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Acordo sem deixar de dormir,
Neste sonho que me enrola,
Ou, talvez não…
Não sei ler e volto à escola,
Não há quem me possa acudir,
Acudo-me num rabisco farsola,
O professor é um terrível anão,
Escreve de espingarda na mão,
Solto um grito e vejo-me a cair,
Caio numa oferta, sou a esmola,
Sou o jantar de um famoso leão,
Engolido, passo por uma argola,
É ouro que a noiva está a vestir,
Visto-me e avisto-me a despir,
Não tenho qualquer ereção,
Revisto-me sem consolação,
Sinto prazer que deixei de sentir,
Sinto uma nudez que me esfola,
Sou coelho a dormir na caçarola,
Ou, talvez não…
Acordo em corvo cor de carvão,
Sobrevoo uma criança sem gramática,
Tão indecifrável é a linguagem do cifrão,
Enrola-se a língua à língua que se
enrola,
Blábláblá... qualquer coisa e um pouco de
pão,
Voam os chapéus que sacam coelhos da
cartola,
Cada cartola mais alta é uma cartola
democrática,
Foram-se os coelhos mágicos e só ficou uma
pistola,
A fome de uma criança aponta a pistola
automática,
Aponta às dores de dentes do regressado leão,
Contrata-se um dentista, por caça, fanático,
E antes que o mudo mundo grite não,
Os pássaros morrem numa gaiola,
As crianças tomam uma decisão,
O medo da vida é sintomático,
O medo da vida é sintomático,
E morrem com determinação!...
Acordo sem deixar de dormir,
Sonho com um leão feito de luz da lua,
Há um sol que para alguns só brilha a
fingir,
Caçadores de leões são a humanidade no devir,
Caçadores de leões são a humanidade no devir,
Crianças morrem nos dentes da fome que continua!...
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Venho agradecer sua visita a um dos meus blogues e seu comentário.
ResponderEliminarEstou em período de férias, venho pouco ao computador, no entanto
quis vir agradecer-lhe. Gosto da sua poesia.
Virei com mais tempo para a próxima.
Abraço amigo.
Irene Alves