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Os mares que que correm no bacalhau
salgado,
Fazem correr rios que em minha boca
desaguam,
Do sabor do suor que por mares de uvas
foi pisado,
Emerge o sabor forte em rios de vinho
naufragado,
De tão salgados, já meus sequiosos rios
não suam,
Secam os nossos olhares que com os rios
amuam,
Não há bacalhau que seque neste mar acabado!...
Sacia-se o tempo,
Do tempo que não faz,
É o mar salgado mais sedento,
Quando a sede é um salgado tormento,
Que mais sede, cheia de sede, consigo
trás,
Sem água nem vinho, só o lamento,
Desta insaciável sede voraz,
Sede sem fundamento,
Só de sede capaz!...
Imaginam-se lençóis de água debaixo do
lençol,
As sereias aguardam em salgados oceanos,
Esperam ser pescadas por doces enganos
Um sujo copo vazio morde o anzol,
Alucina o vinho debaixo do sol,
Bebem do seu sal, os humanos!...
E continua o copo vazio,
Onde não há meio de chover,
O sal no bacalhau não para de crescer,
Enchem-se de sal os caudais secos do rio,
Cresce na boca água em pó com sabor a
fastio,
Por afogamento, talvez a sede possa
morrer,
De sede não vá morrer a sede, por um fio,
Fio d'água onde volte o vinho a correr!...
De sede não vá morrer a sede, por um fio,
Fio d'água onde volte o vinho a correr!...
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