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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Liturgia da Sombra... às Trevas

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Testículos sem semente,
Em versículos definitivos,
Faz-se deus quem mente,
   Por uns estéreis motivos!...

Inclusos, os substantivos,
Em exclusão substancial,
Sujeitados aos adjectivos,
   Da incontinência verbal!...

As palavras emudecem,
A bíblia sacode-se do pó,
 Dos anjos que escurecem;

E as liturgias amanhecem,
Ensombram quem está só,
    Demónios que reaparecem!..
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quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Troca da Razão



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Descodificaram-lhe os níveis de concentração,
Equacionaram hipóteses nulas de sobrevivência,
Pediram à velha humanidade para ter paciência,
Mas já nada havia a fazer pelo reflectivo coração,
O reino do cérebro escravizara-o sem clemência,
Carregou a besta com sofrimentos de falsa razão,
Pena após pena, até à última pena já sem perdão,
Desenganado, exalou um sopro final de inocência,
     E levou consigo seu cérebro, do qual fora a prisão!...

Quando ao coração coagido se dá o pensamento,
E o cérebro recebe ordens para deixar de pensar,
A razão transforma-se num ignaro complemento,
Das falsas dores induzidas pelo falso sofrimento,
Troca-se o coração de ouro que não sabe pensar,
     Pelo vazio cérebro sem razoável sentimento!....
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domingo, 19 de abril de 2015

Despertar de uma Flor Enganada (A Revolta)








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Pobre pálido idealista,
Com teu verde no chão,
Vermelho até ao coração,
Minha linda flor imprevista,
Intuíram-te numa ideia altruísta,
Para que fosses a flor de uma nação,
O jardim à beira mar sentiu a tua desaparição,
Lembra-se de seres semeada num bolso capitalista,
    E de ver-te crescer nas esnobes lapelas de um ladrão!...
Que fizeram de ti, minha pobre flor?!...
Semearam-te,
Ajudaram-te a crescer na ilusão de um mar imenso de amor,
Convenceram-te que aos cais das despedidas, não voltaria a dor,
   E, depois do idílio, desengano após desengano, foram partindo,
Os poucos que aos poucos foram ficando… violaram-te!!!...
Da tua dignidade violada, os violadores foram rindo,
Ainda lhes imploraste: - Por favor!!...
Tua esperança foi diminuindo,
Amordaçaram-te,
Tua voz foi-se calando a mando do censor,
Os revolucionários libertadores enganaram-te,
E sentiste que se desvanecia o teu alegre rubor,
Ignoraram-te,
Maltrataram-te,
Espezinharam-te,
 Foste abandonada no canto mais austero da Democracia,
Foste murchando com a esperança murchando ao teu redor,
Sentiste que a ilusão da terra lavrada, outrora fértil, esmorecia,
E questionas-te, agora revolucionada pelo teu verde pudor,
Sobre teu caule revolucionário que há muito não se via,
Olhas o jardim onde não estás e só vês a maioria,
Jardins cheios de eleitas maiorias sem valor,
Jardins, por ti eleitos, de eleita tirania,
   Que te fazem vermelho de rancor!...
Uma indescritível história de desamor,
E se palavras houvesse para o descrever,
A vergonha nãos as deixaria dizer,
   E ali ficam contigo, pobre flor!...
Que fizeram de ti?!...
Amaram-te,
Ilustraram-te,
Coloriram-te e serviram-se de ti,
Decoraram o concreto das cortinas de murais,
Deram-te um inesperado emprego e desempregaram-te,
   E as belas cores da igualdade, não voltaram, jamais…
   Abandonaram-te!...
Que quiseram eles de ti?!...
Deram-te à terra e desenterraram-te,
E nem sequer um pingo de chuva aparece,
Nem a chuva, nem um só amigo,
Que partilhe contigo,
A dignidade que uma flor do Povo merece!...
O que fizeram de ti, minha revolucionária flor,
Que, em ti, a revolução floresce,
Liberta-se e cresce?!...
Ignorando a semente, enterraram-te,
Enterrado vivo na terra quase morta, o desconchavo,
Renasces revolução nesta democracia que apodrece,
Revolucionaram-te...
Sem apelo nem agravo,
    Meu vermelho e verde Cravo!...
Despertaram-te!...
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Ontem


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Não foi por engano dos dias acabados,
Que ontem foi o dia dos dias de mentir,
Mentiras e os enganos foram coroados,
A mentira do dia, cresceu antes de se ir,
Prometeu que a verdade estava para vir,
Hoje é ontem, o amanhã dos enganados,
Velho futuro revindo dos emparelhados,
   Ontem do amanhã que hoje irão seguir!...

Ontem foi um dia mentido,
A véspera do futuro da verdade,
Ontem continua a ser o futuro mantido,
Que, um dia antes do hoje ter nascido,
Abortou o dia seguinte sem saudade,
Deixando o amanhã sem validade,
Futuro que o podia ter sido,
Mas…
Antes de acabar a validade
E antes que o desmontem,
Já hoje está presente o ontem,
    Amanhã de mentiras sem idade!...

    
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sexo, Moscas e a Sombra do Amor


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Carentes de carinho,
Caros saem os olhos da cara,
Carregam sombras da manhã clara,
Pesados são os olhos em cego descaminho,
Perdidos no anoitecido olhar do seu olhar sozinho,
 Sem ver cair a lágrima que na sombra os aguardara,
     Sonhando encarar os cegos olhares em desalinho!...

Como uma sombra nas trevas da clara razão,
Move-se a luz que olhos perdidos encandeia,
Deitou-se a sombra sobre a luz fraca da ideia,
E antes de ajoelhar-se aos olhos da confissão,
Olhou-se na cara mais triste do falso coração,
    Vendo-se rosto do pesadelo da cara mais feia!...

Quando uma fraca cabeça já por demais perdida,
Pela falta de orgulho que o sexo promíscuo fodeu,
 Pouco resta da vontade responsável já toda fodida,
  Tudo parece amor numa doentia relação distorcida,
     Jamais o Amor será isso que é, e nunca aconteceu!...


Doentes não são as moscas, 
Por um pedaço de merda amarem,
Doentes são as cegas paixões mais toscas,
    Desses doentes, enquanto da merda gostarem!... 

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Furúnculos e homúnculos





Porque hoje é dia de incontinentes verbais,
E de todos aqueles que por insanidades mentais,
Encontram em cada dia novas formas de mentir,
Aqui lhes dedico algo que não vem nos manuais,
Se bem que não seja espectável fazê-los refletir!...
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Era um saco cheio de nauseabundos dislates,
A pele tecia-se numa asquerosa serapilheira,
Duas ervilhas já podres em vez dos tomates,
Eram as partes de seus disformes combates,
Forma abjeta, a daquela merda tão rasteira,
Abandonado entre o vómito e a estrumeira,
Tortuosa mente de ressabiados disparates,
    Torturado pelo cheiro da própria asneira!...

Aquele saco cheio de merda tão repelente,
Dizia-se homem e mulher, só não era gente,
De quando em vez,
Tresandando a estupidez,
Despia a serapilheira, o infeliz travestido,
E sua mente de sua demente merda já esquecido,
Com o seu coração imundo desfilava sordidamente,
Rastejando em sua forma de ser distorcido,
Como coisa abstrata que já não sente,
A diarreia em que, inevitavelmente,
   Já se desfez, levando-se consigo!...
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Aquele saco de pus virulento,
Dizia-se mulher abandonada,
Deixada ao abandono… sim,
Por não merecer ser amada,
É seu o miserável tormento,
Disseminando ódio sem fim,
Contra as palavras do vento,
O culpado da sorte infetada,
Do seu coração peçonhento,
   Que mais valia estar cheio de nada!...

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Esta é a estória possível sobre uns podres furúnculos,
Á beirinha de um ataque de nervos prestes a rebentar,
Tamanha dor e tais intumescimentos dão que pensar,
E dão que pensar os amolecimentos dos homúnculos,
     Que, quer rebentem ou não, mais vale não os cheirar!...

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Entre Aspas Poéticas



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Descreviam-se os sempre presentes desertores,
De fiéis atraiçoados por estranhos poemas desconhecidos,
Revoltavam-se com suas entranhas os senhores doutores,
E entranhavam-se na certeza dos destinados a deprimidos,
Sempre entregues aos estoicos versos já por demais batidos,
Dados à luz pelo tão saber sentir o ser-se pai e seus autores,
Para serem lidos por universitários graus de risíveis valores,
    Imitados por limitados poetas por tão ridículos mal paridos!...

Queixavam-se na fila da frente, sem noção, os desertores,
Das traições ingratas sobre as suas abreviaturas doutoradas,
Como se suas preces por versos houvessem sido abandonadas,
E tudo que resta são ensurdecedores murmúrios dos clamores,
Corvejados pelos redundantes ventos de trovas mal clamadas,
    Às orelhas moucas de onde vai escorrendo a cera dos rumores!...

Escrevem-se poemas escanzelados entredentes,
Mordidos por bocas desdentadas de esfomeadas prosas,
Agarram-se a todos os espinhos meigos com unhas e dentes,
E em sua teimosia de tão cega já enfadonha por tantos precedentes,
   Banham-se em mistelas poéticas como se fossem água de rosas!...

Porque, meu pretenso poeta, te arrastas,
 Para as tuas prosas tão longe, longe de mim,
 Se és parte de poemas aparte partindo do fim,
      Sem a rima dos poetas concebidos entre aspas?!...
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