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Crianças desfilam em passadeiras
rendadas,
Despidas da inocência até às rendas
adultas das ligas,
O adultério embuçado de silêncio não lhes
diz que foram violadas,
Transformando-as em sombra de silenciosas
filhas envergonhadas,
Ainda antes que o sol despontasse nos
olhos das jovens raparigas!...
Os pais anoiteciam no segredo do ciúme, demasiado
cedo,
Mães, entregavam-se às noites da vergonha
e do medo,
O silêncio da noite contava às filhas histórias
antigas,
Histórias que se escondiam no silêncio
das amigas,
E das lágrimas agrilhoadas ao mudo
segredo,
Atrás dos gritos das palavras
amordaçadas!...
Hoje, já mulheres desesperadas,
As crianças continuam a desfilar,
Pais pagam para as namorar,
Mães são desprezadas,
E proibidas de falar!...
Os pequenos lábios vermelhos desfilam,
sensuais,
Insinuam-se os olhares perdidos nas cores
do pecado,
Os aplausos entrelaçam-se em nós de laços
carnais,
E antes que as crianças possam crescer
mais,
Já suas virgindades têm o destino traçado,
Com a anuência destes tempos brutais,
Num
banal espectáculo desgraçado!...
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