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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ele... o Caminho do Fruto e a Dádiva

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Se Deus te der pinhas,
Provavelmente terás pinhões,
Pinhões, nem sempre uma pinha tem,
Poucos têm pinheiros mansos, também;
Assim são as árvores férteis em razões!...
Se Deus te der boas castas, terás boas vinhas,
Mas não estejas atido a divinos garrafões,
Se te lembrares, verás que nada tinhas,
E antes que Deus te desse a alguém,
  Fez-te fruto da tua única mãe!...
Haveriam ovos sem galinhas,
O cento e um sem o cem,
Reis casados sem rainhas,
     Ou o aqui sem o além?!...

O que seria das desilusões,
Dos iludidos com suas ilusões,
Dos desiludidos sem alguma dor,
Dessa ilusão sublime do amor,
Esse brilho nos corações,
 Dádiva do Criador?!...

Se Deus algum sinal te der,
Abre o teu coração e agradece,
   Um sinal de Deus, quem não quer?!...
Saber caminhar por onde Ele vier,
É o caminho que te engrandece,
Se bem fizeres como Ele fizer,
   Amor em teu coração cresce!...

Mas… Há homenzinhos que Deus comem,
Deus lá lhes vai perdoando,
Todos sabemos até quando,
   Não estejas à espera que Deus te faça Homem!...


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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Corrida

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Corremos atrás da vida incerta,
Vivendo na incerteza do que vivemos,
Atrás de nós vem a morte mais que certa,
Cheia de nós cegos com que a vida nos aperta,
Vamos desatando os olhos enquanto corremos,
Por cada nó desatado atamo-nos ao que colhemos,
Laçadas desfeitas por cada manhã que nos desperta,
Olhamos para trás do que passamos e nada vemos,
    Á nossa frente, fechamo-nos na noite à descoberta!...

Corremos à toa como perpétuos alienados,
Em cada corrida perpetuamos mais um labirinto,
Atrás de nós, abrem-se esquecidos labirintos fechados,
Ao sentirmos portas fecharem-se corremos assustados,
Sempre em frente, abrimo-nos à diversão por instinto,
Pelo desvio com menos custo,
Sobressaltados por cada susto,
Ante a primeira dúvida de um momento imortal já extinto,
Continuamos a correr pelo tempo dos mortais acossados,
Cada vez mais perto da meta sentimo-nos mais pesados,
Ser o primeiro é o prémio justo,
De repente o sobressalto é medo atacando todos os lados,
Ser último é um desejo robusto,
     Desistir é sair vencedor pela entrada prévia dos condenados!...
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Um jovem imortal, entre os mortais nascido para viver,
Passou de imortal a simples imortal só enquanto viveu,
A meio da marcha do nada que temeu até muito temer,
Foi de um passo firme a um outro passo já a esmorecer,
Uns passos mais adiante, olhou em volta e estremeceu,
Haviam morrido todos os imortais com quem cresceu,
Sentou-se numa lápide onde seu nome pode ler,
Ainda se levantou para ver o que aconteceu,
Antes de ter a certeza de morrer,
    Deu mais um passo e morreu!...

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Sol e a Sombra... da corrupção


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Hábitos de caminhos abrasados,
Empecidos por mais um dia quente,
Derrete-se o passo que se fica lentamente,
Debaixo dos pés crepitam insectos queimados,
     Haverá sombra de melhores dias mais à frente?!...

“Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios…”

Hábitos de caminhos fechados abrem-se ao suor,
Há fosfatos a escorrer em sulcos de transpiração,
Há pequenas escrivaninhas d’água e outra maior,
Sento-me na fresca cadeira d’água e vejo melhor,
Descrevo as miragens num assomo de inspiração,
Os adjetivos evaporam-se na escrivaninha menor,
Quase tudo é nada e é do nada que caio na razão,
  Caio no hábito de procurar-me no caminho pior!...

Este Sol corrompe os dias e torna-os sombrios,
Vende a sombra a quem lhe comprou a ilusão,
     O Sol que queima os pobres nos dias mais frios!...
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terça-feira, 29 de maio de 2012

Linhas!...


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…Conheceram-se entre linhas carregadas de uma certa inocência adocicada na manha das cartas e não descartaram a hipótese de perpendicularem os caminhos da escrita!... O mel das palavras foi escorrendo nas inclinadas linhas de uma fina teia já cruzada em rede, como perpendiculares esperançadas à espera, também elas, de se cruzarem entre si, transformando o desejo pautado num encontro longe de ser quadriculado!... Bem à maneira dos tempos alinhados, um dia fecharam os envelopes e combinaram dar cartas brancas, logo que suas linhas, já trepadoras compulsivas de paredes até aos caibros, se encontrassem. Depois de contados, um por um, muito lá no alto e bem a pino, bem teso como a contagem reivindicava entre as linhas das entrelinhas e desejos estranhamente desalinhados, pelo que cada um imaginava o alinhamento ávido dos sonhos do outro, na mesma proporção do que cada um sentia por si mesmo!... Combinaram também, na última troca de linhas, que ela estaria à sua espera com duas linhas na mão, e ambas sustentando o perfeito equilíbrio de uma dúzia de letras de boas vindas, na simbiose ideal das palavras e a felicidade bem-vinda, bem visível no “SOU a TUA LINHA” que escrevera, distinguindo-se das demais anónimas passageiras casuais!... Por sua vez, ele, quando chegasse, e por alinhamento recíproco, sairia do comboio com duas correspondentes linhas firmes, alinhando a gratidão numa igual “SOU a TUA LINHA”, sem qualquer também, porque era um desejo seu e prenda surpresa!...  Ambas as linhas, nas suas costas e nas costas das mesmas folhas, haviam convergido, sem que um do outro soubesse, num “quero teu beijo”; seria uma surpresa do tamanho de suas longas e doces trocas de linhas e suas linhas saltariam de um para o idílio do outro, encontrando-se... cruzando-se numa troca de fluidos contidos que há tempo demais escorriam na incontinência das linhas paralelas, aquando de posições verticais, tal era o desejo de se meterem umas pelas outras, as linhas embeiçadas e ansiosas!...
O comboio chegou, percorrendo e percorrido que foi o corpo cúmplice das linhas e duas folhas caíram em movimentos laterais de vaivém seco… leve… e… suave… queda, lá do alto das pontas dos dedos que as seguravam, mal os olhos alinharam a linha de visão na direção do virado “eram suas linhas”, trespassadas por frias pedras de granizo que desfizeram certezas e dúvidas!...
Ali ficaram dois beijos desajeitados e abandonados à pressa, no chão de todos os pés, caídos dos olhos cegos de donos sem lábios, servindo de tapete maltratado por todos que entravam e saíam dos comboios perfeitamente alinhados nas estações, nas linhas que levavam e traziam histórias de linhas desencontradas das partidas,
Das chegadas fingidas,
Das perdidas sem regresso!...
E os beijos paralelos,
Nunca se tocando por lábios belos,
Entregues com todo o amor confesso,
À paixão jamais sentida como excesso,
Pelos inocentes sonhos singelos,
Do imaculado desejo mais professo,
Páginas fechadas nos mais altos castelos,
Entre desconhecidas linhas sem acesso!...

E as linhas por onde as palavras se insinuam, distantes da beleza que cada desejo imagina, cruzam paralelismos de ilusões, já sem a sensação da textura das cartas, sem o cheiro de beijos enviados ao destinatário!...
Restam espaços brancos sem linhas ligados às palavras perfeitamente alinhadas que se escrevem a si mesmas... entre si, sem margens para erros!... 
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