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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Carne e Osso


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Depois, com a nossa carne totalmente empenhada,
Obrigaram-nos a comprar sonhos que eram nossos,
Nos gordos pesadelos, foi a nossa carne desossada,
 Ossatura sustida com promessas de não doer nada,
 E depressa damos por nós a roer os próprios ossos,
   Com o parvo espírito de nossa crença desdentada!...

E ainda com a nossa carne nos dentes,
Com facas arrancadas de nossas costas,
Cortam os nossos sonhos muito rentes,
Servem-nos mais promessas às postas,
Em pratos políticos sempre coerentes,
Às perguntas grátis vendem respostas,
E como saem caras as facadas expostas,
Infectadas por outras facadas recentes,
Perfídia sobre memórias decompostas,
   Compostas por propostas indecentes!...

Amanhã, com a memória das pessoas esgotada,
Formatada que foi a humana razão porque lutar,
Estranha a carne que sangrar por cada chicotada,
Sem os entardeceres nem a brisa da madrugada,
Sensações sem rosto, sem estímulo para copular,
Sem sentir o abrir-se da carne à carne sem aleijar,
Cicatrizaram feridas da humanidade equivocada,
     Cicatrizes sem memória do velho desejo de Amar!...

   
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