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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Gene das Palavras Filhas da Puta

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Em minha boca impoluta,
Onde minha língua se articula em pureza,
Movem-se muitas palavras filhas da puta,
E muita alegria bem disfarçada de tristeza,
    Que minha consciência, essa tristeza refuta!...

Comovem-me as minhas palavras urdidas,
Cheias de beleza miserável e comoventes,
Falam de sofrimento, ai como são sofridas,
Palavras sempre irresistíveis e influentes;
Muitas, as tenho escondidas entre dentes,
As de regozijo, dou-as como desaparecidas,
Todos eu entristeço,
Por qualquer preço,
Observo o silêncio das lágrimas comovidas,
   Prémio que mereço!...

Em minha boca impoluta,
Há uma pérfida língua, quase divina,
Que tece palavras de índole muito fina,
Dá forma macia aos ouvidos de quem escuta,
É nas palavras que entredentes se esconde a surdina,
   Muito puros parecem os genes das palavras filhas da puta!...

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sábado, 7 de janeiro de 2017

Morder a Língua

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Que nunca a minha língua se tolha,
Meus dentes nunca deixem de a morder,
Quando o veneno, -ai, que Deus me faça a folha,
-Se verta sobre a brancura limpa da  minha escolha,
Pois, -bem vindo és, ó meu desejo triste de morrer,
     Antes que, pela morte do que sou, eu deixe de o ser!...

Quiz o diabo que meus dentes caíssem,
Um a um, desiludidos após mais uma desilusão,
Quiseram os homens que as verdades não vissem,
Um a um, venderam-se à eterna mentira por omissão,
Quando descobriram que padecia de eternidade, o coração,
E como se, enquanto homens, como homens não  existissem,
    Condenaram sua Alma à própria consciência em extinção!...

Procuro o único antídoto no que resta da humanidade,
Pressinto-O na réstia que ilumina a esperança dos filhos seus,
Mas, entre os seus filhos iguais, é tão abismal a desigualdade,
Que as guerras por coisa nenhuma são uma necessidade,
    Talvez (mordo minha língua) um descuido de Deus!...


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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Furúnculos e homúnculos





Porque hoje é dia de incontinentes verbais,
E de todos aqueles que por insanidades mentais,
Encontram em cada dia novas formas de mentir,
Aqui lhes dedico algo que não vem nos manuais,
Se bem que não seja espectável fazê-los refletir!...
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Era um saco cheio de nauseabundos dislates,
A pele tecia-se numa asquerosa serapilheira,
Duas ervilhas já podres em vez dos tomates,
Eram as partes de seus disformes combates,
Forma abjeta, a daquela merda tão rasteira,
Abandonado entre o vómito e a estrumeira,
Tortuosa mente de ressabiados disparates,
    Torturado pelo cheiro da própria asneira!...

Aquele saco cheio de merda tão repelente,
Dizia-se homem e mulher, só não era gente,
De quando em vez,
Tresandando a estupidez,
Despia a serapilheira, o infeliz travestido,
E sua mente de sua demente merda já esquecido,
Com o seu coração imundo desfilava sordidamente,
Rastejando em sua forma de ser distorcido,
Como coisa abstrata que já não sente,
A diarreia em que, inevitavelmente,
   Já se desfez, levando-se consigo!...
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Aquele saco de pus virulento,
Dizia-se mulher abandonada,
Deixada ao abandono… sim,
Por não merecer ser amada,
É seu o miserável tormento,
Disseminando ódio sem fim,
Contra as palavras do vento,
O culpado da sorte infetada,
Do seu coração peçonhento,
   Que mais valia estar cheio de nada!...

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Esta é a estória possível sobre uns podres furúnculos,
Á beirinha de um ataque de nervos prestes a rebentar,
Tamanha dor e tais intumescimentos dão que pensar,
E dão que pensar os amolecimentos dos homúnculos,
     Que, quer rebentem ou não, mais vale não os cheirar!...

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