que fizeste,
Segue!...
Deixa-te levar pelo vento leste,
Esquece o sol que te persegue,
E deixa-o pôr-se onde se ergue,
Que a lua, seu luar te empreste,
E te lembre da jura que fizeste,
Foge de seres a mal empregue,
Despe-te da razão que quiseste,
Dá-te à razão que te entregue,
E seguindo-a, com a razão…
Segue!...

Segue!...
Até onde quem te segue conseguir,
Não pares para olhar o que não tens,
Atrás de ti segue o que está para vir,
Segue o sorriso que te vem a seguir,
  E, sorrindo, segue com quem vens!...
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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dos Gargalichos até à Lua

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A Lua entrou numa órbita de leiloamento,
Cada olhar romântico terá um preço a pagar,
Olhares apaixonados pagarão pelo momento,
Só os donos da lua flutuarão em banhos de luar,
E ai dos amores que forem apanhados a sonhar,
Toda a luz dos sonhos proibidos irá a julgamento,
Será juiz quem comprou direitos do firmamento,
Os castigos serão o que cada um puder comprar,
     Há planetas nas mãos de um vendedor atento!...

Por cá,
 Onde a água vai perdendo a sua liberdade,
  O vento traiçoeiro vai levando os esguichos,
   Ai, a utopia dada à sede de muitos caprichos,
 Que se evapora na escravizada humanidade,
Alguém vendeu as água livres de insanidade,
    Água que enlouqueceu os secos gargalichos!...

Pela garganta dos gargalichos a céu aberto,
Como um rio, corre sem medo o luar,
Procura uns lábios para os beijar,
Ilumina-se o beijo liberto,
Com a lua muito perto,
      Ao alcance do olhar!...
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sonhar o Sol

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Com os meus sonhos por sonhar,
Nesse teu sorriso que não adivinhei,
Despertam as manhãs com que sonhei;
Fui adormecer sem sonhos no teu despertar,
Só queria metade dos nossos dias que eu te dei,
    Para nossas noites que me deste, poder eu te dar!...

Foram todas as nossas noites, dias até ao anoitecer,
Amanhecíamos em nós com o sorriso que amanhecia,
Talvez fosse a nossa felicidade vinda de nós, a acontecer,
Foram todos os nossos dias, dias de sol até ao amanhecer,
    Aquela nossa mais bela noite beijando nosso mais curto dia!...
     Como contar os dias, se eram noites felizes do que acontecia?!...
Apenas o calor dos nossos corpos e a luz em olhos de prazer,
    Como contar noites se na noite dos teus olhos, dias eu vivia!...

 Sonhos que dormem longe do Sol e tão perto da Lua,
E só o Sol ilumina os sonhos que se querem iluminar,
Caminha uma só sombra solitária à meia-noite na rua,
     Não há em seus olhos solitários qualquer eclipse solar!...
   
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Dr.Ed Ztone

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-Mãe, encontrei um planeta que encolheu,
Igual a um serôdio grão de milho!...
-Cala-te, filho,
Uma galinha vinda da lua já o comeu!...

Assim, “Dr.ed Ztone” nasceu,
Iluminado pelo solar brilho,
Que um dia seria seu!...

A uns dezoito milhões de quilómetros ludibriantes,
Depois de astronómicos milhões a todos eclipsados,
Não ficassem a ver estrelas e tudo ficaria como dantes,
     Se tantos cabeças na lua não tivessem sido enganados!... 

Para lá da lua onde ainda as bandeiras ondulam,
Há pulgas de cinema feitas com pixeis da ciência,
O fim do infinito finda-se em estado de incipiência,
Ao preço mais alto do segredo, as estrelas pulam,
Cobra-se o dinheiro até ao fim aos que os bajulam,
     E todos pagam para ver novos filmes da evidência!...

Dr. Fraude encontrou um novo sistema solar,
A cem milhões de pensamentos de distância,
-Pai, nos confins de ouro e milhões a ganhar,
      Encontrei mais um novo planeta por inventar!...
   -Cala-te, filho, isso já é ficção sem importância,
      Marcianos já o viram no último filme da Pixar!...
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lágrima de Lua


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Esta é a história do…
Amor de uma Estrela irreal imaginada,
Que libertou uma lágrima prisioneira da Lua,
Lágrima de Amor que tinha como sua,
A mesma Lágrima que a Lua amava,
Por quem a Estrela sofria apaixonada,
Utopia impossível de quem não amua!...

Próxima de Centauro, rubro de paixão,
A anos-luz da terna e feliz Lágrima lunar,
Espectro vermelho de seu quente coração,
Ardia, a Estrela, pela Lágrima, sem chorar,
Invejando Lua triste de lágrima prisão,
Triste pela Lágrima que iria derramar,
Amor de amante única que jurou amar,
Débil Estrela ameaçando-se de implosão!...

Se a Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-De mim, não serei Supernova também,
Por de nova ter sido tua!

O mais longo Dia de Sol foi escolhido,
Pela Estrela a quem o Amor cegava,
O mesmo Dia que a Estrela amava,
E no lusco-fusco lhe havia prometido,
Se a Lágrima libertasse do Luar inimigo,
A Estrela com o Dia de Sol seria casada!...

O Sol irradiou de Luz o mais longo Dia,
Ofuscando a Lua que sua Lágrima verteu,
Cega de Luz, seu Amor, caindo, a Lua não via,
Amor que de seu Amor, outro Amor escondeu;
Procuraram-se mas o inevitável destino aconteceu,
A Lua, morrendo de saudade, já chorar não podia,
Pois sua Lágrima, lágrima de tristeza perdeu!...

Se Lágrima da Lua,
Não puder ser sua,
Não será Lágrima de ninguém,
-Serei Buraco negro de mim também,
Tão negro por haver sido tua!

 Lágrima caída no coração do Deserto,
Árido de Amor, de Vida uma miragem,
Sulcou um imperceptível leito incerto,
 E, adormecendo cansada pela triste viagem,
Da Esperança perdida, verteu uma lágrima!...
Encontrando-se de si, lágrima de si, muito perto,
Pequena lágrima da Lágrima e mais lágrima vertida,
Ainda mais lágrimas de saudade e tristeza incontida,
Chorando cada lágrima, uma lágrima mais que chorava,
Foi nascendo um pequeno charco da lágrima derramada,
Um lago que transbordou para a Vida,
Um Rio correndo, quedas de água salgada,
Oceano de lágrimas por uma Lua de Lágrima perdida,
Agonia lenta da sorte desconhecida,
Do seu talismã de sorte finada!...

Se minha Lágrima não puder ter,
Lua, não mais voltarei a ser,
Não serei Lua de ninguém,
Serei cometa frio de mim também,
De gelo por minha Lágrima perder!

Da pequena Lágrima que caiu,
Agora Oceano vivo onde a Vida surgiu,
É imenso espelho da Lua em seu degredo,
Que procura na Noite aquele Amor que ruiu,
A mesma Noite que conhece o triste segredo,
Daqueles dois Amores desencontrados no enredo,
Escrito nas estrelas por uma estrela que explodiu,
Quando jamais a Lágrima da Lua não viu!...

Mas, o Astro-rei, como rei de Luz que é,
Reconhecendo o erro que cometeu,
Culpando-se pelo que aconteceu,
Aqueceu a Terra com Lágrimas de Fé,
Do vasto Oceano evaporou uma porção,
De indivisíveis Lágrimas que pé ante pé,
Encorajadas por fenomenal condensação,
 Subindo nelas, por elas, foram dando a mão,
Içaram-se entre elas e muitas morreram até!...

Muitas cruzaram o Céu,
Ajudadas pela Luz a coberto do breu,
Pereceram todas, só uma sobreviveu!...

A Lágrima perdida para a sua Lua voltou,
A Lua que de felicidade sua Lágrima chorou!...


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