quarta-feira, 29 de junho de 2016

Irremediável (Perda de Tempo)

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Deixei em ti morrer,
Enquanto em mim morria,
O que deixei deixar de querer,
Tudo que de nós mais queria;
Troquei tudo por um dia,
Por dias de não saber,
Mal eu saberia,
    Quão mal sabe o nada ter!..

Ai, se ontem eu soubesse,
O que de ti, amanhã quisesse,
É a presente contrição tão severa,
Deste vazio presente que me exaspera,
Oxalá voltasse o passado que me desse,
O que por mim, ficando, por ti espera,
    E por nós, novo amanhecer viesse!...

É tua tristeza que não mereço,
Tristeza tua que me entristece,
     Triste saudade que eu conheço!...

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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Goodbye England ( Estrela de David... Cameron)


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Sinto pena deste reflexo envergonhado,
Neste avesso espelho irreflectido por mim,
Vejo nascer esta geração já perto do seu fim,
Reflecte-se em suas mãos, tempo desperdiçado,
E nem o teu inocente sorriso, de sorriso disfarçado,
Que me envolve em ingénuos aromas de jasmim,
Me devolve a imagem perfumada que eu guardo,
Da liberdade e das flores vistas assim…
Como aquelas flores de tempos idos,
Flores que nasceram em jardins instruídos,
Crescendo entre a sensibilidade e o cuidado,
O cuidado com cada pétala de perfumado cetim,
De cada sílaba, do desejo e cada olhar delicado,
As lúcidas palavras gravadas em branco marfim,
E a polidez desenhada nos marfins mais polidos;
Pétalas vivas entre cada página dos livros lidos,
O perfume das palavras e dos livros diluídos,
     Nos perfumados saberes conseguidos!...

Crescem todas as palavras de paz,
Nas páginas de tantos livros de guerra,
Ser perfume sem flor,
Ser pétala sem cor,
Tanto faz…
Ser jardim sem terra,
Ser livro que a História encerra,
Onde o nosso jardim da memória jaz,
E pouco mais resta desunir do real amor,
 Realeza desse perfumado embaixador,
     Condenado ao regresso a Inglaterra!...

Da união do reino,
Ao reino da desunião,
Oxford, universidade de treino,
   Ovo Sionista chocada no ninho Alemão;
 Afinal, William Shakespeare nunca existiu,
E os reinos são uma ilusão,
O Reino Unido caiu,
    Acabou a união!...

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"Meu maravilhoso Reino Unido,
My sweet Elizabeth, minha rainha,
Foste muito desta vaidade tão minha,
Por vossa graça, de graça teria eu morrido,
Dado a vida, sem desgraça, pelo dever cumprido,
Meu admirável reino de primavera, minha andorinha,
      Como conseguiste deixar que teu ninho fosse destruído?!..."
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PS-Só para que conste e se perceba melhor mais qualquer coisa,

David Cameron descende d0 Banqueiro Judeu, originário da Alemanha, Emile Levita.

     



sexta-feira, 10 de junho de 2016

Adamastor Ressuscitado

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As nuvens do que nos parece,
A nuvem que se é e não se desfaz,
A chuva que dos olhos não acontece,
O olhar enevoado que ficou para trás,
Uma nuvem que se foi e não foi capaz,
De chover em quem por ela se desse,
A lágrima que por amor se merece,
    Lágrimas de uma nuvem fugaz!...

Nadaram as palavras, a muito custo,
Perfeitas, num mar de preciosa epopeia,
Sobre a pala heroica, ainda flutua uma panaceia,
Cura para todos os males deste mundo injusto,
Flutuam palavras à deriva, na deriva Europeia,
Deixou-se desviar o antigo Portugal robusto,
Do rumo histórico traçado em seu busto,
E tudo que resta é um mar de areia,
     Nos olhos cegos por cada susto!...

Nadam os Camões modernos,
Em piscinas de marfim e águas reais,
São reis de uma realidade sem invernos,
Tão real é a realidade dos velhos ais,
Que regressaram velhos demais,
Carregados pelos infernos,
   De nuvens infernais!...

Nuvens negras, esmagadoras,
Prenhes de medo esmagador,
Nuvens densas, ameaçadoras,
Dão à escuridão, noites de dor,
Ressuscita Luís de Camões,
Sem pena nem palavrões,
Ressuscita o terrível Adamastor,
Mostrengo de Pessoa e castrador,
De homens e de bravos corações,
Feitos de muito medo e sem valor,
     Transgénicos sem colhões!...
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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Fogo santíssimo

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Fui condenado ao fogo diabólico,
Por combater o diabo em cada mente,
Pelo santo, foi um santo castigo simbólico,
Fizeram de mim,
Um santo, por dizer assim,
Eleito ao inferno, por santos, simbolicamente,
Fazendo-me mais um santo diferente,
Em pedestal de paraíso retórico,
Esculpido pacientemente,
 Pelo julgamento católico,
    Católico até ao fim!...

Mas, o fogo infernal,
O inferno da madeira secando,
A carne em fogo e o pecado original,
O prazer queimando no inferno celestial,
E o fogo que, a quente, a razão foi apagando,
Sem que  os pecadores soubessem até quando,
A alma da seca madeira fosse tão igual,
 Aos santos que em lume brando,
     Ardiam num inferno de moral!...

Não sei se a madeira com que me fizeram,
Foi altar benzido por todos os pecados,
 Ou se todos os pecados quiseram,
    Ser na madeira sacrificados!...
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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Lágrimas da Luz

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Chorava uma criança na bancada,
Ao ver o seu Benfica que perdia,
A seu lado, a família desesperada,
Abraçava-a e também entristecia;
O inferno, uma lágrima encantada,
Chorava pelas bancadas e escorria,
Chegou aos olhos de quem corria,
Espalhou-se com uma fé danada,
    Fez uma criança chorar de alegria!...

Entre lágrimas e algum desconsolo,
Explodiu uma gloriosa Luz em festa,
Depois do primeiro, o segundo golo,
   Ao adversário nada mais lhe resta!...

É o Inferno da Luz, um glorioso manto,
Encarnando em todas as nossas glórias,
São um manto das gloriosas memórias,
Palavras invencíveis em nosso canto,
   Ecos cantados pelas nossas victórias!...

As crianças vão continuar a chorar,
Libertando suas lágrimas de felicidade,
Por verem o Gloriosos Benfica ganhar,
São Benfiquistas para a eternidade!..
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terça-feira, 10 de maio de 2016

52 - Passado da Vida Eterna

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Fui eu nascer neste estranho dia,
Nasceu este dia no dia que teve de ser,
Fui eu acreditar nesta Europa de alegria,
E logo vi a alegria desta Europa fenecer,
Foi pela morte que a vida fui temer,
   Nesta Europa a deixar-se morrer!...

Tantos anos de tão poucos,
Tão poucos de tantos anos,
Vivemos tão pouco por tão loucos,
Loucos por tantos enganos,
Pensamos ouvir gritos humanos,
    E, desumanos, somos tão moucos!...

Olho para o passado,
Perco-me neste futuro,
Sou presente pouco seguro,
Ausente deste maldito fado,
Que morreu e foi enterrado,
Pelo poder mais obscuro,
     Sempre assegurado!...

Pró diabo, estes cinquenta e dois,
Mais estes ares de Primavera moderna,
O futuro ficou lá atrás, para depois,
     No passado da vida eterna!...
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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Sol Indiferente

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Como é possível a este Sol indiferente,
Conseguir queimar minha sombria solidão,
Ou aquecer meu sangue, outrora quente,
Por onde te perdias até ao meu coração,
Correndo em liberdade omnipresente,
Presente naquele latejar de paixão,
Se, por mim, eu te fiz ausente,
E, tão silenciosamente,
    Se foi a emoção?!...

 Tão só, o sol em sua solitude,
Longe da noite triste e fria, ardendo,
Arde por dentro, em toda a sua plenitude,
Aproxima-se da minha solitária quietude,
Longe do Sol, nu de tudo, tremendo,
E é o sol que me veste, doendo,
Reveste-me de fria infinitude,
     E de calor vai entristecendo!...

Como foi possível anoitecer,
Em nossos olhos tão radiantes?!...
   Porque volta o Sol ao amanhecer,
Tão abrasador como o era antes,
Se adormecemos tão distantes,
Tão longe de arrefecer?!...
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domingo, 1 de maio de 2016

Incomparável

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Beijam, diamantes, o ouro do diadema,
Beijam-se as pedras preciosas também,
Nenhuma palavra é de riqueza suprema,
Rica é a palavra que todo o amor contém,
A poesia engrandece-se de tão pequena,
Todos os versos de amor num só poema,
    Toda a riqueza numa só palavra… Mãe!...

Poderia comparar-te à mais bela flor,
Queria falar de toda a tua beleza,
Falar de ti é falar de amor,
E toda a pureza,
Que flor alguma tem,
És a mais cândida certeza,
Do amor que sabes dar tão bem,
Nossa indiferença é a tua única dor,
Teu único sofrimento é a nossa frieza,
Somos filhas de quem um filha única tem,
Filhas tão tuas e de mais ninguém,
Proteges-nos com fervor,
    Com teu amor de Mãe!...

Mas, somos tão filhos da mãe,
Tão filhos da mãe que não nos criou,
Nossos filhos, de nós, ficam tão aquém,
Criamos nossos filhos que se criam com desdém,
     E os filhos que devíamos ter sido, a ingratidão nos levou!...

Hoje, sou Mãe,
Fui filha e filha sempre serei,
Sou uma filha do amor, também,
    Meu amor que de ti pouco sei!...
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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Decência da Memória

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Escravo feliz de minha consciência,
Essa consciência que já fora minha,
Eu a perdera ao perder a decência,
Paguei com a minha imoral falência,
A quem a sua consciência não tinha,
   E me vendeu toda a sua demência!...

Sem esforço, caminho sem vontade,
Nas entranhas de um louco labirinto,
Cada saída é este bloqueio que sinto,
A saída é o retorno à impossibilidade,
E continuo a deambular sem instinto,
   Sem ser encontrado pela liberdade!...

A memória permanece indiferente,
É a nova reminiscência sem passado,
Como um escravo, infeliz condenado,
De sua vazia infelicidade inconsciente,
Prisioneiro que sua prisão não sente,
Sem sua memória de ter sido beijado
    E dos lábios que o beijaram, ausente!...

Falam-me de uma mortalha escarlate,
Onde enrolei pétalas de cravos ressequidos,
Dizem que me encontraram entre fumos perdidos,
Esfumavam-se os olhos lúcidos que assistiam ao debate,
Segredam-me a loucura silenciosa dos cravos comprometidos,
    E da necessidade da minha memória para o patriótico resgate!...

Ouço um tiro,
A corrida começou,
A memória e um suspiro,
Uma pomba vermelha suspirou,
Há um ar novo que eu respiro,
 Livre de um formatado retiro,
    Minha decência voltou!...

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