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Depois, com a nossa carne totalmente empenhada,
Obrigaram-nos a comprar sonhos que eram
nossos,
Nos gordos pesadelos, foi a nossa carne
desossada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
E depressa
damos por nós a roer os próprios ossos,
Com
o parvo espírito de nossa crença desdentada!...
E ainda com a nossa carne nos dentes,
Com facas arrancadas de nossas costas,
Cortam os nossos sonhos muito rentes,
Servem-nos mais promessas às postas,
Em pratos políticos sempre coerentes,
Às perguntas grátis vendem respostas,
E como saem caras as facadas expostas,
Infectadas por outras facadas recentes,
Perfídia sobre memórias decompostas,
Compostas
por propostas indecentes!...
Amanhã, com a memória das pessoas
esgotada,
Formatada que foi a humana razão porque
lutar,
Estranha a carne que sangrar por cada
chicotada,
Sem os entardeceres nem a brisa da
madrugada,
Sensações sem rosto, sem estímulo para
copular,
Sem sentir o abrir-se da carne à carne
sem aleijar,
Cicatrizaram feridas da humanidade
equivocada,
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
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É inevitável roermos os próprios ossos quando acreditamos em promessas de não doer nada...porque a dor reside no espírito de acreditar na promessa. ..
ResponderEliminarCom a realidade dos dramas sociais estampados na mídia, “Carne e Osso” é um Poema em direção ao movimento a temas mais históricos e, atendendo à demanda sensível sobre a necessidade moral do engajamento poético-partidário, concilia a fuga dos conflitos sociais e se consagra uma Poesia cuja trajetória é de empreendimento artístico.
ResponderEliminarA analogia entre a ilustração e a Poesia surpreende, não pela frieza estática do robô, mas pela pureza da maternidade que a imagem impõe. No processo comparativo, o sentimento prevalece sobre a razão, e a transferência se faz espontaneamente sem a intervenção de minha vontade, ou leitura, e consequentemente, a mais poética possível, uma vez que a realidade diversa, e caótica, se faz implícita à sua semelhança.
A ‘escravidão’ está presente pela ausência de liberdade. E esteja ela na esperança da humanidade, pelo futuro ou pelo passado, ainda que recente, ou nas pequenas e grandes mentiras às quais não combatemos na nossa vida em sociedade. A ‘memória’ escapa e o tempo de dor prevalece sobre o sangue ainda fresco do cordão umbilical. Talvez seja tarde demais. A vida terá passado, exceto o sofrimento. Eu mesma estarei morta, e a Vida será nada mais, nada menos, que um ato mecânico, e involuntário.
E outra vez d’Alma se fez Poeta para dar voz àqueles que não a têm, ou mães anônimas de sua terra, ou de qualquer terra, aos necessitados e injustiçados. Da busca ao encontro, o plural e o coletivo. A Poesia que transcende a intimidade de um sentimento e se faz Poema de um momento histórico, frente às denúncias de corrupção e estado de miséria absoluta. Tal habilidade de escrever o universal através de um gesto nada automatizado, e não pela inspiração, mas pela própria indignação: Construção!
Elevando a linguagem à prioridade essencial, emerge a Poesia: Por ser de dentro, e profunda, íntima, de ‘carne e osso’.
Bom domingo.