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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Indiferença.Poema 2 - Fechado em Si

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De intuito um tanto torto,
Impensável sem o parecer,
Sem pensar e em si absorto,
Sepultado em si, sem o saber,
Não houvesse quem por si haver
Haveria de o pensamento já morto,
    Pensar em não pensar em morrer!...

Viveu como quem não morresse,
Vida sua que, de si, em si morreu,
E se vida houve que Deus lhe deu,
Foi a vida do que lhe apetecesse,
Talvez agradecer sua vida devesse,
   Rebentou de ingratidão e morreu!...

Engana-se a vida e morte, por aí,
Vida que morre dentro de alguns,
Uns dizem que é um pouco de ti,
Outros já sem a vida dentro de si,
   Afirmam-se vivos como nenhuns!...

Indiferentes a tal forma de azar,
Pouco lhes custará a sua morte,
Não quiseram viver para se dar,
Morreram sem a sua vida pagar,
   Por sua vida e desgraçada sorte!...
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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Irremediável (Perda de Tempo)

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Deixei em ti morrer,
Enquanto em mim morria,
O que deixei deixar de querer,
Tudo que de nós mais queria;
Troquei tudo por um dia,
Por dias de não saber,
Mal eu saberia,
    Quão mal sabe o nada ter!..

Ai, se ontem eu soubesse,
O que de ti, amanhã quisesse,
É a presente contrição tão severa,
Deste vazio presente que me exaspera,
Oxalá voltasse o passado que me desse,
O que por mim, ficando, por ti espera,
    E por nós, novo amanhecer viesse!...

É tua tristeza que não mereço,
Tristeza tua que me entristece,
     Triste saudade que eu conheço!...

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Esplim (Melancolia Existencial)








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Talvez sim,
O princípio esteja na existência,
Talvez na primeira impressão da aparência,
Ou na aparente impressão de princípios assim,
E nada exista!...
A fantasia e o olhar a florir entre flores de jardim,
As cores, cada perfume e a sua fantástica essência,
Os regatos de cristal e as fontes incríveis de marfim,
A sorte longínqua e lenta dos elefantes, pesada e ruim,
O vapor das lágrimas transparentes em evidência...
Talvez sim,
    E nada exista...
Tudo gire num bailado harmonioso de inocência,
E um ou outro sublime estado de abstrato esplim,
Talvez a razão do fim do mundo, afinal não exista,
    E só para todos nós e todas as coisas haja um fim!...


Talvez tudo que existe seja irreal,
Talvez a melancólica realidade não resista,
A esta melancolia existencial,
   E nada exista!...

   
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sábado, 8 de março de 2014

Aspirando...


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Vejo-me no chão e no ar,
Pairo sobre o retorno de ficar só,
Ténue de mim desta frágil vida a levitar,
Leve, leve…leve a luz que me ilumina o pensar,
Vejo-me ínfima partícula respirada num universo de pó,
    Sou aspirador aspirado com pouco ou nada do muito a aspirar!...

Sou tão terra quanto a minha certeza de ser o retorno à poeira,
Sigo os borbotos sobre as falsas tábuas de flutuante soalho,
Há tufos de lã que aspiram ir além da pata da cadeira,
Sinto-me que aspiro algo e sento-me à sua beira,
Cai levemente um fio do meu cabelo grisalho,
Aspiro a ideia de ser um velho carvalho,
  Aspiro o cabelo e a cinza da lareira!...

Arrasto palavras acumuladas,
Junto-as sem cuidado a um canto,
Formam-se frases para meu espanto,
Imperfeitas com aspirações desinspiradas,
Varro do pensamento ideias desfragmentadas,
Aspiro novos fragmentos que levitam por encanto,
Sem borbotos atraídos por sujas palavras empoeiradas,
São todas elas parte de um tema,
Aspirações e inspirações aspiradas,
   São aspirador que aspira ser Poema!...
    

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