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Pobre pálido idealista,
Com teu verde no chão,
Vermelho até ao coração,
Minha linda flor imprevista,
Intuíram-te numa ideia altruísta,
Para que fosses a flor de uma nação,
O jardim à beira mar sentiu a tua
desaparição,
Lembra-se de seres semeada num bolso
capitalista,
E de
ver-te crescer nas esnobes lapelas de um ladrão!...
Que fizeram de ti, minha pobre flor?!...
Semearam-te,
Semearam-te,
Ajudaram-te a crescer na ilusão de um mar
imenso de amor,
Convenceram-te que aos cais das despedidas,
não voltaria a dor,
E, depois do idílio, desengano após desengano, foram partindo,
Os poucos que aos poucos foram ficando…
violaram-te!!!...
Da tua dignidade violada, os violadores
foram rindo,
Ainda lhes imploraste: - Por favor!!...
Tua esperança foi diminuindo,
Amordaçaram-te,
Tua voz foi-se calando a mando do censor,
Tua voz foi-se calando a mando do censor,
Os revolucionários libertadores enganaram-te,
E sentiste que se desvanecia o teu alegre
rubor,
Ignoraram-te,
Ignoraram-te,
Maltrataram-te,
Espezinharam-te,
Foste abandonada no canto mais austero da
Democracia,
Foste murchando com a esperança murchando
ao teu redor,
Sentiste que a ilusão da terra lavrada,
outrora fértil, esmorecia,
E questionas-te, agora revolucionada pelo
teu verde pudor,
Sobre teu caule revolucionário que há
muito não se via,
Olhas o jardim onde não estás e só vês a
maioria,
Jardins cheios de eleitas maiorias sem
valor,
Jardins, por ti eleitos, de eleita
tirania,
Que te fazem vermelho de rancor!...
Uma indescritível história de desamor,
E se palavras houvesse para o descrever,
A vergonha nãos as deixaria dizer,
E
ali ficam contigo, pobre flor!...
Que fizeram de ti?!...
Que fizeram de ti?!...
Amaram-te,
Ilustraram-te,
Coloriram-te e serviram-se de ti,
Decoraram o concreto das cortinas de
murais,
Deram-te um inesperado emprego e
desempregaram-te,
E as belas cores da igualdade, não voltaram, jamais…
Abandonaram-te!...
Que quiseram eles de ti?!...
Deram-te à terra e desenterraram-te,
E nem sequer um pingo de chuva aparece,
Nem a chuva, nem um só amigo,
Que partilhe contigo,
A dignidade que uma flor do Povo
merece!...
O que fizeram de ti, minha revolucionária flor,
O que fizeram de ti, minha revolucionária flor,
Que, em ti, a revolução floresce,
Liberta-se e cresce?!...
Ignorando a semente, enterraram-te,
Enterrado vivo na terra quase morta, o desconchavo,
Enterrado vivo na terra quase morta, o desconchavo,
Renasces revolução nesta democracia que
apodrece,
Revolucionaram-te...
Sem apelo nem agravo,
Meu vermelho
e verde Cravo!...Sem apelo nem agravo,
Despertaram-te!...
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