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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Rio de Fogo

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Neste maldito inferno frígido de diabólico calor,
Vi com estes olhos que muito vinho têm bebido,
As chamas violaram as águas de um rio perdido,
Um grande fogo apagado, esse infernal estupor,
Atravessar rios a nado e deixar um sabor ardido,
     Incendiou frescas águas e levou consigo o amor!...

Quisera o rio encher-se com o sal das marinhas,
E ser atravessado pelas ardentes sereias ufanas,
Enchera-se de sol, de sal e areias muito fininhas,
Seriam os seus lábios beijados por doces rainhas,
Abriram-se ao fogo, as suas margens mundanas,
Mas, a nado veio o fogo do nada,
Levou o inferno à vaidade afogada,
Desse rio que foi ardendo num mar de chamas!...

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Há uma pequena enseada,
Há enseadas calmas e sozinhas,
Passam as doces águas calminhas,
O rio beija a quente areia enamorada,
     Acaricia-a com suas águas fresquinhas!...
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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Voar?!...


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Simples, simples…
Tão simples é o teu leve voar,
O sonho no cume de tua imensa leveza,
Miras-te no espelho de uma vasta beleza,
Ainda mais leve é o teu tão diáfano olhar,
E a luz que envolve tua força indefesa,
Débil até ao volátil segredo de pairar,
E o voo acontece nos braços do ar,
Saboreias o sonho da surpresa,
     Sonhas que o voo vai acabar!...

A realidade debruça-se sobre teu espanto,
Voam leves borboletas que te querem beijar,
Suas asas intermitentes brilham por encanto,
A luz e o brilho do pólen até ao mágico pranto,
A magia da felicidade, a leve magia de sonhar,
As flores suspensas e suas cores de encantar,
Leves como luz tecida na ilusão de um manto,
E, finalmente…
Um clarão potente,
A luz branca e subitânea,
E a falta de forças para acreditar,
Em ambas e na realidade simultânea,
     Realidade do sonho, realidade do despertar!...

Simples, simples…
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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Lírios do Desejo


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A textura de natural beleza,
Frescura no desejo implícito,
Eflúvio de uma florida leveza,
A tentação na carne indefesa,
A inocência do prazer solícito,
Os beijos em flor da natureza,
e…
A primavera do invite explícito,
Ao férvido olhar do desejo vivo,
O olhar, cumplicidade e indução,
A flor, o pólen proibido,
 O inocente motivo,
     E o tesão!...
As essências e o coração,
O “feeling” expressivo,
A denunciada expressão,
O aguardar exaustivo,
A calma submissão,
Aveludada rendição,
O cilício contemplativo...
Desvanece-se a Primavera,
    Esmorece a ilusão!...

Há um lírio que já não é o que era,
Nada resta do que poderia ter sido,
Á brancura da alma, lírios lhe dera,
Lírios brancos, a um lírio oferecido,
Lírio que andou sempre escondido,
    Nos verdes desejos de Primavera!...
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Tempo de Ler-te


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É tempo de ler os livros que nunca li,
É tempo de abrir-me e aprender contigo,
Não sei se é tempo de encontrar o tempo que perdi,
Não sei se vou a tempo de ver o tempo que nunca vi,
É tempo de abrir tuas folhas e folhear-te comigo,
É tempo de seres livro que lê o que digo,
Não sei se é tempo meu que de ti,
   É o tempo que eu persigo!...

Tuas folhas que eu nunca virei,
As folhas que em branco se escreveram,
São folhas brancas onde as palavras se esconderam,
Procuro em tuas páginas o que tanto de ti nada sei,
Não sabendo se dentro de ti, te encontrarei,
Entre as palavras que se perderam,
  Palavras com que não fiquei!...

Quero-te livro aberto à minha leitura,
Quero que sintas cada palavra que de ti leio,
Tuas palavras sejam minha pronúncia em teu seio,
E te cubram, tomando teu corpo com ternura,
E se, porventura,
O prazer em ler-te que tanto anseio,
Puser fim ao fim de minha procura,
O teu fim será o melhor meio,
De ser esta minha sã loucura,
    De voltar a ler-te sem receio!...
                                                                
É tempo de continuar a escrever,
Este mesmo livro que nós somos,
E não sei se haverá maior prazer,
De sermos o que sempre fomos,
     Livro irresistível à vontade de ler!...
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sonhar o Sol

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Com os meus sonhos por sonhar,
Nesse teu sorriso que não adivinhei,
Despertam as manhãs com que sonhei;
Fui adormecer sem sonhos no teu despertar,
Só queria metade dos nossos dias que eu te dei,
    Para nossas noites que me deste, poder eu te dar!...

Foram todas as nossas noites, dias até ao anoitecer,
Amanhecíamos em nós com o sorriso que amanhecia,
Talvez fosse a nossa felicidade vinda de nós, a acontecer,
Foram todos os nossos dias, dias de sol até ao amanhecer,
    Aquela nossa mais bela noite beijando nosso mais curto dia!...
     Como contar os dias, se eram noites felizes do que acontecia?!...
Apenas o calor dos nossos corpos e a luz em olhos de prazer,
    Como contar noites se na noite dos teus olhos, dias eu vivia!...

 Sonhos que dormem longe do Sol e tão perto da Lua,
E só o Sol ilumina os sonhos que se querem iluminar,
Caminha uma só sombra solitária à meia-noite na rua,
     Não há em seus olhos solitários qualquer eclipse solar!...
   
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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Círculo Pendular


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Vertiginosos vínculos pendulares,
Em baloiço de vaivém sem regresso,
São impróprios movimentos angulares,
Em redor de centros comuns que atraem,
Fixam-se à velocidade constante do processo,
E outros movimentos mais ou menos circulares,
Cercando fontes de ilusão em embalado progresso,
Sempre contínuos, indeterminados e sem retrocesso,
Cálculo aproximado do queimor das vertigem singulares,
Que por elas só, tontas de prazer, sobre elas mesmas caem,
Afastando-se do próprio corpo e do eixo à mesma velocidade;
Talvez seja um vínculo circular a circular por fora da verdade,
Cercando a verdade ou verdadeiro prazer no movimento,
Capaz de circunscrever a energia de cada momento,
Com o desperdício do limite em queda da vaidade,
Queda livre num vertiginoso espaço de tempo,
De onde os pensamentos mais loucos saem,
     Sem sair de suas espirais de pensamento!...

É costumeiro o voltar de costas,
E voltar a acreditar que elas se vão voltar,
Isócronas voltas que avançam para recuar,
Recuam escondidas à procura de respostas,
Encontram-nas no recuo que as faz avançar,
Por aí andam ao redor as voltas sobrepostas,
À volta de enlouquecidas ideias expostas,
    Presas a pêndulos de vontade circular!...


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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Respirar-te

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Respiro a respiração de tua pele ofegante,
Respiras carícias do ar que te sou,
Te entregas…
Abres-te sedutora em flor inebriante,
Firmas-me à vontade que te dou,
Não te negas,
No teu ofegar te esfregas,
Respiras dentro de ti, meu calor penetrante,
Respiro cada pétala tua que me tomou,
E cada beijo teu, que o ar me roubou,
Do êxtase ao fluido abundante,
    Que no ar do desejo ficou!...

Respiraremos sempre a fantasia,
Por cada palavra a que nos entreguemos,
No ar que respiramos, respiraremos alegria,
Cada pensamento respirará o desejo desse dia,
Será oxigénio puro de nossos desejos supremos,
   Lavrado no corpo com a Alma de nossa poesia!..



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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Esboço até ao Beijo

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Impassível boca tranquila,
Fechada por um subtil contorno,
Beijo apagado, nem quente nem morno,
Esconde-se debaixo do batom que cintila,
Desinteresse nem tépido nem frio da pupila,
     À vista de olhos tristes por causado transtorno!...

Há estrelas vivas a latejar sobre a língua latente,
Divagam entre o céu ansiado e o palato ansioso,
Curva-se uma suave linha ao desejo ardente,
Desabrocham úmidas bocas suavemente,
Florescem lábios num toque carinhoso,
      Cedem línguas ao beijo envolvente!...
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