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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Furúnculos e homúnculos





Porque hoje é dia de incontinentes verbais,
E de todos aqueles que por insanidades mentais,
Encontram em cada dia novas formas de mentir,
Aqui lhes dedico algo que não vem nos manuais,
Se bem que não seja espectável fazê-los refletir!...
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Era um saco cheio de nauseabundos dislates,
A pele tecia-se numa asquerosa serapilheira,
Duas ervilhas já podres em vez dos tomates,
Eram as partes de seus disformes combates,
Forma abjeta, a daquela merda tão rasteira,
Abandonado entre o vómito e a estrumeira,
Tortuosa mente de ressabiados disparates,
    Torturado pelo cheiro da própria asneira!...

Aquele saco cheio de merda tão repelente,
Dizia-se homem e mulher, só não era gente,
De quando em vez,
Tresandando a estupidez,
Despia a serapilheira, o infeliz travestido,
E sua mente de sua demente merda já esquecido,
Com o seu coração imundo desfilava sordidamente,
Rastejando em sua forma de ser distorcido,
Como coisa abstrata que já não sente,
A diarreia em que, inevitavelmente,
   Já se desfez, levando-se consigo!...
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Aquele saco de pus virulento,
Dizia-se mulher abandonada,
Deixada ao abandono… sim,
Por não merecer ser amada,
É seu o miserável tormento,
Disseminando ódio sem fim,
Contra as palavras do vento,
O culpado da sorte infetada,
Do seu coração peçonhento,
   Que mais valia estar cheio de nada!...

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Esta é a estória possível sobre uns podres furúnculos,
Á beirinha de um ataque de nervos prestes a rebentar,
Tamanha dor e tais intumescimentos dão que pensar,
E dão que pensar os amolecimentos dos homúnculos,
     Que, quer rebentem ou não, mais vale não os cheirar!...

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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Atrás do Rosto

 
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Socorro!...
Quero de volta o rosto mil e tal,
  Não é meu este carácter número um!...
   Acudam-me!...
Devolvam-me o efeito social,
Que acabe com este mal,
De ser ninguém,
No rosto de alguém,
Com sorriso leal,
Olhado com desdém,
Pela hipocrisia comum,
Que faz valer de nenhum,
O verdadeiro e original!...
Por favor!...
Deixa-me ser-te,
Ser-me vendaval,
Vento de todas as cores,
Máscara de teus amores,
Merecer-te…
Ser teus mil rostos interiores!...

Socorro!...
Onde está meu verdadeiro rosto?!...
Aliviem-me os elásticos desta vantajosa tara,
Procurem bem debaixo do meu desgosto,
Vejam atrás de meu lado mais exposto,
Para que possa por mim dar a cara!...
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segunda-feira, 7 de março de 2011

Máscara


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Sumptuosa árvore, poderosas raízes,
Sustentando a força que o povo agradece,
Gigante imponente de silenciosa dialéctica,
Beneplácito crente de atitude patética,
Sem as benesses das horas felizes,
Horas insensatas de que o povo padece,
O povo público… a Pobreza!...
Sempre à volta do pau, gravando mensagens,
Talhando a eito,
Atalhos,
Com firmeza,
Sem derrapagens,
Aposta do peito que fortalece,
O poder fraco da palavra,
Fraqueza imponente das imagens!...
Atalhos,
Talhados nos rosto, gravados na vergonha,
Risos e sorrisos fechados, amarelados,
De todas as cores,
E favores,
Abertos, sempre, a mais um baptismo,
A mais uma cegonha,
Desacreditada por esses abutres,
 Donos da verdade;
Espertos,
Despertos,
Adormecidos,
Possuídos,
Sempre à volta do pau,
Nada mau!...
Moldando mais uma máscara conveniente,
À ocasião sempre presente,
De adivinhar uma simpática verdade,
Num qualquer incapaz,
Vestido de insuspeita bondade!...
Horas insensatas de que o povo padece,
O povo público…
Que todo o castigo merece!...
Um prémio, mais uma benesse,
O melhor lugar no espectáculo lúdico,
E, quem sabe, uma máscara ainda melhor,
Mais um favor, nada pior,
Chegar onde nunca chegou,
Nem nunca o sonho ousou chegar!...
É uma nova máscara a talhar,
Bem trabalhada na ideia,
Concebida à catanada,
Ajustada a pontapé,
Nos ventos de quem semeia,
Campos de marretada!...

Atalhos bem talhados?!...
Entre o talho e o atalho,
Há qualquer coisa que cheira mal,
Um descuido malcheiroso, coisa e tal,
E lá cai a coisa revelando a “cara”;
 É que entre a latrina do passado,
E a sanita interactiva do futuro,
Vagueia muito mijo disfarçado,
 De cagalhão bem duro,
Mas não é de todo seguro,
Porque em tanta porcaria misturado,
Ficou-lhe o cheiro alterado,
Não passando despercebido,
Passando por ser o que não é,
Sendo confundido até,
Com aquilo que havia sido!...
Mas mesmo isso foi derretido,
Na temperatura do sol quente,
E enquanto se ia evaporando,
Impõe-se uma questão pertinente:
-Que seria aquele mijo,
Se em vez de mijo fosse gente?!...

Arbusto de raiz insegura,
Ao sol, de sombra despido,
Apeadeiro de território canino marcado,
Denuncia um cheiro infectado,
Naquele rosto abandonado,
Talhado a coices de cavalgadura!...
Máscara caída que ninguém viu,
Talhada da sumptuosa árvore que caiu!...
Ainda assim, nisto de árvores caídas,
É preciso tomar caldinhos de cautela,
Pois há sempre calculadas investidas,
Daquele que talhou uma gamela;
Fitou-a, fez-se a ela,
E cismou fazer dela,
 A máscara mais bela!...
Tirou-lhe as medidas,
Deitou-se nela,
E nela tomou o gosto,
 De nela comer!...
Pois!
Mãos à obra e toca a serrar,
Esculpir,
Talhar,
Suas medidas há que ajustar,
Medidas incertas, não há porque errar!...
Pois!

A coisa ficou pronta,
E do que parecia uma ideia tonta,
Pior coisa não podia sair;
Com as folhas a cair,
A madeira arreganhava,
Fustigada pelo sol quente,
Enquanto o fogo se aproximava,
Impunha-se uma questão pertinente:
-que seria aquela gamela,
Se em vez de gamela fosse gente?!...

Máscaras caídas que ninguém viu,
Talhadas da árvore que nunca existiu!


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