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-Sou folha da árvore que sou,
Folha que cai dentro de mim,
Sou árvore nua que me vou,
Desta terra mãe onde estou,
Deixo minhas raízes sem fim!...
Sou o Ser de meu ser com raiz,
Ser de ser Árvore e ser o fruto,
Sou o tudo ser do ser que quis,
Ser como ser árvore e ser feliz,
Sou em Vida o meu verde luto!...
Fui Raiz enterrada ainda viva,
A causa de vida à existência,
Fui-me tão única alternativa,
À minha vida verde de diva!...
Na sombra de minha demência,
Fui jejum de minha penitência,
Alimentei a minha raiz sensitiva,
Com seiva de minha clemência!...
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-Era uma árvore altiva,
Vivendo à sombra de sua altivez,
Não era, amigo arbusto?...
-Sim, arbusto amigo,
Concordo contigo;
Sem sol que iluminasse sua pequenez,
Sua vontade de ser não foi impeditiva,
De tombar por falta de lucidez!...
-Diz-me, amigo arbusto,
Qual o preço a pagar pela altivez?..
-Sem ter a certeza de ser justo,
Há uma relação, talvez,
Na distância entre a raiz e altiva vez,
Quando lá muito do alto... e do susto,
Não ver suas raízes e cair,
Por desmesurado subir,
A qualquer custo!...
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É de uma profundidade sem tamanho o que está escrito. Pensar no ser. Nas raízes e nos frutos.
ResponderEliminarE o preço que se paga para se ser o que se é.
Completo o ciclo, raiz, árvore, folha e frutos, e ouso a considerar como primeira leitura um encontro comigo mesma na perspectiva de uma visão, ainda que objetiva, mas dolorosa o bastante, que me nego a vivenciar, e sou levada por um caminho que eu já percorria, mas que ainda não tinha a consciência dele.
ResponderEliminarNão é a primeira vez que sou levada para dentro de um poema d’Alma, e confesso, tão sem graça quanto profundamente enraizada, que não gostaria que fosse a última, e que não quero me desprender dele nunca mais, porque é nesse movimento, em entrar e sair, que encontro a poesia.
Ou a poesia d’Alma me encontra.
O essencial às vezes me escapa, ou muitas vezes, e o que fica é a superfície, ou o raso das coisas que fundamenta a vida.
Não aqui.
Impossível ler imagens e palavras e não viajar em terra firme, ou formular perguntas sem respostas e abreviar dúvidas. Extenso, e tão belo quanto desconfortante, “Custo da Altiva Vez” é a desconstrução da construção, queda livre, tombamento, ‘susto’, e morte. Lenta. Há dor, perda e sofrimento. As reticências conduzem ao pior de mim, e logo eu que evito a todo custo esse encontro. Ou reencontro.
Convertendo-se numa verdade, humana, e tão humana, o poema integra diversos registros num só único tema. Nascer, crescer, reproduzir e, mesmo morrer, não é garantia de vida. Não basta ser raiz ou árvore. É preciso ser sombra. Habitar continentes humanos. Humanizar e poetizar. Ser verso e poesia, escrever histórias. De amor. De solidariedade e de comunhão. Ser manifestação e expressão de existência. Repensar valores, principalmente de comunicação. Despertar a imaginação. Partilhar. Conhecimento e aprendizado. Apreender valores na sociedade e compreender como esses valores assumem papéis na configuração das identidades. Ser escritor, ou autor, sem perder a humildade de também ser leitor, ou personagem. Manter o equilíbrio e a sensatez.
Sorrir. Amar. E se entregar. Se for para ter vergonha, apenas da vergonha que não se tem de fazer da vida um poema sublime. Senão for para ser d’Alma, que seja pelo menos com alma. Com muita Alma. E, sem ônus, habitar poeticamente o solo.
Pela arte que se faz lição, obrigada A. Bom fim de semana.