segunda-feira, 6 de abril de 2015

Lírios do Desejo


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A textura de natural beleza,
Frescura no desejo implícito,
Eflúvio de uma florida leveza,
A tentação na carne indefesa,
A inocência do prazer solícito,
Os beijos em flor da natureza,
e…
A primavera do invite explícito,
Ao férvido olhar do desejo vivo,
O olhar, cumplicidade e indução,
A flor, o pólen proibido,
 O inocente motivo,
     E o tesão!...
As essências e o coração,
O “feeling” expressivo,
A denunciada expressão,
O aguardar exaustivo,
A calma submissão,
Aveludada rendição,
O cilício contemplativo...
Desvanece-se a Primavera,
    Esmorece a ilusão!...

Há um lírio que já não é o que era,
Nada resta do que poderia ter sido,
Á brancura da alma, lírios lhe dera,
Lírios brancos, a um lírio oferecido,
Lírio que andou sempre escondido,
    Nos verdes desejos de Primavera!...
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1 comentário:

  1. A Poesia oferece uma imagem, uma cena, ou um flash, um instante capturado e relatado pela pena do Artista, como uma paisagem cristalizada pela câmera de um fotógrafo. E os versos, na linguagem poética de A., invocam imagens de comunhão - natureza e corpo – na apreciação sensível daquilo que representa à estação que contempla o prazer.

    O toque aveludado no Poema “Lírios do Desejo” provoca diversas sensações imaginativas, e envolve diversos sentidos, entre eles, o “Eflúvio de uma florida leveza,”, como se a Poesia tomasse posse da pele, e de suas extremidades sensitivas. A dinâmica progressiva convida o leitor a interagir com a Poesia, pelo envolvimento, e o que antes era monólogo [“A flor, o pólen proibido,”], agora diálogo e entrega, substitui o silêncio pelo instinto [“A calma submissão, / aveludada rendição,”]. E tudo isto só porque o Poema é carícia e aroma. Ou declaração de Amor, ou Paixão, à Estação do Ano [“Desvanece-se a Primavera, / Esmorece a ilusão!...”].

    Na esfera da audição, o desfecho é sonoro [“Nos verdes desejos de Primavera!...”], à hipótese da conjugação entre ‘verdes’ e ‘desejos’ que se esclarece à medida que a realidade também é imaginação, ou fantasia, quando em consonância com a candura.

    Da liberdade criativa e sensitiva, a grande Poesia.

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