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Depois, com a nossa carne totalmente empenhada,
Obrigaram-nos a comprar sonhos que eram
nossos,
Nos gordos pesadelos, foi a nossa carne
desossada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
E depressa
damos por nós a roer os próprios ossos,
Com
o parvo espírito de nossa crença desdentada!...
E ainda com a nossa carne nos dentes,
Com facas arrancadas de nossas costas,
Cortam os nossos sonhos muito rentes,
Servem-nos mais promessas às postas,
Em pratos políticos sempre coerentes,
Às perguntas grátis vendem respostas,
E como saem caras as facadas expostas,
Infectadas por outras facadas recentes,
Perfídia sobre memórias decompostas,
Compostas
por propostas indecentes!...
Amanhã, com a memória das pessoas
esgotada,
Formatada que foi a humana razão porque
lutar,
Estranha a carne que sangrar por cada
chicotada,
Sem os entardeceres nem a brisa da
madrugada,
Sensações sem rosto, sem estímulo para
copular,
Sem sentir o abrir-se da carne à carne
sem aleijar,
Cicatrizaram feridas da humanidade
equivocada,
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...
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