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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Miséria Moderna

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Ó miséria, a quanto obrigas,
Lembras-te dos orgulhosos,
Cheios de nada e manhosos,
Cheios de suas duas barrigas,
Com que cantavam cantigas,
       Barrigas falsas de invejosos?!...

A quanto obrigas, ó miséria,
Dona de nada, sem piedade,
Mostras-te por tua metade,
Parte cheia de vaidosa léria,
Como se fosses palavra séria,
    Que tu revelas por caridade!...

Onde estás ó antiga pobreza,
Que a tantos, a fome matavas,
Eras ajuda forte, tua fraqueza,
Tanto davas e não te fartavas;

Na sopa, contavam-se as favas,
Verdes quintais e tanta beleza,
Ó miséria, espalhas tuas larvas,
    És, agora, semente de tristeza!...
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domingo, 20 de agosto de 2017

Relatividade do brilho... e da Teoria

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Cai tudo do céu,
Até o horizonte de lá cai,
Um coelho divino cai do chapéu,
É magica a mensagem que de lá sai,
De uma estrela há o brilho que se abstrai,
   A vaidade exibe um brilho como troféu!..

Caem sombras de pedras do chão,
Caem sobre a relatividade da teoria,
O céu caiu da sua pura concepção,
Imolam-se as nuvens em aflição,
    Pelo inferno que do céu caía!...

No horizonte, já muito brilhantes,
Cheias de brilho, as estrelas absolutas,
São relativas virgens, tal como dantes,
Como relativas são algumas putas;
Talvez que ao caírem, por instantes,
Tão cintilantes quanto impolutas,
Sejam puras como diamantes,
Ou sejam apenas amantes,
Em seus céus de disputas,
    Estrelas do céu distantes!...

Cai tudo da terra inocente,
Tudo cai sobre a mesma terra,
A inocência morre lentamente,
    Na paz do céu, palco de guerra!...

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domingo, 27 de dezembro de 2015

Nuvens de Corvos (Mais tarde ou mais cedo)


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Mais cedo ou mais tarde,
Vemos uma nuvem que desanima,
Aproxima-se em silêncio, sem alarde,
Escorre por sua pouco líquida auto estima,
Sua memória do arco-íris já não a mima,
Está perto do inferno sem cor e arde,
  Cai sobre nós, com o céu em cima!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens mais brancas escurecem,
Desabam sobre espantalhos, em segredo,
Não haverá raios de Sol que espantem o medo,
Searas de trigo cobrem-se de corvos e arrefecem,
Erguendo-se da terra, nuvens de corvos amanhecem,
Para escurecerem o pão em seu triste arremedo,
Longe do Sol que já não vêm e falecem!...

A três dias do fim do último dia,
Logo após a esperança nascer,
A terra grávida de agenesia,
Viu uma árvore esmorecer,
A chuva desaparecer,
E tudo que sentia,
     Secar e morrer!...

Mais tarde ou mais cedo,
As nuvens de corvos voltarão,
Chuva de penas negras escorrerão,
E aos olhos da Terra coberta de medo,
Enterrar-se-á o princípio do fim da razão,
     Haverá chuva, mais tarde ou mais cedo!...

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Colheita Perdida


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Mordeste a terra deixada ao abandono,
Cemitério onde enterraste teus dentes,
Sonhavas com trabalho, esse teu dono,
O pesadelo de perdê-lo tirou-te o sono,
     Hoje não dormes por muito que tentes!...

Mordeste a terra alheia, tão fértil e pura,
Viste teus dentes caírem a cada dentada,
Mastigaste teu árduo suor da tua agrura,
Semeaste-te em campos de escravatura,
     Colhes a tua raiva dentro de ti enterrada!...

Hoje, ainda vês teus campos reverdecer,
Nos olhos que ainda procuram abastança,
Olhas teu prato onde nada há para comer,
    Vês a desilusão nos pratos da tua balança!...

Semeaste uma desenterrada lembrança,
Teu olhar ainda semeia o que teve de ser,
Esqueceste onde semeaste a esperança,
    Ai, se soubesses onde a esperança colher!...
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