.
.
.
É tempo de ler os livros que nunca li,
É tempo de abrir-me e aprender contigo,
Não sei se é tempo de encontrar o tempo
que perdi,
Não sei se vou a tempo de ver o tempo que
nunca vi,
É tempo de abrir tuas folhas e folhear-te
comigo,
É tempo de seres livro que lê o que digo,
Não sei se é tempo meu que de ti,
É o tempo que eu persigo!...
Tuas folhas que eu nunca virei,
As folhas que em branco se escreveram,
São folhas brancas onde as palavras se
esconderam,
Procuro em tuas páginas o que tanto de ti
nada sei,
Não sabendo se dentro de ti, te
encontrarei,
Entre as palavras que se perderam,
Palavras com que não fiquei!...
Quero-te livro aberto à minha leitura,
Quero que sintas cada palavra que de ti
leio,
Tuas palavras sejam minha pronúncia em
teu seio,
E te cubram, tomando teu corpo com
ternura,
E se, porventura,
O prazer em ler-te que tanto anseio,
Puser fim ao fim de minha procura,
O teu fim será o melhor meio,
De ser esta minha sã loucura,
De
voltar a ler-te sem receio!...
É tempo de continuar a escrever,
Este mesmo livro que nós somos,
E não sei se haverá maior prazer,
De sermos o que sempre fomos,
Livro irresistível à vontade de ler!...
.
.
.