sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bissexto dos Comuns

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Comum não é qualquer ano,
Nem os há para qualquer um,
Há dias iguais de ano comum,
E nódoas no branco do pano,
  Há panos tingidos por engano,
      Bibes sujos sem futuro algum!...

Comum é também o pretexto,
Ego que roda à volta de seu rol,
Júlio e Gregório são puro crisol,
É ímpar a ideia de ano bissexto,
 Pares indivisíveis pelo contexto,
     Espelham o dourado do seu sol!...

É movimento sem contestação,
Girar à volta de si,
Como nunca vi,
Girar num cerco de translação,
Os calendários pouco são de ti,
São a convenção de quem se ri,
Convencionada razão,
São religiões da religião,
O poder algures por aí!...

Tudo gira por este mundo que gira,
Ai que giro ver loucas ideias a girar,
E rolam cabeças à volta da mentira,
Abraças o bissexto que anos te tira,
      És ano comum com a cabeça a rolar!...
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1 comentário:

  1. Astronomia e Poesia. Ciência e Arte. Regra de Três: Multiplicação e Divisão.

    Questionar o Tempo que cada planeta leva para completar sua órbita, ou que o satélite leva para orbitar seu planeta, indica um caminho, feito sob o rigor do Poema “Bissexto dos Comuns”, e seja ele através da Geometria do Espaço, ou da Astronomia, de Movimento e Luz, num delicado equilíbrio de Forças.

    E como uma Estrela, ou um aglomerado de Galáxias que atuam em harmonia sobre a Lei da Gravidade em atrair os corpos, a Poesia d’Alma, sofisticada o bastante, exerce a mesma força sobre os corpos. Nossos corpos.

    Atribuindo dúvidas, embora não saiba de onde tenha surgido o número ‘1096’, e, salvo engano, ao desconsiderar todas aquelas horas excedentes a cada ano trópico, descobrir que o ano bissexto deveria existir a cada três anos, e não a quatro como foi determinado, não é só assustador pelo seu caráter revelador, mas é também motivo de entusiasmo.

    Entusiasmo como matéria de Poesia e como estratégia de comunicação, que não pode e não deve ser restrita a um só significado. Porque aqui também é nosso lugar. O lugar do Leitor. Um lugar onde também somos chamados a duvidar, pesquisar, conhecer, estudar, refletir... e aplicar, sempre que necessário.

    E, enquanto, o ‘Ano-Calendário Comum’ tem 365 dias e o ‘Bissexto dos Comuns’ me ensina a subtrair do tempo a Poesia que encontro aqui... assim também nasce um Físico, ou um Matemático, ou um Astrônomo. Mas também se consolida a existência de um Poeta. O Poeta António Pina.


    Bom fim de semana.

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